Postado por - Newton Duarte

Marcelo Sant'Ana quer acabar com incompetência no futebol do Bahia

Entrevista: Marcelo Sant'Ana quer acabar com incompetência no futebol do Bahia

Confira o bate-papo com o jornalista de 33 anos

Marcelo Sant’Ana, 33 anos, é jornalista e fala em mudar a mentalidade do Bahia, com planejamento, valorização do sócio e da divisão de base:

Foto: Almiro Lopes

Por que você se sente capaz de ser presidente do Bahia?

Eu tive a oportunidade de me qualificar e entender o futebol não apenas como um jogo, mas como um produto da indústria do entretenimento. Sempre tive esse objetivo de entender o futebol como mercado, um jogo profissional, da importância da administração responsável, de ter pessoas qualificadas nos cargos corretos dentro do clube, para que o time, que é a ponta final do trabalho, dê resultado.

Qual a primeira medida que vai tomar caso seja eleito?

A primeira meta é entender os processos e as pessoas que estão lá, mas mudar a mentalidade com que o Bahia trabalha o seu futebol. O slogan da minha chapa “A vez do futebol” é por entender que, apesar dos avanços, o Bahia errou na sua essência, que é o futebol. Precisamos atacar essa deficiência, que é crônica.

Como será a composição da sua diretoria? Já tem nomes?

Temos a proposta de ter um diretor administrativo financeiro, que cuidará da parte de patrimônio, finanças, recursos humanos, controladoria. Um diretor de mercado responsável por marketing, comunicação, comercial e sócios. É preciso uma gerência exclusiva para sócios e embaixadas. E claro, o diretor de futebol, responsável por essa nova mentalidade, que valorize o planejamento, cumprimento de metas e respeite a divisão de base. O compromisso é, até 2017, ter 40% do elenco formado na base.

O que você considera negativo na gestão atual? E o que pretende manter?

A incompetência no futebol. A diretoria não teve foco, linha de trabalho, planejamento nem organização. Quatro diretores contratados e termina com um interino. O Bahia contratou três laterais direitos e termina o ano com um da base titular. O principal ponto positivo é o patrimônio. A diretoria trabalhou bem na condução da renegociação para ter os dois CTs novamente em sua posse. Avançou no jurídico também.

Qual perfil de contratações irá buscar?

Primeiro critério é que o Bahia não pode ter promiscuidade na relação com empresário e não pode ser balcão de negócios para interesse pessoal de empresário. Depois dar ao torcedor de volta o orgulho de acompanhar o Bahia, o estímulo de ir à Fonte Nova, qualificando o elenco. O Bahia precisa buscar jogadores com perfil de ser ídolo.

O que pretende fazer para aumentar a receita do clube?

É inadmissível que o Bahia não tenha patrocinador máster. Seja da iniciativa privada ou por financiamento do governo, que seria a Caixa. Nesse aspecto é primordial que o Bahia tenha a certidão negativa. Permite que firme contratos com o governo federal e, principalmente, para dar opção de apresentar projeto de lei de incentivo ao esporte e assim ter um novo parâmetro para investir na base. O São Paulo tem de R$ 25 milhões a R$ 30 milhões/ano por projeto de lei de incentivo.

Qual Bahia você enxerga nos próximos três anos?

Um Bahia melhor gerido, onde seu torcedor se identifique com seus atletas, que recupere a mística. O torcedor merece ídolos. Onde o sócio será mais importante do que ele é. Temos que desenvolver o conceito de que o Bahia é de primeira.

César Sampaio, atual superintendente do Joinville, é seu preferido para o futebol?

É um bom nome. Tem experiência de gestão na função no interior de São Paulo, ficou um ano e meio no Palmeiras. Venceu a Copa do Brasil, classificou o time à Libertadores, esteve no rebaixamento no mesmo ano, portanto teve a experiência de vivenciar uma crise num grande clube. Tem 13 meses no Joinville, onde foi campeão da Série B. Considero preparado, sem vícios e sem velhas práticas. Quero alguém que olhe pro futuro.

Você tem o apoio de pessoas ligadas à atual diretoria, como Sidônio Palmeira. Se considera o candidato da situação?

Eu sou um candidato independente, embora tenha quatro grupos em minha base de apoio. Tenho apenas Sidônio da atual diretoria. Como também Rátis, Guilherme Belintani, Bobô. Não tenho por que esconder meus apoios, então não vejo por que me rotular. O rótulo diminui as pessoas. Temos que ser avaliados pelo nosso caráter, pela nossa índole e pelas nossas propostas e também por quem a gente diz que vai participar da nossa gestão, que são as pessoas que vão ajudar a construir o Bahia do futuro. Quem diz que me apoia não significa que vai ter cargo.

Antes de compor chapa com a Revolução Tricolor, negociou com a Associação Bahia Livre?

Talvez a ABL não tenha gostado da minha postura de estar próximo à Revolução Tricolor. Como candidato, tenho sido vítima de ataques pessoais com criação de factoides que buscam desqualificar a minha pessoa ao invés de haver a preocupação de fazer um Bahia mais forte.