Postado por - Newton Duarte

'L'État c'est moi' - Quando o poder é rococó!

"L'État c'est moi" - Quando o poder é rococó!

Luís XIV (1638 a 1715), também conhecido como Luís, o Grande ou O Rei Sol, foi o Rei da França e Navarra de 1643 até sua morte. Seu reinado é o mais longo da história europeia e o segundo maior da história.

Conhecido por ter lançado a moda do uso de elaboradas perucas, costume que se prolongou por no mínimo 150 anos nas cortes europeias e nas colônias do novo mundo. Suas roupas extravagantes e o salto alto ajudavam a mostrar sua personalidade marcante

A ele é atribuída a famosa frase: "L'État c'est moi" (em português: O Estado sou eu). Credita-se a ele também a frase ‘Eu quase que esperei'. Dizia isso, mesmo com todas as suas carruagens chegando sempre à hora marcada, o que demonstra bem o caráter absolutista e a visão que ele tinha de si mesmo.

Mas o que isso tem a ver com o que quero dizer?

Quando estudamos a figura de Luís XIV, temos a ideia de como é possível existir seres humanos capazes de se enxergar mais inteligentes que os outros. Acreditando cegamente que podem enganá-las com meia-dúzia de palavras. Mais ainda, que podem comandá-las do jeito que quiserem e levá-las para qualquer lado.

Imaginam serem maiores que seus pares, maiores que as leis, maiores que os conceitos já firmados...  Inalcançáveis. Acreditam mesmo que suas palavras são verdades absolutas, dignas de uma divina credibilidade, inquestionável em seus termos, e com poderes de alterar o inalterável. São criadores de “novas e verdadeiras” leis universais.

Segundo o famoso Wikipédia, “Democracia é um regime político em que todos os cidadãos participam igualmente — diretamente ou através de representantes eleitos — na proposta, no desenvolvimento e na criação de leis, exercendo o poder da governança através do sufrágio universal. Ela abrange as condições sociais, econômicas e culturais que permitem o exercício livre e igual da autodeterminação política”. (grifos nossos)

Assim como o “absolutista” Luis XIV, os dirigentes do Esporte Clube Bahia se tornaram pródigos em frases de efeito. Suas derrotas ou erros crassos sempre são causados pela culpa de terceiros. Sempre há uma perseguição em curso. Sempre alguém criou uma trama sórdida para prejudicar.

Seus feitos, mesmo que reles cumprimento de obrigações ou adesões INEVITÁVEIS a programas estatais, sempre são épicos. Dignos de entrar para o Hall da Fama.

Se formos buscar explicação na psiquiatria, veremos que por um lado pode ser mera manipulação, típica dos sociopatas, mas por outro, pode ser um quadro galopante de esquizofrenia.

No melhor estilo ‘Eu quase que esperei', desdizem o que disseram enfatizando, quando não surte o efeito esperado. Negam situações ocorridas diante de todos. Tratam as pessoas como verdadeiros imbecis quando tentam criar um sentimento de culpa por fatos das quais não são responsáveis

Eis que nas redes sociais, deparo-me com pequenos textos do Vice-Presidente Pedro Henriques. Entre eles, uma expressão me chamou a atenção, por estar sendo reiteradamente usada por alguns PERUS DE CARTEIRINHA: “Nossa Democracia...”.

Não poderia deixar de comentar. São 8 pontos tratados pelo dirigente no twitter. É apenas uma discordância. Meu ponto de vista. Sem ofensas, nem agressões. Apenas a visão de quem acredita que DEMOCRACIA é uma só, e não apenas uma “Nossa Democracia...”. Feita e montada para a perpetuação do poder.

O maior exemplo disto é o marketing do clube. Voltado apenas para meia-dúzia de sócios (muita gente fica difícil de enganar), criados a partir de um programa elitista e excludente, ficando claramente demonstrado no quanto estão “interessados” no perfil verdadeiro da Torcida do Bahia. Tudo é pensado para que pensem que participam de algo. Meros pixulecos efêmeros. Montado para conduzir o gado inconsciente e desinformado.

Também existem os informados. Mas estes estão em busca de exposição social. Querem que pensem que eles estão no poder. E se prestam a servir de exemplo aos que se permitem viver como massa de manobra. “Alegres e felizes”.

Aqui nosso ponto de vista. Abaixo, os textos que o originaram.

1 – O ponto de vista de cada um será sempre de cada um. Como podemos classificar o Bahia como um clube transparente, se até o Conselho Deliberativo não tem acesso a todos os contratos e lançamentos contábeis?

2 – Qualquer pessoa com um mínimo de conhecimento em contabilidade sabe que balanços são meros retratos instantâneos de uma atividade econômica. Balanços são como fotos de facebook: A pessoa é bonita, tende a sair bonita na foto, Não há novidade nisto. Porém, a pessoa pode ser uma “baranga” e fazer uma superprodução só para sair bem na selfie. O que tinha antes e o que vai virar depois, só Deus na causa.

Qualquer Contador, salvo casos extremos, consegue transformar uma Bruxinha numa Princesinha,  um Frankenstein num Alain Delon, valendo-se da conhecida “contabilidade criativa”.

Diariamente, temos notícias de empresas que saem lindas em suas “fotos” e estão sendo devastadas por seus gestores. Até o dia em que morrem subitamente. Portanto, o argumento não se sustenta.

