Bastante querido pela torcida, o zagueiro Lucas Fonseca tem marcas importantes com a camisa do Bahia. O defensor é o jogador do atual elenco com mais partidas pelo clube, com 166 partidas. Além disso, o jogador está muito próximo de completar 100 jogos em edições de Campeonato Brasileiro, estando a apenas 13 partidas da marca. E, como se isso não fosse bastante, ele é ainda bicampeão baiano, campeão da Copa do Nordeste e conseguiu um acesso pelo Tricolor.
Porém, em entrevista ao site Globo Esporte, Lucas Fonseca diz preferir ignorar estes números e se concentrar apenas no seu desempenho dentro de campo:
Eu nunca penso em números, procuro dar o meu melhor. O que vier a mais é consequência. Você só vai atingir números se tiver performance, ainda mais em um time grande como o Bahia. (...) Procuro focar no dia a dia, sempre evoluir. Como ser humano, a gente tem sempre que evoluir. (...) Acho que nós temos sempre que estar em alto nível para corresponder. Só vamos atingir números se estivermos bem. Procuro sempre estar bem para ter resultado
Lucas Fonseca não joga desde a final do Campeonato Baiano, por conta de um incômodo muscular. Porém, o zagueiro já voltou aos treinos e está à disposição do técnico Guto Ferreira. No período em que esteve fora, o Bahia perdeu as duas partidas que disputou, contra o Blooming, pela Copa Sul-Americana, e pelo Internacional, na estreia do Campeonato Brasileiro.
Polêmicas
Em 2017, Lucas Fonseca passou por momentos complicados. Em um Ba-Vi, na Arena Fonte Nova, o zagueiro se desentendeu com Kanu. Na discussão, ele provocou o rival reclamando do seu mau hálito. A partir daí, uma rivalidade entre os dois jogadores se estendeu nos clássicos seguintes.
Porém, Lucas Fonseca diz não ser inimigo de Kanu. O zagueiro tricolor diz ser indiferente ao jogador rubro-negro e acredita que o que acontece em um jogo fica apenas em campo:
Particularmente, tenho poucos amigos no futebol. O que acontece dentro de campo, acabou o jogo, acabou a resenha, não tenho mais nada. Inclusive aqui no Bahia tenho poucos amigos. A gente convive com muitos jogadores, mas amizade verdadeira você faz com poucos. E eu procuro sempre... Acabou o jogo, não tem mais nada. Ficou ali dentro, e vida que segue.
Outra polêmica de Lucas Fonseca no ano passado aconteceu na partida contra o Flamengo pelo Campeonato Brasileiro. Numa disputa de bola com Guerrero, o zagueiro simulou, de forma pouco convincente, ter sido agredido pelo peruano. Pela simulação, Lucas Fonseca recebeu o segundo amarelo, foi expulso e, depois,suspenso por dois jogos pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD).
O zagueiro admite que o ocorrido foi resultado de um dia ruim, e tomou a atitude sem pensar duas vezes:
O que aconteceu ali foi um dia em que eu não estava bem psicologicamente, e isso acontece. O ser humano está propício a erros. Foi um dia atípico meu, infelicidade, e acabei prejudicando a minha equipe. Até pedi desculpas ao treinador Jorginho na época. Não tem isso de "episódio Guerrero". Lá foi um episódio atípico, e todo mundo que está dentro do campo está sujeito a isso. Pode ser que aconteça de novo, a gente não sabe como é o dia a dia. O futebol é uma caixinha de surpresas.
Mesmo com as polêmicas, Lucas Fonseca diz não se considerar provocador. Segundo o zagueiro, ele apenas retribui o tratamento dos adversários. Se um atacante tenta tirá-lo do sério, ele age da mesma forma:
Eu procuro sempre estar muito tranquilo nos jogos. Estando tranquilo, as coisas vão acontecer naturalmente. A partir do momento que o atacante começa a me provocar, vou provocar também, porque, se o cara está tentando me tirar do sério, sou capaz de fazer o mesmo.
Disciplina
Lucas Fonseca tem tentado evitar as polêmicas em 2018, porém, no primeiro Ba-Vi do ano, o zagueiro entrou em mais uma situação controversa. Após comemorar seu gol no clássico, o meia Vinícius acabou sendo agredido por jogadores do Vitória, o que gerou uma confusão generalizada, que contou com sete expulsões. Uma delas foi a de Lucas Fonseca, que estava no centro de campo e, aparentemente, não participou da confusão.
