Postado por - Newton Duarte

'Inimigos Íntimos': Sérgio Soares e Ceará se reencontram na final da Copa do Nordeste

Lados opostos: Sérgio Soares e Ceará se reencontram na final do Nordestão

Treinador do Bahia relembra passagem pelo Vovô e fala sobre amizade com Silas. Do lado cearense, técnico e jogadores são só elogios ao atual treinador tricolor

Castelão. Nove de abril de 2014. No comando do Ceará pela segunda temporada, Sérgio Soares se posicionava à beira do gramado diante de mais de 60 mil torcedores para lutar pelo título da Copa do Nordeste. Em uma Arena lotada, era sobre seus ombros que se depositava a esperança de milhares de torcedores, ávidos por uma reviravolta que desse ao Vovô a vantagem perdida no jogo anterior, vencido por 2 a 0 pelo Sport.   

Cerca de um ano depois, ele revive a expectativa da decisão. E sente novamente nos ombros o peso da esperança de uma massa da qual sequer conhece os rostos. Nesta quarta-feira, diante de uma Arena lotada, Sérgio Soares vai prender a respiração em diversos momentos, bradar e exigir de seus comandados o melhor cumprimento às suas ordens. Desta vez, no entanto, o Ceará vai estar do outro lado: de comandado a adversário. No peito, o escudo que carrega agora tem o vermelho, azul e branco do Bahia. Nas arquibancadas, o verde-água de uma Fonte Nova com lotação máxima.  

Hoje no Bahia, Sérgio Soares reencontra ex-clube nesta quarta-feira (Foto: Felipe Oliveira / Divulgação / EC Bahia)

Do ex-clube, contudo, não ficou apenas um nome no currículo. Da equipe que ele levou à final do Nodestão e ao título cearense de 2014, Soares guarda memórias e informações, que lhe podem ser úteis nos dois jogos que vêm por aí. Hoje no Tricolor baiano, ele admite que tem na prancheta as características do Ceará e, apesar de destacar que isso não garante nada, não esconde que qualquer informação pode ser trunfo em partidas decisivas.  

- Características a gente conhece todos. Evidente que o Ceará mudou a forma de jogar. Hoje joga num 4-3-2-1, com o Magno mais adiantado. Mas a características a gente conhece bem e pode tirar proveito, mas isso não é garantia de nada – afirma o treinador.

REENCONTRO PARA ALÉM DO CAMPO

Sérgio Soares verá, do lado adversário, rostos familiares. Além de jogadores com quem trabalhou quando esteve no Vozão, o técnico Silas, atual comandante da equipe cearense, lhe traz boas recordações. Em entrevista ao GloboEsporte.com, Soares relembra a relação de amizade que construiu com o técnico rival desta quarta-feira, desde os tempos em que ambos eram atletas.

- Eu e o Silas nos conhecemos desde jovens, ele começou no São Paulo e eu na Juventus. A gente sempre se enfrentava no início da carreira. Depois ele se tornou auxiliar do Zetti e eu, treinador. Depois ele virou treinador também, e a gente trocava sempre ideia. A relação estreitou há uns dois, três anos, quando ele foi treinar o América-MG. A gente conversava bastante sobre o futebol brasileiro, por sermos jovens e querermos mudar o conceito, de futebol mais rápido. O Silas é um treinador que também trabalha com essas características de velocidade, ocupação de espaço. É um estudioso. E a gente vai ter um jogo que vai ser decidido nos detalhes. Eu conheço os atletas do Ceará por características, e aí cada um vai usar as suas armas para fazer o melhor e definir nos detalhes - conta.  

"Eu e o Silas nos conhecemos desde jovens", conta Sérgio Soares (Foto: Tom Alexandrino)

Silas, por sua vez, comemora a boa fase pela qual passa o amigo. No comando do Bahia, Soares está invicto há 16 jogos, com uma média de dois gols por partida. Sempre de olho na base, ele já lançou, neste ano, nove atletas formados no Fazendão.   

- Um cara sensacional, que está merecendo tudo o que está ocorrendo com ele. É amado aqui pela nação do Ceará pelo trabalho que fez. Então, o Sérgio é um grande profissional e ser humano – elogia o treinador do Ceará.  

Ricardinho, que trabalhou com Soares na temporada passada, segue a mesma linha. Ele revela que ainda mantém contato com o técnico, a quem atribui responsabilidade por sua evolução.  

- É um treinador, um amigo. Convivemos por quase dois anos e sempre estamos conversando. Mantemos contato. É especial enfrentar toda a comissão técnica. Particularmente, evoluí muito desde quando [ele] chegou aqui. Me tornei outro jogador – avalia Ricardinho.

UMA VEZ MAIS, CASTELÃO

Pelo segundo ano seguido, Castelão vai receber final da Copa do Nordeste (Foto: Divulgação)

Além dos reencontros desta quarta-feira, a partida de volta guarda novas emoções. Mais uma vez, será no Castelão a decisão da Copa do Nordeste. Mais uma vez, Sérgio Soares vai se posicionar à beira daquele gramado, diante de milhares de torcedores ansiosos.

Para ele, estar novamente na Arena de Fortaleza é motivo de satisfação. O treinador relembra a época em que mandava partidas no estádio e analisa que será necessário trabalhar o emocional dos atletas do Bahia para lidar com a decisão fora de casa.

- Vai ser uma satisfação. Eu passei treze meses lá. Vai ser uma satisfação e numa final de campeonato, em que vai ser decidida realmente na segunda partida a conquista. Então vai ser prazeroso, porém eu do outro lado. Vamos trabalhar emocionalmente para que nós, Bahia, conquistemos esse título – finaliza.  

Em entrevista recente, Sérgio Soares garantiu que o coração está saudável para aguentar as angústias vividas em campo. Nesta quarta-feira, o treinador colocará, mais uma vez, o corpo à prova para administrar a tensão do jogo e as boas memórias que virão à tona. Num esquema "amigos, amigos; negócios à parte", Bahia e Ceará devem render boas emoções - não só para quem estiver na arquibancada.

As equipes se enfrentam às 22h desta quarta-feira, na Arena Fonte Nova. O jogo de volta será no dia 29, no mesmo horário, no Castelão.