Postado por - Newton Duarte

Mesmo ganhando menos, por que certos clubes preferem a Globo do que 'fechar' com o EI

Por que clubes preferem ganhar menos com a Globo do que fechar com a Turner

Em meio às negociações que se iniciaram para vender os direitos de transmissão para TV fechada de 2019 a 2023, uma pergunta logo vem à tona sobre o assunto: por que um clube prefere receber R$ 60 milhões da Globo/Sportv a receber pelo menos R$ 550 milhões da Turner/Esporte Interativo pelo mesmo produto? Com os números em mãos, optar pela proposta da Turner parece ser uma decisão óbvia. Mas a equação que leva à escolha dos clubes é bem mais complexa do que apenas olhar a diferença robusta de valor.

SERÁ QUE VAI DAR CERTO?

A começar pelo "know-how". Os clubes que estão tentados a manter o acordo com a Globo já sabem com quem conversam, com quem negociam, em como seu produto será exposto e tem consciência de como sua marca será tratada pela emissora. No caso da Turner, há uma incógnita: terá o canal estrutura o suficiente para comportar o Brasileirão? Terá a empresa norte-americana a mesma qualidade de transmissão?

Contra isso, a Turner tenta mostrar toda a sua atuação nos Estados Unidos, com números de audiência e relatórios de publicidade, alegando que não é uma aventureira. A ideia é passar segurança para os clubes que fiquem tentados a dizer sim.

Há outro aspecto em que a Globo se envolve e que, pelo menos a princípio, a Turner não mencionou interesse em colocar a mão: logística. Quando faz os pacotes de viagens para seus funcionários, a emissora já repassa aos clubes todo o esquema para chegar e sair do local do jogo, a recomendação de hotel para ficar e o voo a se pegar. Em caso de falha, há quem responsabilizar.

MEDO DE RETALIAÇÃO

Por mais que fechem com a Turner no mercado fechado, boa parte dos clubes sabe que seu produto ainda é mais visível quando o jogo é transmitido na TV aberta. O Esporte Interativo, entretanto, ainda não pretende entrar na competição pelos direitos de transmissão desse mercado com a Globo.

Por isso, os clubes têm medo de sofrerem retaliação. Ao fechar com o Esporte Interativo e deixar o Sportv de lado, os times acreditam que poderiam sumir das grades de programação da Globo, deixando de ter sua marca exposta em horários nobres, como domingo à tarde e quarta-feira à noite. Isso seria ruim para o time e também para os parceiros e patrocinadores, que ligam o sinal de alerta antes de colocarem um caminhão de dinheiro para aparecer nos uniformes.

PAY-PER-VIEW E VISIBILIDADE RESTRITA

Não só na TV aberta, como mostrou o tópico acima, mas há algo que coloca uma pulga atrás da orelha em alguns clubes. Se poucos clubes fecharem com o Esporte Interativo, o canal poderia ficar com poucos jogos para transmitir. Isso significa que os mesmos times estariam na grade a todo momento, o que faria seus torcedores fugirem do pay-per-view, diminuindo rentabilidade em outra propriedade de marketing.

Aqui, vale destacar que o Esporte Interativo só poderá transmitir o jogo dos times que comprar o direito. Por exemplo, se fechar com Santos, Inter e Grêmio, poderia transmitir apenas a partida entre eles. Quando o Santos fosse jogar contra o Corinthians, por exemplo, a partida não poderia ser transmitida em nenhum outro canal fechado, uma vez que cada clube tem acordo com uma emissora diferente.

Além disso, o alcance do Esporte Interativo ainda é menor do que de outros canais. O Sportv, por exemplo, está em operadoras como a Vivo TV e a SKY, onde o Esporte Interativo ainda não tem previsão de entrada.

CONSERVADORISMO EM TEMPOS DE CRISE

Muitos investidores preferem fechar o bolso em tempos de crise. Aparentemente, o Esporte Interativo caminha em direção inversa, mas não inspira confiança nos clubes. Há o receio de que a promessa não seja cumprida e que tudo não passe de uma empolgação.

Na ótica dos clubes, em tempos difíceis, a empresa poderia não cumprir com tantos acordos e os deixaria em situação complicada frente a Globo e ao Sportv. Por isso, haveria uma série de garantias financeiras que seriam exigidas para que o negócio fosse firmado.

O Esporte Interativo já divulgou nota admitindo que oferece valores muito maiores e ainda destacou que espera que isso ajude os clubes a se desenvolverem e fortalecerem seu time, o que melhoraria o nível técnico do campeonato de forma geral.

Nota Luis Peres @BahiaClub: A matéria trata do tema como se todos os dirigentes de clubes fossem homens probos, retos e de honestidade ilibada.

Como esperar isso de um futebol, onde Presidente de Clube de Série A, ora na Série B, publicamente prestava serviços à Rede Globo de "representante" em reuniões ?

Como levar a sério um futebol, onde o negociador de Direitos de TV nas transmissões, Marcelo Campos Pinto, foi demitido dos quadros da emissora tão logo explodiu o escândalo da FIFA, derrubando quase todos os seus dirigentes, e coincidentemente, quase que por unanimidade, seria guindado à Presidência de uma suposta Liga que estes mesmos clubes estariam formando?

Como imaginar honesto a preferência dos clubes pelo Presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello, como homem forte da APFUT, órgão criado para trazer transparência ao futebol e trazer o equilíbrio financeiro e econômico, sendo ele declaradamente contrário à mudança do abismo ora estabelecido? .    

Como alguém consegue entender os clubes, através de seus “preocupados” Presidentes, aceitarem a micharia sobre os direitos de transmissão em dentrimento dos valores publicitários tratados com a emissora?

Ora, não incluindo a todos, nossos dirigentes não comem na mão da Globo. Nossos Dirigentes não devem receber mimos a título de CPF nas negociações. TODOS os nossos dirigentes são honestos. Mas, meu guarda-chuva foi o que sumiu.

Não sejamos inocentes. Se a Rede Globo resolver mostrar a verdade, não ficará quase nenhum clube de pé, e quase nenhum Presidente solto. Isso é retaliação. Exemplos como Ricardo Teixeira e Eurico Miranda já estiveram diante de nós. Valeram um Globo Reporter especial com os melhores repórteres da emissora.

Como disse no começo, a matéria trata de um mundo quase perfeito. Nada mais. Um mundo que não existe nem nas novelas das 9.

Não somos contra a Rede Globo. Somos contra o monopólio e o abismo criado por ele.