De acordo com a súmula do árbitro Jailson Macedo Freitas, o zagueiro tricolor foi expulso por “empurrar com uso de força excessiva na altura do pescoço” o atacante Denilson, do Vitória. Lucas Fonseca nega ter feito isto e acredita que o árbitro o expulsou para “equilibrar” as duas equipes.
Ali é coisa particular do jogo, uma infelicidade muito grande do árbitro, que deixou tudo aquilo acontecer. Por ter expulsado mais do Vitória, quis procurar um do Bahia para expulsar também. E aí deve ter os motivos dele para ter me escolhido. Nunca vi ele se pronunciar sobre nada, por que me expulsou. Na súmula, ele disse que eu agredi jogador de forma excessiva. Não aconteceu. Acho que foi infelicidade do árbitro.
Lucas Fonseca diz que ficou revoltado no primeiro momento e até tentou argumentar. Porém, como o clássico valia apenas pela primeira fase do Campeonato Baiano, o zagueiro acabou se tranquilizando:
No momento, fiquei indignado. Fiquei insatisfeito com aquilo. Mas ele deu o vermelho, não iria voltar atrás. Estava tranquilo também, porque era jogo de primeira fase. O que faria diferença era a final. Minha preocupação maior era estar apto para ajudar meus companheiros.
Mais tranquilo, Lucas Fonseca tem recebido poucos cartões nesta temporada. Em 2018, além do vermelho no Ba-Vi, o zagueiro recebeu apenas dois cartões amarelos em 14 jogos. O jogador diz tentar evitar punições e só é amarelado quando realmente preciso.
Eu, particularmente, sempre levei poucos cartões. Sempre procuro ter uma cabeça tranquila, e a gente que defende, a possibilidade de tomar cartão é maior. Tem momentos em que você ter que ser mais incisivo no lance.
O Tricolor viveu momentos complicados neste início de ano, com o treinador Guto Ferreira sendo alvo de vaias da torcida. Porém, a equipe evoluiu na fase final do Campeonato Baiano e conseguiu garantir o título estadual. Lucas Fonseca avalia que a conquista do Baiano mostrou que a equipe corrigiu falhas e cresceu com as críticas:
Eu não citaria nem por questão de clássico. Acho que esse ano a gente teve um começo de ano difícil, sempre muito criticado. E a gente, jogo a jogo, sabia dos erros, por onde tinha a evoluir, e procurar trabalhar. O maior gosto nosso do título foi saber que a gente, no começo, tinha um time em tal estágio e chegou em uma final em outro estágio, mais evoluído, que pôde, dentro de campo, dar o título para a gente.
Contrato no fim
Em 2018, Lucas Fonseca disputa a sexta temporada pelo Bahia. O zagueiro chegou ao clube em 2012, emprestado pelo Mogi Mirim. Em 2013, assinou em definitivo pelo Tricolor, ficando até 2014. No ano seguinte, o zagueiro foi atuar no Tianjin Teda, da China. Em 2016, retornou ao Tricolor para disputar a Série B. Para o zagueiro, este foi o seu pior período com a camisa tricolor. Para ele, houve uma dificuldade para se readaptar ao futebol brasileiro, e isso impactou no seu desempenho.
Quando voltei da China em 2016, que fisicamente levei um ano para me recuperar. Não diria [que há dificuldade de adaptação depois de sair da liga] asiática. Lá depende da comissão com que você está no seu time. E eu estava em uma comissão chinesa. O treino lá era muito limitado, intensidade era muito limitada. Quando cheguei aqui, senti muito isso.
O contrato de Lucas Fonseca com o Bahia termina no final deste ano. O zagueiro diz não pensar em renovação por enquanto. Para ele, a renovação é consequência do que ele mostrar em campo na temporada:
Não [penso em renovação]. Eu penso no dia a dia. O próximo vínculo é consequência de performance. Isso cabe ao meu trabalho. Procuro sempre evoluir para alcançar objetivos e estender vínculo. (...) Sou muito grato ao Bahia por tudo que aconteceu na minha carreira. Se eu ficar aqui, vai ser mais uma conquista.
Lucas Fonseca evita projetar o futuro e ter sonhos irrealistas, porém, ele falou que tem um grande desejo na carreira, que é conquistar um título nacional com o Bahia. Para o zagueiro, isso não está muito longe de acontecer:
Meu maior sonho é conquistar um título nacional pelo Bahia. Acredito que, como as coisas estão andando no Bahia, a tendência é que em breve o Bahia vá conquistar uma coisa grande.