Postado por - Heitor Montes

Marcelo Sant'Ana abre o jogo sobre saída de Pandolfo, Armero e reforços próximos

Marcelo Sant'Ana revela que condução do trabalho de Nei Pandolfo no mês de dezembro foi determinante para a demissão. Dois atletas já treinam no Fazendão

A saída de Nei Pandolfo do Bahia pegou a todos de surpresa. Depois do acesso conquistado no ano passado, ele foi mantido no clube, iniciou o trabalho para 2017, porém foi demitido logo no primeiro dia da pré-temporada. O mistério foi solucionado, pelo menos em parte, pelo presidente Marcelo Sant’Ana, em entrevista concedida à equipe do GloboEsporte.com na tarde desta quarta-feira. O mandatário deixou claro que, internamente, já havia um descontentamento com o ex-diretor de futebol ao final da Série B, porém a condução do trabalho no mês de dezembro foi a gota d’água.

Depois do acesso, tinha alguns ruídos internos. Eu fui um dos defensores para que a gente continuasse com a linha de trabalho que vinha sendo adotada. Só que o mês de dezembro, a gente entende que o caminho percorrido não estava exatamente do jeito que a Diretoria Executiva desejava. Então, antes da reapresentação do novo grupo, a gente preferiu fazer esse acordo de fazer o desligamento, para que com o novo grupo formado, as lideranças surjam, para que a gente possa fazer uma temporada com tranquilidade e equilíbrio. Mas o planejamento não será afetado

Marcelo Sant’Ana foi além. Falou sobre a chegada de Armero, por exemplo. Nas últimas duas temporadas, o colombiano passou por três clubes e, neles, atuou em apenas 21 partidas. O presidente defendeu a contratação, disse que espera que o novo reforço sirva de espelho para os jogadores mais jovens e confessou, embora sem entrar em detalhes, que foi feito um contrato de produtividade.

Sobre reforços, o presidente abriu o jogo. Revelou que seis jogadores devem assinar contrato até o final da semana. Dois deles, ambos laterais, já treinam em Salvador – um é Matheus Reis. Sant’Ana também afirmou que espera oficializar a renovação do volante Renê Junior ainda nesta quarta-feira.

Confira abaixo a entrevista na íntegra.

GloboEsporte.com: o Bahia iniciou o planejamento com Nei Pandolfo e resolveu demiti-lo no início da pré-temporada. O que aconteceu?

Marcelo Sant'Ana: Nei, a gente agradece por ele ter acreditado no trabalho do Esporte Clube Bahia. Ele tinha dois anos no Sport. Conseguimos a principal meta esportiva da temporada, que era o acesso. Só que também a gente entende que houve muitas oscilações durante a temporada. Sempre buscamos dar a tranquilidade e o respaldo para ele conduzir as questões do departamento. Claro que todas as conquistas e erros são de maneira coletiva. Ninguém constrói nada sozinho. Depois do acesso, tinha alguns ruídos internos. Eu fui um dos defensores para que a gente continuasse com a linha de trabalho que vinha sendo adotada. Só que o mês de dezembro, a gente entende que o caminho percorrido não estava exatamente do jeito que a Diretoria Executiva desejava. Então, antes da reapresentação do novo grupo, a gente preferiu fazer esse acordo de fazer o desligamento, para que com o novo grupo formado, as lideranças surjam, para que a gente possa fazer uma temporada com tranquilidade e equilíbrio. Mas o planejamento não será afetado.

Mais especificamente a demora em fechar com reforços?

São questões internas do clube. Acho que não vale a pena. Nenhuma empresa privada fica falando porque contrata um profissional, porque tira outro, entrando nos detalhes. A gente acredita que ele é um grande profissional e logo vai estar trabalhando em um clube da Série A. Nós agradecemos por ter atingindo o acesso.

O Bahia inicia a pré-temporada com apenas um reforço anunciado: o lateral Armero. Nas últimas duas temporadas ele rodou por três clubes e jogou muito pouco. Rendimento abaixo do esperado e polêmicas extracampo. Não foge do perfil de contratação defendida pela sua gestão?

