Postado por - Heitor Montes

Jorginho fala em continuar trabalho de Guto Ferreira: Não seria inteligente mudar

Bahia agiu rápido e, dois dias depois do anúncio da saída de Guto Ferreira para o Internacional, confirmou o acerto com Jorginho para comandar o time até o final da temporada. A apresentação do treinador aconteceu na tarde desta quinta-feira, no Fazendão.

Ao lado do presidente do Bahia, Marcelo Sant’Ana, e do diretor de futebol, Diego Cerri, Jorginho mostrou empolgação com o novo clube e afirmou que planeja manter o trabalho que vinha sendo implementado por Guto Ferreira.

- O objetivo maior é dar continuidade ao trabalho que está sendo feito. Não seria inteligente da minha parte mudar alguma coisa. Os resultados foram bons, apesar das duas últimas derrotas. Acompanhei o jogo contra o Vasco. O Vasco foi melhor, mas o Bahia poderia ter virado. No jogo contra o Botafogo o Bahia teve as oportunidades. É importante conquistar pontos fora de casa para que a gente possa pensar em uma grande classificação. O objetivo é manter. Agora mesmo pedi ao Preto Casagrande para desenvolver o trabalho e eu estar observando. Alguns jogadores vão ser poupados, outros estão no departamento médico. Tenho minha forma de trabalhar e não tenha dúvida que ela vai aparecer. É uma equipe competitiva, veloz, jovem, mas eu estou com o pensamento muito positivo em relação a isso. Essa equipe pode ser uma surpresa para isso – disse o novo técnico do Bahia.

Jorginho estava sem trabalhar desde o fim da última temporada, quando deixou o Vasco. O treinador afirmou que chegou a receber três propostas de outras equipes, mas preferiu abraçar o projeto do Bahia.

- Surgiram algumas possibilidades sim. Tive três propostas de equipe de primeira divisão antes do Bahia. Conversando com minha comissão técnica decidimos que não era o projeto que queríamos, nem o momento. A gente estava observando tudo que estava acontecendo nos campeonatos regionais e esperando um momento como esse. É uma escolha maravilhosa que fiz. Tenho certeza que vou ser feliz aqui. Poderia em março ter assumido um trabalho. É uma realidade [a insegurança na profissão de treinador]. Queremos mudar essa realidade. Que tenha um respeito maior com um treinador caindo. Para que haja um respeito maior em relação a isso. É uma das grandes conquistas que a gente está tendo agora. O Bahia é uma realidade disso. O Guto saiu daqui porque houve uma outra situação. Já tem uma responsabilidade muito grande. A gente jogou contra, trabalhou contra, ele no Bahia e eu no Vasco. Tenho certeza que esse era o momento.

O presidente do Bahia destacou a carreira vitoriosa de Jorginho. Como auxiliar de Dunga na seleção brasileira, Jorginho foi campeão da Copa das Confederações e da Copa América. À frente do Kashima Antlers, do Japão, em 2012, ele ganhou a Copa Nabisco e a Copa Suruga. Em 2013, ele comandou a Ponte Preta e conseguiu avançar até a final da Copa Sul-Americana. Em 2016, ele conquistou o Campeonato Carioca de forma invicta com o Vasco, além do acesso à Série A.

Jorginho falou em dar continudiade ao trabalho de Guto (Foto: Felipe Oliveira / Divulgação / E.C. Bahia) Jorginho falou em dar continudiade ao trabalho de Guto (Foto: Felipe Oliveira / Divulgação / E.C. Bahia)

- Estamos apresentando formalmente o nosso novo técnico, Jorginho, que substitui Guto Ferreira, a quem desejamos sorte no Internacional. Estamos muito satisfeitos com nossa escolha para dar continuidade ao trabalho. Foi um atleta muito vencedor em clubes e na seleção brasileira. Começou como auxiliar na seleção brasileira, já assumiu vários clubes. A gente entende que está maduro suficiente para conduzir o Bahia em um bom Campeonato Brasileiro. Que o Bahia seja uma oportunidade grande na sua carreira para você mostrar todo o seu conhecimento. Que a gente consiga mostrar essa sinergia – disse Marcelo Sant’Ana.

