Postado por - Newton Duarte

Honduras 'dá mole' e Benzema arrasa: Raio-X e Melhores Momentos

Em tarde de Benzema, França bate Honduras com facilidade na estreia

Dominadora durante quase toda a partida, a seleção francesa começou a Copa do Mundo com o pé direito. Com dois gols de Benzema e um do goleiro Valladares contra, o time de Didier Deschamps fez 3 a 0 em Honduras no Beira-Rio, em Porto Alegre. As curiosidades da tarde ficaram por conta da não execução dos hinos, devido a problemas no sistema de som do estádio, e do uso da tecnologia da linha de gol para confirmar o segundo gol francês.

Honduras começou o jogo animada com o apoio do público no Beira-Rio, mas a empolgação não durou nem dez minutos. Logo a França se “adonou” do meio-campo e passou a criar oportunidades, chegando ao gol no fim do primeiro tempo. No começo da etapa final, o polêmico gol contra de Valladares aumentou a vantagem francesa, a qual foi aumentada mais tarde por Benzema, o grande nome da tarde em Porto Alegre.

A França volta a vencer em Copas após cinco jogos – desde a semifinal de 2006 a equipe não ganhava um jogo em Mundiais, enquanto Honduras segue sem vencer uma partida de Copa do Mundo, em sete disputadas. As duas seleções voltam a campo na próxima sexta-feira. Os hondurenhos enfrentarão o Equador em Curitiba, em um duelo dos dois lanternas do Grupo E, enquanto a França joga contra a Suíça, na Fonte Nova, em Salvador, no confronto de líderes da chave.

Escalações iniciais de França e Honduras

Benzema marcou duas vezes e ainda fez o chute no lance do gol contra do goleiro adversário

O jogo – A curiosidade antes da partida ficou por conta da não execução dos hinos dos dois países, devido a uma pane no sistema de som do Beira-Rio. Sem a possibilidade de homenagear Fernandão com um minuto de silêncio, os torcedores do Internacional, maioria no estádio, gritaram o nome do ídolo, morto em um acidente de helicóptero no último dia 6.

Animada com o apoio do público gaúcho, a seleção hondurenha começou o jogo tomando a iniciativa. A França levou cerca de 10 minutos até começar a se impor na partida. Ainda assim, a equipe de Didier Deschamps concluía pouco. A primeira foi uma cabeçada ruim de Benzema, aos 10. De resto, apenas levantamentos interceptados pelo goleiro Valladares.

Aos 14, a primeira grande chance francesa: após levantamento de Debuchy em falta ao lado da área, Matuidi apanhou o rebote e obrigou Valladares a uma grande defesa – a bola ainda bateu no travessão. Aos 22, Cabaye bateu torto após boa jogada de Valbuena pela esquerda. No minuto seguinte, Evra levantou com perfeição e Griezmann cabeceou no travessão. Aos 24, Valbuena recebeu lançamento espetacular de Griezmann e cruzou para Benzema, que cabeceou por cima, com grande perigo.

Aos 30, Pogba e Wilson Palacios se estranharam e levaram cartão amarelo. A paralisação de um minuto após a dura dividida tirou um pouco do ritmo da França, que só voltou a cara aos 37, quando Matuidi recebeu belo passe na área hondurenha, mas foi travado na hora do arremate. Aos 40, Benzema recebeu lançamento de Pogba quase na pequena área, mas Najar salvou.

Aos 44, a casa hondurenha começou a cair. Pogba recebeu lançamento na área e foi derrubado por Wilson Palacios. Pênalti, e expulsão para o volante de Honduras, que já tinha amarelo. Benzema tirou o goleiro da foto e abriu o placar para os franceses. Nos acréscimos, os franceses quase ampliaram: Valbuena cobrou falta lateral direto para o gol e Valladares espalmou.

A França dominou a partida para confirmar o favoritismo no estádio Beira-Rio

Logo no início do segundo tempo, a França ampliou. Aos dois minutos, Cabaye cruzou e Benzema chutou de primeira. A bola bateu na trave, no goleiro Valladares e entrou, sem tocar as redes. A tecnologia de linha do gol mostrou que num primeiro momento a bola não havia cruzado a linha, mas na sequência do lance sim, gerando uma polêmica após o lance ser repetido no telão do Beira-Rio. No fim, revendo o vídeo, o árbitro Sandro Meira Ricci confirmou o gol de forma correta, anotando gol contra de Valladares.

