Postado por - Heitor Montes

Marcelo Sant’Ana avalia trabalho de Guto e promete reforços para o Bahia

Presidente fala sobre resolução do imbróglio envolvendo Cidade Tricolor e Fazendão, patrocínio da Caixa, verba da venda de Talisca e troca de fornecedora de material

O Bahia passou por uma reformulação no último mês. Saídas e chegadas de jogadores, mudança de comissão técnica, dirigente e preparador físico desligados e muita agitação marcaram as últimas semanas do clube. O presidente Marcelo Sant’Ana participou diretamente das alterações feitas no Tricolor. Nesta quinta-feira, ele fez uma avaliação do trabalho realizado até aqui para tentar recolocar o time no G-4 da Série B. Uma das promessas é a de que o elenco comandado por Guto Ferreira ganhará mais reforços. A prioridade é a busca por atacantes e jogadores para o meio de campo.

O presidente tricolor comentou em entrevista ao Programa do Esquadrão, programa de rádio veiculado no site oficial do clube:

Precisamos de jogador no sistema ofensivo. O torcedor acompanha e entende de futebol. Uma parte corneta mais, outra menos. De maneira unanime, precisamos de jogador no setor ofensivo. Jogador que faça sombra, tome a posição ou jogue junto com Hernane. Jogador de força pelo lado. Meio campo com característica de volante, tem a necessidade também. No próprio treino, em algumas situações, a gente sente a necessidade. Não é desmerecendo os jogadores que temos. Confio nos jogadores que temos. Qual o centroavante que temos na reserva? O Zé faz a função, mas não é característica principal. O João Paulo, que chegou pra base e tem participado dos treinos para o profissional, não é centroavante. Não é desmerecer quem está aqui. Pelo contrário. É reconhecer que precisamos de jogadores com características específicas para não prejudicar improvisando os que estão aqui

Sant’Ana não deu prazos para a chegada dos novos atletas. Ele diz que o objetivo é contratar os reforços para o período de 20 dias sem jogos que o time terá pela frente. Contudo, não descarta que alguns atletas desembarquem no Fazendão apenas em setembro.

Aprendi com Ricardo Rocha [ex-zagueiro e atual comentarista esportivo] que quando se dá número e prazo, você é cobrado. Na coletiva após o jogo contra o Vila Nova, disse que saídas aconteceriam. Saídas depende do Bahia. Contratações não sei prazo. Não depende só da gente. Depende das outras partes envolvidas. As vezes dois clubes, o jogador pretende a um e joga no outro. Vamos fazer ajudastes no elenco. Isso posso garantir. Prefiro não dar prazo.

Sant’Ana também avaliou o trabalho do técnico Guto Ferreira. O treinador foi contratado em junho e recentemente completou um mês no clube.

Tenho gostado do trabalho do Guto. Tem característica diferente dos técnicos que passaram recentemente por aqui. Procura mais a diretoria para passar as observações e necessidades. O Doriva era mais reservado. O Sérgio Soares em alguns momentos passava. O Guto faz diariamente. Quem ele acha que está focado, que está fora da casinha, como ele costuma falar. O que ele queria com o treino. Isso nos permite fazer correções de maneira breve e assertiva. Tem uma metodologia diferente. Equipe multidisciplinar melhor. Coach, coordenador de treinos, dois auxiliares. Cada auxiliar tem definição específica. Tenho gostado disso. Ele busca cutucar a comissão técnica, os auxiliares que ele trouxe e o Preto, para dar feedback. Pergunta para cada um o que achou do treino, para verbalizar. Quer que cada um se exponha. Busca fazer esse trabalho com os jogadores. É mais participativo, busca integração constante. O Doriva era um técnico mais tranquilo. O Eduardo, auxiliar dele, é quem fazia cobranças maiores. O Sérgio era mais sanguíneo, cobrava mais forte, e o Diniz, auxiliar dele, quem fazia gestão de relacionamento. O Guto está no meio termo. Ele cobra e também passa a mão na cabeça do jogador.

Confira outros temas abordados por Marcelo Sant'Ana:

Nova fornecedora

- A mudança de fornecedor de material esportivo é por ter acontecido alguns desgastes com a Penalty. Questões financeiras e de logística, entrega de material. É uma parceria que, apesar do desgaste, a gente agradece. Nos atendeu nesses últimos dois anos, praticamente. A Umbro a gente espera ter maior quantidade de distribuição. Ter mais pontos de venda, atendendo ao torcedor do Bahia que quer comprar produto oficial, ajudar o Bahia a ganhar mais royalties pelo produto oficial. A Umbro tem como característica contratos longos, parcerias duradouras. Isso que o Bahia tem procurado no mercado. A gente espera com a Umbro ter uma relação mais sólida e dar ao torcedor material esteticamente agradável, com acabamento satisfatório e tecido bom. Que o jogador tenha orgulho de vestir o diamante duplo. A Umbro em sua história sempre esteve entre as maiores fornecedoras de material no futebol mundial. Voltamos a ter a parceria da Liberadores de 89, última atuação do Bahia na competição.

