"Camisa do Bahia com fitinha do Senhor do Bonfim tem a cara do torcedor: penitente e pedindo ajuda a Deus"
Em seu mais recente artigo para o Metro1, o jornalista Jolivaldo Freitas relaciona, com o bom humor de sempre, a situação do Esporte Clube Bahia na Série A do Campeonato Brasileiro e a escolha do seu novo uniforme, em que as faixas azul e vermelha são estilizadas como a fitinha do Senhor do Bonfim.
"Lembra aquela camisa que o Esporte Clube Bahia, ex-Esquadrão de Aço, jogou recentemente com o Flamengo? Pois ela está de volta. Ressurge num momento bastante emblemático e acho que - apesar do desespero da torcida, do time de segundona e olha que prima ir para a Terceira Divisão como porcaria que está, e do péssimo momento - seu lançamento como caça-níquel é acertado pelo pessoal do Marketing.
A camisa que tem a imagem da fitinha do Senhor do Bonfim, as conhecidas Medidas do Bonfim, tem a cara do torcedor do Bahia: aquele que nos últimos campeonatos e há bastante tempo, está sempre à beira de nervos, na loucura, no desespero e resignado, penitente, pedindo ajuda a Deus, Oxalá e quem mais que venha e sempre de joelhos aos pés do Senhor do Bonfim."
Confira o artigo completo de Jolivaldo Freitas sobre a nova camisa do Bahia:
Bahia: o marketing do desespero e da fé
Lembra aquela camisa que o Esporte Clube Bahia, ex-Esquadrão de Aço, jogou recentemente com o Flamengo? Pois ela está de volta. Ressurge num momento bastante emblemático e acho que - apesar do desespero da torcida, do time de segundona e olha que prima ir para a Terceira Divisão como porcaria que está, e do péssimo momento - seu lançamento como caça-níquel é acertado pelo pessoal do Marketing.
A camisa que tem a imagem da fitinha do Senhor do Bonfim, as conhecidas Medidas do Bonfim, tem a cara do torcedor do Bahia: aquele que nos últimos campeonatos e há bastante tempo, está sempre à beira de nervos, na loucura, no desespero e resignado, penitente, pedindo ajuda a Deus, Oxalá e quem mais que venha e sempre de joelhos aos pés do Senhor do Bonfim.
A camisa foi feita, justinha, para que o torcedor possa vestir e subir a Ladeira do Bonfim lascando os joelhos e o tecido apropriado para enxugar lágrimas, chorando pitangas. A camisa custa R$ 170 para quem não é sócio e conhecendo o torcedor do Bahia ele vai comprar uma para ele, outra para a mulher, uma para o filho e uma para o sogro ou cunhado.
O pessoal do marketing do Bahia deixa claro que se trata de uma edição limitada. Ela poderá estar limitada, inclusive podendo ser uma peça para colecionador de péssimas memórias, para quem sabe, servir de lembrança de quando o Bahia tornou a cair de quatro, indo parar na segundona, como dos piores times que o país já teve. Quem comprar - caso o time caia como já vem dando uma grande demonstração - vai, ou vestir a camisa e poder dizer que foi lançada num período negro, ou guardar na mala ou jogar fora ou virar pano de parto ou pano de chão.
Eu, se fosse Senhor do Bonfim, mandava era um raio na loja que vendesse a camisa com suas fitinhas. Além de ser um lance mercadológico apelativo, pois tenho certeza que a diretoria se reuniu com o marketing e disse:
- O time está para cair. Vamos lembrar que o torcedor é cheio de fé e faturar, pois com certeza ele vai comprar o padrão achando que o Senhor vai ajudar.
Acho que a venda da camisa com as fitinhas - que é mesmo bonitinha - vai mexer com o imaginário do torcedor que vive um momento de angústia e volta-se para a fé para não ver seu time descer aos vãos dos infernos.
Acho até que é um dichote com o torcedor e uma heresia para com Senhor do Bonfim, que todos sabemos, torce para o Bahia, mas tem torcido o nariz com tanta decepção e não tem mais saco para atender a pedidos e vê-los jogado fora pelos campos do Senhor... quero dizer, pelos gramados do Brasil.