Batido em campo, o time hondurenho seguiu sendo pressionado. Aos 8, Benzema recebeu livre na área e chutou para grande defesa de Valladares. Dois minutos mais tarde, após rápida combinação, Valbuena bateu para fora com perigo ao tentar o ângulo do goleiro. Aos 19, Evra subiu pela esquerda e cruzou para a conclusão de Sissoko, na rede pelo lado de fora.

Honduras só assustou aos 22, em chute fraco de García dentro da área, defendido por Lloris. A tarde foi negativa para a seleção hondurenha que a bandeira do país sofreu um problema no seu hasteamento e acabou retirada pela FIFA durante o segundo tempo. Aos 27, o terceiro gol francês: após escanteio, Debuchy chutou cruzado, a bola bateu na zaga e sobrou para Benzema estufar as redes. Com a larga vantagem francesa, o jogo caiu de ritmo nos minutos finais.


França 3 x 0 Honduras

Copa do Mundo – Grupo E


Local: Estádio Beira Rio, em Porto Alegre (RS)

Data: 15 de junho de 2014, domingo

Horário: 16 horas (de Brasília)

Árbitro: Sandro Meira Ricci (BRA)

Assistentes: Emerson de Carvalho (BRA) e Marcelo Van Gasse (BRA)

Cartões Amarelos: França: Evra, Pogba, Cabaye;  Honduras: Garrido, Palacios e García

Cartão Vermelho: Palacios (Honduras)

Gols: França: Benzema (p) 43’ 1ºT, 27’ 2ºT; Valladares (c) 2’ 2ºT

França

França: Lloris; Debuchy, Varane, Sakho e Evra; Cabaye (Mavuba), Matuidi e Pogba (Sissoko); Valbuena, Griezmann e Benzema (Giroud)

Técnico: Didier Deschamps

Honduras escudo

Honduras: Valladares, Beckeles, Figueroa, Bernárdez (Chavez) e Izaguirre; Andy Naja (Claros), Garrido, Wilson Palacios e Espinoza; Costly e Bengston (García)

Técnico: Luis Fernando Suárez

O CARA

Benzema foi a estrela do jogo contra Honduras (AP Photo/Jon Super)

Benzema sem dúvida foi o grande nome da França no jogo. A atuação decisiva é o que a França espera do seu camisa 10, que é o centroavante do time e um atacante com muitas qualidades técnicas. Em sua estreia nas Copas do Mundo (sim, ele foi deixado de lado em 2010 pelo técnico Raymond Domenech), marcou dois gols, que poderiam facilmente ser três se a arbitragem desse o segundo gol para ele. Foram sete chutes a gol do atacante, de longe o que mais chutou na partida. Foi perigoso e participativo. É verdade que a defesa de Honduras não parece ser um teste de verdade, mas então a França fez o papel que precisava.

A TÁTICA

Escalações iniciais de França e Honduras

Escalações iniciais de França e Honduras

O esquema com três atacantes da França foi bem usado. Valbuena e, principalmente, Griezmann foram bem no jogo, dando opções de ataque e causando perigo à defesa adversária em jogadas pelos lados do campo. Benzema, centralizado, se aproveitou das boas jogadas criadas pelo time assim. Honduras tentou se fechar com as famosas duas linhas de quatro, mas foi mal nisso. Não conseguiu fechar os espaços nos lados, a grande vantagem desse sistema tático, e viu a França construir boa parte do seu jogo ali.

A ESTATÍSTICA

21

Número de chutes a gol da França na partida. Uma pequena amostra do domínio francês no jogo. Os franceses pressionaram muito e poderiam até ter feito mais gols.

Jogador por jogador, as avaliações de França 3×0 Honduras

França

Lloris – 6

Nem precisaria ter entrado em campo, foi pouquíssimo acionado. Então, fica na média, pois nem teve oportunidade de fazer algo.