Armero é um jogador que tem mais de 60 partidas pela seleção da Colômbia, foi titular na Copa do Mundo de 2014, titular na Copa América de 2015. A gente sabe que ele tem condições de render mais do que vinha rendendo na Udinese. Nessa temporada europeia, que conta do meio da temporada até o final, ele foi relacionado para cerca de nove jogos, jogou quatro partidas os 90 minutos. A gente sabe que ele pode render mais. Ele sabe a responsabilidade que é vir para o Bahia. Ele ainda almeja voltar para a Seleção. E ele pode servir de inspiração para os jogadores mais jovens, porque jogou em clubes de alto nível, as principais competições que um atleta deseja. Ele tem essa dupla responsabilidade: de corresponder em campo e servir de inspiração para os jovens jogadores. E pela maneira que a negociação foi conduzida, a gente tem essa expectativa de que o retorno seja positivo.

Tem alguma questão de produtividade atrelada ao contrato de Armero?

Sim.

O Bahia vai disputar um torneio internacional tendo feito pouquíssimos treinos. Vai enfrentar equipes que estão jogando. Você teme que o clube passe por outro vexame como o do ano passado?

Marcelo Sant Marcelo Sant'Ana não teme novo vexame nos EUA (Foto: Thiago Pereira)

Não. Acredito que a pré-temporada o nome já diz: é pré-temporada. É uma preparação, um condicionamento. Ir para a Florida Cup é uma oportunidade de aumentar o nível de dificuldade. Se o torcedor quer um time de alto nível, o Bahia tem que começar a buscar desafios maiores. Eu não tenho saudade da época em que o Bahia jogava contra time de universidade de Salvador, time de ex-atleta. Acredito que a gente tem que ir aumentando a responsabilidade gradativamente. Claro que sabemos da importância também. Ninguém está indo para os EUA para fazer um papel feio. Agora, em 2016, o Bahia não conseguiu um bom resultado e, ao final da temporada, subiu. Em 2015, o Bahia conseguiu um excelente resultado e não subiu. Então, é esse discernimento que às vezes o torcedor tem que ter um pouco. Eu até entendo, porque aqui no Brasil a gente não tem o hábito de fazer amistosos, de viajar. Agora, todos os clubes brasileiros estão indo em situação semelhante à do Bahia e também vão enfrentar desafios semelhantes. Acredito que a gente tem que focar na nossa preparação, no nosso amadurecimento, no que a gente pode melhorar, de questões comerciais, estabelecer parcerias. E eu faço só uma ponderação: ano passado o Bahia não fez um papel bonito em Orlando. O Bahia está convidado para voltar para onde? Então, assim, de alguma coisa deve ter servido os relacionamentos, os contatos que o Bahia fez. E é isso o que a gente busca: valorizar o Bahia, crescer, se posicionar. É um desafio maior? É um desafio maior. Mas a gente tem que tentar amadurecer pouco a pouco cada ano. É isso o que a gente vai buscar na Flórida.

Presidente, reforços: espera anunciar quantos até o fim da semana?

Eu nunca gosto de dar prazos, mas já dei prazo na televisão. Acredito que a gente fecha com cinco a seis jogadores até o fim da semana. Dois laterais, um volante, dois meias-atacantes e um centroavante. Uma renovação de contrato também. Faltaria para o início um goleiro e um jogador de ataque pelo lado. São as carências para iniciar a temporada, contra o Fortaleza, na Copa do Nordeste.

Incluindo esses dois jogadores que já estão treinando?

Estão na conta. São os dois laterais que estão treinando.

Em dezembro, você falou que gostaria de renovar com de cinco a seis jogadores. Três já foram: Eduardo, Edigar Junio...

Três, Juninho; quatro, Anderson.

Como ficam então os outros dois?

Eu acredito que mais um a gente consegue.

Seria Renê Junior?

Sim. Acredito que Renê a gente assina hoje também. Além disso, acho que renovação...

Luiz Antônio?

Luiz Antônio a gente não vai renovar.

Dos dois laterais que estão treinando, um é Wellington Silva?

Aí já não é meu departamento. [risos]

Seu mandato se encerra esse ano. Pretende se candidatar a uma reeleição?

Está muito longe ainda. Vai chegar o momento adequado. Preciso conversar com minha família, para saber se minha família tem interesse nisso. Porque é um desgaste para todo mundo, é um envolvimento para todo mundo, essa responsabilidade que é conduzir o Bahia. Depois, caso a família sinalize de maneira positiva, tenho que conversar com o grupo ao qual eu represento. Ninguém é candidato de maneira isolada. Depois, sentir o desejo ou não da torcida. É um processo longo, eu tenho que ter responsabilidade com o mandato que me foi conferido. Na eleição anterior, eu saí candidato no dia 20 de novembro, que é o dia da consciência negra e o dia do meu aniversário. Esse ano eu já garanto que não tomo decisão nenhuma antes desse prazo.

Fonte: Globo Esporte