Patrocínio da Caixa

- O Bahia desde o ano passado, em novembro, conseguiu a CND. Certidões Negativas de Débito. (...) Estamos pleiteando esse patrocínio. O Bahia ainda não tem esse patrocínio. Não foi convidado a assinar contrato em Brasília. Mantemos contato para ter esse patrocínio, temos a sinalização da MRV que se conseguirmos o patrocínio, a marca deles será colocada em outro lugar do uniforme. Mas não temos uma definição sobre a Caixa. Depende da Caixa. Meses atrás ela sinalizou, mas o valor não atendia ao que o Bahia desejava. Quando o patrocínio for assinado, sairá no Diário Oficial. Como saiu no nosso rival Vitória, o Corinthians, o Vasco, que por estar a Série B teve o valor reduzido. Hoje o Bahia não tem o patrocínio da Caixa. Tomara que a Caixa reconheça o valor do Bahia. Reconheça nossa força como marca, como clube. Nossa organização administrativa e nos dê esse patrocínio desejado pela torcida.

Verba da venda de Talisca

- O Bahia não tem notificação da venda do Talisca. Teve gente que cravou que ele ia pra China, pro Liverpool, pro Wolverhampton. Não houve confirmação e o Bahia não tem nada oficial. Eventualmente pode acontecer. A janela europeia é aberta até o dia 30 de agosto. O prazo é longo. Tem mais de uma no que a gente ouve falar que ele vai ser transferido. Se for, o Bahia tem direito de 2 a 3% do valor. Chegou com 14 anos e deixou com 20. Esses recursos, caso conquiste, tanto da Caixa quando de Talisca, vão nos ajudar no processo de reorganização do clube. O Bahia tem uma folha muito acima do que a gente previa no início do ano. Estamos investindo mais no departamento de futebol. Fizemos contratações durante a temporada e faremos correções no elenco. De preferência, agora nesse período de treinos. Até o fim da janela da Série B, em setembro. E também em questões de patrimônio.

Cidade Tricolor e Fazendão

- A gente tem, e vou falar em primeira mão, um princípio de acordo com as partes envolvidas. (...) É algo verbal, precisamos avançar para a parte contratual para encerrar em definitivo essa questão.(...)  A gente pretende fazer acordo que seja homologado pelo juiz para solucionar definitivamente esse tema. A gente encontrou o caminho do acordo, falta colocar no papel. É um avanço, desde que assumimos buscamos esse entendimento. As vezes, por falha de comunicação de uma das partes, não havia entendimento. Hoje, ainda de maneira verbal, há esse caminho trilhado. Precisamos colocar em um instrumento contratual para apresentar ao juiz e que todas as partes tenham isso homologado para dar por concluída a questão Fazendão e Cidade Tricolor. E O Bahia poderá finalmente voltar a dizer que tem patrimônio, melhor, dois patrimônios. Hoje o Bahia não tem nenhum. A gente espera que esse acordo seja colocado em um papel e seja apresentado para homologação do juiz.

Luvas de contrato com TV

- O Bahia assinou contrato por determinado valor. Desse valor que o Bahia recebeu, R$ 10 milhões nem chegaram a entrar na conta do Bahia. Tinha um percentual que é referente a imposto, que é de 5%. Pagamos R$ 2.550.000 em acordos trabalhistas. Todo percentual de novos contratos tem que ser revertido em pagamento de dívidas trabalhistas, além da parcela mensal que a gente paga, de R$ 400 mil. O Bahia tinha dois empréstimos bancários com dois bancos diferentes. Um a gente quitou no ano passado. Outro, com valor maior, fizemos uma prorrogação do empréstimo para ter mais tempo para pagar. Com essa luva, a gente optou por fazer a quitação integral. O Bahia não tem mais empréstimo bancário. Isso nos custou aproximadamente R$ 5 milhões. Gerando benefício de aproximadamente R$ 300 mil. Se pagássemos até o fim do ano, teria a questão dos juros. (...) A gente preferiu, com esse dinheiro, fazer esse aporte. Praticamente dez milhões nem entraram nas contas do Bahia. Não foi empréstimo tomado por essa administração. O acordo trabalhista era de administrações passadas. Hoje o Bahia é dono de Hernane, Jackson, Cajá, atletas que têm mercado. Investe na infraestrutura. Deixamos parte da receita para resolver a questão da Cidade Tricolor e o Fazendão.

Saída de Dedé

- Dedé tem uma possibilidade. Me procurou para dizer que era quarta ou quinta opção no elenco. Ele acha que tem que jogar para evoluir. Se achamos proposta agravável... Ele tem o interesse de voltar par ao Bahia, mas depois de mostrar que pode contribuir. Aqui ele tem espaço reduzido, ele prefere sair para mostrar que tem qualidade, abrir mercado, evoluir como jogador e na próxima temporada poder voltar. Postura que acho legal. Jogador tem que estar em atividade. Jogador que acha que na academia vai crescer, não vai. O João Paulo Penha ficou na dúvida se valia a pena, foi, voltou, foi observado, teve propostas de Fortaleza, Joinville e CRB. Preferiu ir para o Fortaleza.

Fonte: globoesporte.com