Debuchy – 7

Não teve problemas defensivos, e ainda apareceu bem no apoio.

Varane – 6,5

Atuação segura, mas também deve ser considerado que foi pouco exigido.

Sakho – 6,5

Situação similar à de Varane. Jogo bom, mas bastante tranquilo.

Evra – 7

Mais um que passeou. Jogou fácil na defesa e pôde avançar quando precisou.

Cabaye – 8

Era o melhor em campo quando saiu. Marcou forte, deu consistência ao meio campo francês e ajudou a criar a pressão do primeiro tempo e começo do segundo.

(Mavuba) – 6,5

Atuação boa, mas ele entrou quando o jogo estava praticamente resolvido e nem precisou se esforçar demais.

Pogba – 7

Era um dos principais jogadores da França quando saiu, no começo do segundo tempo, mas correu um risco desnecessário de expulsão quando tentou revidar uma falta de Palacios.

(Sissoko) – 6,5

Atuação discreta, também devido ao fato de que o segundo tempo se tornou um passeio da França.

Matuidi – 7

Jogador fundamental para distribuir o jogo, mas não foi tão protagonista quanto outros da França nesta tarde.

Valbuena – 7,5

O motor do meio-campo da França, foi dinâmico na movimentação, criando espaço para abrir a defesa hondurenha.

(Giroud) – sem nota

Ficou pouco tempo em campo.

Benzema – 8,5

Decisivo, marcando 2,5 dos três gols. Mas não merece a nota alta apenas por esses lances. Apresentou-se ao jogo, participou da articulação e tentou servir companheiros.

Griezmann – 6,5

Acabou beneficiado do bom jogo que todo o time francês fez contra a fraca Honduras, mas foi menos decisivo do que Valbuena.

Honduras

Valladares – 5,5

Atuação de altos e baixos. Fez duas grandes defesas, mas cometeu várias falhas em bolas aéreas.

Beckeles – 5

O duelo com Griezmann não foi tão desigual. Conseguiu fechar um pouco o lado e foi o melhor da defesa hondurenha.

Bernárdez – 4,5

Sofreu demais com o ataque francês. Ficou sobrecarregado e acabou substituído.

(Chávez) – 5

Não melhorou muito em relação a Bernárdez.

Figueroa – 3,5

Provavelmente a pior atuação de um jogador com esse sobrenome no Beira-Rio. Perdido na marcação, como boa parte da defesa hondurenha.

Izaguirre – 5,5

O melhor do setor defensivo de Honduras. Conseguiu dar um pouco de saída de bola pela esquerda.

Garrido – 5,5

Jogador mais sólido do meio-campo de Honduras, sobretudo por conseguir desarmar mais do que bater.

Palacios – 3

Não merecia o segundo amarelo que lhe rendeu o vermelho, mas podia ter sido expulso antes, por pisar em Pogba. Mesmo jogando apenas 43 minutos, foi o jogador mais faltoso em campo.

Najar – 5

Não conseguiu carregar a bola para frente, e evitar mais pressão da França.

(Claros) – 4,5

Foi ainda pior que Najar. Honduras desapareceu no segundo tempo.

Espinoza – 4,5

É um jogador importante por marcar com determinação e ter velocidade para criar jogadas pela esquerda, mas foi ineficiente nas duas funções.

Costly – 4

Muito sumido em campo, poderia ter tentavo voltar mais para buscar o jogo em alguns momentos.

Bengtson – 4,5

Isolado na frente, não viu a bola. Tem como desconto o fato de que o meio-campo não ajudou a alimentá-lo.

(García) – 4,5

Entrou no lugar de Bengtson e o cenário foi o mesmo. Figura nula em campo pelo isolamento em que viveu.

Árbitro

Sandro Meira Ricci – 6,5

Jogo difícil, mas tomou decisões acertadas no geral. O pênalti foi corretamente marcado, e o gol também (ele havia dado o gol antes da confirmação pelo replay). Mas poderia ter sido mais firme quando Pogba e Palacios se engalfinharam.


Vicente Fonseca/GENET - Felipe Lobo e Ubiratan Leal/Trivela (adaptado)

Fotos: Edu Andrade/Gazeta Press