Cartolão inglês que ajudou a derrubar Blatter quer criação de nova Liga de Clubes no Brasil
David Gill, ex-vice da Fifa e um dos homens mais poderosos do futebol britânico - Charles McQuillan/Getty Images
A criação de uma Liga de Clubes no Brasil tem ganhado destaque em 2015. E, aos poucos, os times locais vão ganhando cada vez mais apoio. Um dos que são favoráveis à criação de um novo sistema de competição no país pentacampeão do mundo é o cartola britânico David Gill, que no último final de semana rompeu com a Fifa. O inglês havia sido eleito há dois meses para um mandato de quatro anos como vice-presidente da entidade, mas abdicou da posição depois do pleito.
David Gill, de 57 anos, é ex-CEO do Manchester United e atual vice-presidente da The Football Association, a federação de futebol da Inglaterra. Ele ficou extremamente insatisfeito com a reeleição de Joseph Blatter ao cargo máximo da Fifa, tanto que decidiu abrir mão de seu cargo no Comitê Executivo da entidade, em anúncio no sábado - na terça, após a renúncia de Blatter, disse que estava pronto para voltar. A pressão do cartola junto a outros nomes fortes do futebol, como Michel Platini, aliada às investigações do FBI, causaram a renúncia do suíço nesta terça.
Pois este britânico que "ajudou" a derrubar Blatter é o cartola que apoia a Liga Brasileira.
"Esse cara (David Gill) demonstrou apoio total à criação de uma Liga no Brasil. Foi uma pessoa participativa no evento em Madri (encontro ocorrido entre dirigentes de todo o mundo que aconteceu no mês passado) e ainda me pareceu um sujeito bem ético e transparente, a ponto de ele romper com a Fifa como fez nos últimos dias", disse José Carlos Peres, CEO do G-4 paulista, em conversa com o ESPN. O brasileiro discursou no evento em Madri.
"Você percebe quando você está falando que ele presta atenção, que tem interesse, tanto que depois que eu discursei ele veio falar comigo, ele, também o Javier Tebas, da Espanha, e foi muito incisivo no ponto de ser favorável em uma limpeza na Fifa, de fazer uma limpeza na CBF, uma reengenharia do futebol, é isso que eles aprovam, uma reengenharia no futebol. Querem uma reengenharia no futebol brasileiro e no mundo todo", continuou Peres.
O apoio de alguns dos principais dirigentes do mundo à criação de uma Liga Nacional de Clubes foi divulgado pelo ESPN em maio. Os cartolas debateram sobre o tema em seminário internacional realizado no mês passado na capital espanhola, com participação do CEO do Flamengo, Fred Luz, de Mário Celso Petraglia, presidente do Atlético-PR, e do próprio José Carlos Peres, CEO do G-4 Paulista.
"Uma das coisas que eu falei no meu discurso é que seria importante para que haja uma divisão mais justa das cotas de TV, e o David Gill e todos os demais concordaram, existe esse problema na Espanha que estão resolvendo agora com relaçao às cotas de TV. A grande mudança é que vai ser feita em bloco, é a liga que vai negociar, vai melhorar para os clubes", acrescentou Peres. O todo-poderoso do futebol espanhol Javier Tebas foi outro que apoiou.
No sábado, David Gill disse à imprensa britânica que abria mão de seu cargo no comitê executivo da Fifa depois da reeleição de Blatter. "Não é apropriado para mim ser um membro do comitê executivo da Fifa sob a atual liderança. Minha reputação profissional é importante para mim e eu simplesmente não sei como haverá uma mudança para o bem do mundo do futebol enquanto o senhor Blatter permanecer no cargo", definiu o cartola. A pressão, dele e de outros, adiantou: o suíço renunciou nesta terça-feira.
A empreitada para o nascimento de uma Liga independente no Brasil ganhou força em 2015. Grandes times do Paraná, Rio de Janeiro e Minas Gerais colocaram o assunto em pauta nos últimos meses. Por enquanto, os times que apoiaram publicamente a iniciativa foram Flamengo, Fluminense, Coritiba, Atlético-PR, Paraná e Cruzeiro. Após a corrupção na Fifa, o projeto deve ganhar mais força, conforme revelou o ESPN.
Antes da criação de uma Liga Brasileira de Futebol, existem conversas para a fundação de uma Associação Brasileira de Clubes. A ideia seria dar mais poder aos times nacionais, que passariam a cuidar mais de seus assuntos próprios e deixariam a CBF concentrada na Seleção. O projeto foi apresentado no seminário em Madri e recebeu o apoio de representantes de clubes como Porto, Benfica, Atlético de Madrid, Sevilla, PSV e Barcelona.