Lomba relembra crise e comemora volta por cima: ‘Mantive meu caráter’
Goleiro revela que ficou abalado com pedido de torcedores para deixar o Bahia, mas diz que fez autoavaliação e amadureceu com episódio
No dia 13 de maio deste ano, muitos davam como certa a saída de Marcelo Lomba do Bahia. Após duas goleadas humilhantes diante do Vitória, o goleiro havia sido afastado do grupo por dois jogos e assistia a uma das piores crises da história do clube.
Fazendão invadido por membros de uma torcida organizada e lista de exigências publicada. Entre os tópicos, estava a dispensa daquele que, um ano antes, havia sido ovacionado pela torcida no estádio de Pituaçu, na conquista do Campeonato Baiano de 2012: o Paredão Tricolor.
'Hoje tenho certeza de que sou uma pessoa mais preparada', afirma Lomba
Três meses depois, o semblante de Marcelo Lomba é outro. Sorriso no rosto, risadas na entrevista coletiva. Com a maior nota do Armandão até agora, o goleiro foi eleito o craque da 7ª rodada do Brasileirão. Diante do Flamengo, na última quarta-feira, defesas comemoradas pela torcida como um gol de placa de artilheiro da competição.
- Graças a Deus. Fico muito mais feliz por não ser um momento bom meu, mas um momento bom do time. Acho que todos os jogadores estão sendo valorizados, sendo respeitados, estão sendo curtidos pela galera, pela torcida. Isso mostra que o trabalho vem sendo bem feito, que a gente tem se dedicado muito dentro de campo, porque as atuações exigem muito sacrifício, exigem concentração, dedicação – comemorou o jogador nesta sexta-feira, após o treinamento no Fazendão.
Apesar da boa fase, no entanto, Lomba não esquece o que passou. Mais maduro, o goleiro relembra a crise vivida no primeiro semestre deste ano e conta o que fez para passar por cima dos obstáculos e voltar a brilhar sob a meta tricolor.
- Ninguém é de ferro e vai dizer que passar por uma crise como aquela não abala. Me abalei, fiquei em casa. Dificilmente saía. Procurei ficar com a minha família. Mas aí há duas formas de lidar: ou você afunda ou encara de peito aberto, não se omite, mostra personalidade e trabalha. Foi o que eu fiz. Mantive meu caráter, não falei mal de ninguém, não estava aqui para fazer baderna. Vim treinar todos os dias, trabalhei muito. E repensei o que eu estava fazendo de certo ou errado, no que eu podia melhorar. Autocrítica é importante - avaliou.
- Independente de hoje estar bem, aprendi muito com o momento ruim. Hoje tenho certeza de que sou uma pessoa mais preparada. Hoje talvez eu consiga enxergar algo em que possa estar errando. Os momentos ruins serviram para me fortalecer, para eu ter segurança no que estou fazendo. Claro que eu vivi muitos momentos bons aqui no Bahia, e vou guardar para a minha vida toda. Mas, nos momentos ruins, eu soube tirar a lição. Isso é importante, até porque a carreira de jogador tem altos e baixos. Basta você ter essa personalidade, autocrítica, para se superar - completou.
Dos episódios ruins, Lomba soube tirar as lições. O jogador destaca aqueles que foram importantes em sua jornada e diz que vai guardar os amigos até o fim do trajeto.
- Hoje eu sou uma pessoa mais forte. Sei dar valor às verdadeiras amizades. E fico orgulhoso de ver, na minha família, nos meus amigos, quem esteve junto comigo, pessoas boas. Aqui dentro do clube, o próprio Cristóvão me deu a mão. Ele podia chegar e dizer que não contava comigo. Ele me deu a mão, meu treinador de goleiros me deu mão, meus amigos aqui dentro me deram a mão... Você vê que aquela pessoa pode ir com você a vida toda. Vou guardar a vida toda, no coração, aqueles que me ajudaram.
Contra a Ponte Preta, Lomba defendeu dois pênaltis
Com dezenove pontos na tabela, o Bahia é o terceiro colocado do Brasileirão e está há cinco jogos sem perder. Desempenho que deixa os atletas satisfeitos, mas que, para Marcelo Lomba, tem um significado ainda maior.
- Além de os jogadores estarem felizes, a gente vê a torcida feliz, com sorriso no rosto, vestindo a camisa. Hoje mesmo, estive na rua em Salvador, e pude ver vários tricolores com o manto. Isso nos enche de orgulho, porque eu já criei um vínculo muito grande com o Bahia. E enche de orgulho ver a torcida poder colocar a camisa e comemorar - finalizou.
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Fonte: GLOBOESPORTE.COM
Foto: Felipe Oliveira/Divulgação/EC Bahia e Rodrigo Villalba/Futura Press