Jorginho vai observar o treino desta quinta-feira e já estará à frente do grupo na partida da próxima segunda-feira, contra o Atlético-GO, na Arena Fonte Nova.

Confira outros trechos da entrevista coletiva de Jorginho:

Animação com novo trabalho
- Eu quero dizer que estou muito feliz de estar aqui. É a primeira equipe do Norte e Nordeste que estrou treinando. Me sinto muito seguro dessa escolha. Conversamos, e cheguei a esse acordo porque tenho certeza que vim para um clube com tradição maravilhosa, com torcida apaixonante. Tive o privilégio de jogar contra a equipe de 88 [campeã brasileira], liderada por Bobô. Me sinto muito feliz por esse momento. Decidi trabalhar em um grande clube. A seriedade que a diretoria tem encarado o trabalho... [Marcelo Sant’Ana] É o mais jovem presidente da Série A, mas com muita competência falada por profissionais. Estou muito feliz por esse momento, muito motivado em fazer história aqui. Quando cheguei, seu Aderbal [funcionário do Bahia], 80 anos de idade, disse que gostou da mala, que é grande. Isso é muito bom. Não vim com duas malas porque vou ficar no hotel primeiro. A minha esposa, com certeza, vai trazer mais coisas. Não estou de passagem. Vim para marcar história. Sei como é difícil o Campeonato Brasileiro. Sabemos o quanto é difícil, temos grandes adversários. Objetivo traçado é ter uma melhor colocação que a do Bahia em 2013, quando foi 12º colocado. A medida que a gente for alcançando nossos triunfos, vamos pensando em algo maior. Sou uma pessoa de muito diálogo. Às vezes as coisas ficam fechadas, mas sei como o trabalho de vocês é importante. Que a gente tenha um relacionamento de muito respeito. É isso que desejo e, principalmente, que o Bahia seja grande e que neste ano a gente tenha grandes conquistas, grandes triunfos. Entro de corpo, alma e coração.

Responsabilidade
- Responsabilidade é muito grande. O Bahia é um time de massa. Já treinei time de massa, já joguei, tirando o América-RJ. É uma responsabilidade muito grande. Por outro lado, fico feliz com a responsabilidade. Gosto de desafios. Venho de família pobre, perdi pai muito cedo. Fui trazido a uma responsabilidade muito cedo. Com 11 anos trabalhava, varria o meu prédio. Tinha que acordar cedo. Sempre fui pautado em cima de desafios e fico feliz por essa aceitação, por trabalho que venho desempenhando. Já fiz bons trabalhos, já fui campeão da Copa das Confederações, Copa América. O Preto Casagrande vai ser abraçado. Um dia ele vai ser o treinador do Bahia. Se depender de mim, tomara que um dia isso aconteça. “Bora Bahêa” mesmo. Estou feliz, motivado e, com certeza, a gente vai realizar um grande trabalho. A gente está entrando em um trabalho bem feito.

Preferência tática
- Tudo depende do material que nós temos na mão. Claro que tenho as minhas preferências. Gosto do 4-2-3-1, 4-1-4-1, o 4-2-4. Muitas vezes essa equipe joga no 4-2-4. Gosto muito de marcação alta, mas nem sempre é possível. Costumo dizer que temos de cinco a sete segundos para fazer essa marcação. Se não conseguir, tem que voltar correndo. Temos que treinar. Uma coisa de repetição para fazer com que esse time jogue por música.

Primeiro dia de trabalho
- Hoje vou estar observando mais. Conversei com Preto, e ele vai estar liderando o trabalho. Tivemos conversa com atletas. Vamos ter conversa com toda comissão técnica. A coisa foi meio corrida. E quanto a estreia, não tenha dúvida que nós temos dois jogos em casa, que são fundamentais para os nossos objetivos. Temos que planejar virada de turno com gordura. Vamos pegar uma equipe, não se enganem, apesar de mudanças, é campeã da Segunda Divisão, tem um treinador que foi meu auxiliar, me conhece muito bem. É uma equipe que tem muito potencial. É jogo difícil porque tendo mais uma derrota a gente sabe como é a pressão. A gente tem que entrar completamente concentrado.

Fonte: Globo Esporte