3 – Por mais de uma vez, vimos Conselheiros ou seus grupos, alguns de mentirinha, é claro, pedindo acesso aos documentos. Quantos Conselheiros tem acesso? Só “os coligados”? E na hora de aprovar as contas, é na base da confiança?  Então: alguém está mentindo?

Ademais: Regular acesso aos Conselheiros? Como diriam alguns acéfalos participantes de um conhecido programa de TV: “Como assim Bial?”.

100 pessoas foram eleitas com o objetivo principal de FISCALIZAR as contas do clube, e aprovar ou não os dados apresentados. Regular o acesso? Isso é transparência? Não há confiança entre as partes ou serão escolhidos apenas aqueles que podem ser controlados e assinar (colocar o dedo polegar) onde estiver indicado?

Isso é apenas mais um argumento que não se sustenta.

4 – Já pensou se informações de Bastidores fossem de conhecimento público? Deixariam de ser de bastidores e não sobraria um vivo para contar a história. Em quase todas as agremiações ocorre o empreguismo de apaniguados, negociatas sempre com os mesmos empresários, com transações de compra e venda de jogadores, Subfaturamento nas vendas e superfaturamento nas aquisições, “liberação gratuita” de atletas da Divisão de Base, construção, reformas e perdas de Centro de treinamento sem explicação... Claro que isso não é o caso do Bahia... Mas, só com o acesso irrestrito às contas, poderíamos saber o que ocorre de verdade no clube. E não apenas ficar com a palavra de quem dirige. É a prova provada.

Mais que tudo isto: a Assembleia de Sócios, acima de todos os já citados, têm esse Direito. Possuem o Direito até de destituir a Diretoria e os Conselheiros. Salvo se o Bahia for único clube imune à legislação vigente. Vide tópico 7, abaixo.

5 – Realmente há uma extrema responsabilidade na comunicação. “O silêncio não comete erros”, já dizia o jornalista. Mais fácil fazer propaganda.

6 – O que é transparência? O que é escancaramento? O que é bagunça?

Conselheiros e a Assembleia de sócios terem acesso à vida econômica do clube estão incluídos em qual categoria? Ou não estão em nenhuma por que não sabem de nada?

7 – Esquece-se o Douto Vice-Presidente que não foi esta gestão “que aí está” que inventou a Democracia, nem foram ungidos com o direito de inventar a sua própria.

Esquece-se o Douto Vice-Presidente que a expressão “Democracia no Bahia”, tão utilizada como escudo para inviabilizar cobranças, nasceu de uma LIMINAR movida pelo Conselheiro Jorge Maia. 

LIMINAR esta, que depôs o Déspota de plantão, como outros tantos que vemos Brasil afora em tantas áreas, e mesmo questionada pelo Ministério Público Federal, prestou seu serviço.

Valer-se do Judiciário para obter um direito que esteja sendo cerceado, mais que legal, é Democrático. Se a Lei permite e orienta, é um remédio, às vezes, amargo, que precisa ser utilizado, para minar ditaduras ou sanear maus feitos, daqueles que reiteradamente escondem o que fazem.

Colocado como foi, ficam duas questões: Ou o status quo Tricolor é a perfeição na face terra ou o Judiciário está a serviço dos “ora detentores do Poder”. A tão decantada Democracia está blindada e imune aos remédios legais? Ninguém pode questionar quando se sentir prejudicado? Quero acreditar na independência e honestidade do Judiciário.

Fiquei a pensar de quando uma saraivada de ações trabalhistas se sucedeu em passado recente, e nenhum relatório sobre valores das ações e seus beneficiários, inclusive honorários, foi publicado. Devem estar lançados em Imposto de Renda. Graças a Deus, após a cobrança de muitos, parece que a fonte secou. Alias, quem são os empresários dos atletas que cinicamente “inventaram” o “Programa Ação do Milhão”? Continuam atuando no clube?

8 – “Nossa Democracia...“. Quase uma heresia. Como é tratada, parece mais: ”L'État c'est moi”. “O Estado sou eu”. Realmente, a “democracia de vocês”. Independente do ato que for tomado, a palavra “democracia” será usada como vaselina. Como muitos não sabem do que se trata, continuarão engolindo esse sapo pensando que é escargot, só para não sair do ambiente Francês.

Democracia é muito mais que apenas o direito de votar em alguém. Os exemplos estão aí diante de nós: Venezuela... Coreia do Norte... Precisa explicar?

Sem querer lembrar a ninguém: Democracia é a liberdade. Democracia é participação. Democracia é transparência. Democracia é o poder de Fiscalizar. Democracia é o direito de cobrar. Democracia, acima de tudo, é o poder de se contrapor.   

E para encerrar este “lamento muito tudo isso”, salientamos que entre as obras de Luis XIV, está o Palácio dos Inválidos. Quem quiser que compre o título de sócio e vá morar lá.

Aguardando expressões do tipo: “Não foi isso...”, Você não sabe...”, Você é sócio?”...

A estes, eu recomemdo leitura ao Estatuto do Torcedor. Democracia é LIBERDADE DE EXPRESSÃO. Vocês não inventaram, e estão muito longe de execê-la.

Dirigir é mais do que apenas falar: