Postado por - Newton Duarte

Mídia e você

Mídia e você

Vivemos num tempo onde tudo parece o Big Brother. Um “reality” show onde as vidas de todos aqueles personagens “reais” são dirigidas. De “corpos perfeitos”, definidos não sei por quem, como padrão de toda uma sociedade, chegando ao imbecil inculto, tratado como engraçado e popular. Não há velhos, nem crianças. Negros? “Não são bonitos!” A cota obrigatória serve para sair na primeira semana e com o “voto popular”. Racismo? É um absurdo! Mas, nada pode atrapalhar a asséptica “SOCIEDADE DE MERCADO”.

A mídia vem forjando idiotas em série. Somos obrigados a gostar das mesmas coisas, usar as mesmas cores, desejar o mesmo lixo tecnológico que perde a validade em menos de uma semana. Até times de futebol nos empurram goela abaixo: MengÃO ou TimÃO? Oras...?!? “Gênios bem intencionados” apresentam em 3D um mundo carcomido, como se tudo fizesse parte de um novo Jardim do Éden. Seguimos uma cartilha pensada à nossa revelia e com padrões rígidos, ou seremos descartados. “Matrix”... Mas, já?

Se não bastasse esse controle, nós, reles torcedores, somos diariamente bombardeados por uma gama de informações que ao final nos conduzem à ignorância ou a cegueira absoluta. Temos que aturar times ruins e obscuras administrações em nossos clubes. Fazem com que repliquemos suas afirmativas, sem nos dar o direito de ter nossa própria opinião. Também, por pura preguiça mental, aceitamos sem reclamar.

Ficamos discutindo entre nós, enquanto nossos verdadeiros adversários “jogam, soltos no meio campo”. Não saberíamos “como marcá-los”, é verdade. A constante indução ao erro é flagrante. Ocupam horas de programação, páginas e mais páginas dos jornais, discutindo a cor dos uniformes, os cortes de cabelos dos jogadores... Tudo é motivo para nos tirar do foco e da realidade. E nós? Ali! Firmes e fortes, terceirizando nossas consciências. Falar de Máfias no esporte não rendem anúncios.

Está insuportável presenciar um deplorável e grosseiro PATRULHAMENTO ideológico. Pior que nos tempos de chumbo. Quando a DITADURA MILITAR que Governou este país por 21 anos proibia o LIVRE pensamento. Quiçá transformar este pensamento em atitude.

Não consigo vislumbrar quem deu a determinadas pessoas o DOM DIVINO da CERTEZA ABSOLUTA ou a propriedade exclusiva da “VERDADEIRA VERDADE”. Se é que ela existe.

Portanto, creio que os histriônicos, descompensados, descontrolados mentais, histéricos, bonecos de ventríloquo ou que se permitem ser manipulados por quem quer que seja, saibam que não vão contar comigo. Descobri ainda pequeno que consigo pensar e agir apenas com MINHA consciência e a partir de minhas crenças

Abaixo, apenas uma mínima demonstração do que sofremos todos os dias. Pra bom entendedor...

O linguista Norte-Americano Noam Chomsky elaborou a lista das “10 estratégias de manipulação” através da mídia:

1- A ESTRATÉGIA DA DISTRAÇÃO.

O elemento primordial do controle social é a estratégia da distração que consiste em desviar a atenção do público dos problemas importantes e das mudanças decididas pelas elites políticas e econômicas, mediante a técnica do dilúvio ou inundações de contínuas distrações e de informações insignificantes. A estratégia da distração é igualmente indispensável para impedir ao público de interessar-se pelos conhecimentos essenciais, na área da ciência, da economia, da psicologia, da neurobiologia e da cibernética. “Manter a atenção do público distraída, longe dos verdadeiros problemas sociais, cativada por temas sem importância real. Manter o público ocupado, ocupado, ocupado, sem nenhum tempo para pensar; de volta à granja como os outros animais (citação do texto ‘Armas silenciosas para guerras tranquilas’)”.

2- CRIAR PROBLEMAS, DEPOIS OFERECER SOLUÇÕES.

Este método também é chamado “problema-reação-solução”. Cria-se um problema, uma “situação” prevista para causar certa reação no público, a fim de que este seja o mandante das medidas que se deseja fazer aceitar. Por exemplo: deixar que se desenvolva ou se intensifique a violência urbana, ou organizar atentados sangrentos, a fim de que o público seja o mandante de leis de segurança e políticas em prejuízo da liberdade. Ou também: criar uma crise econômica para fazer aceitar como um mal necessário o retrocesso dos direitos sociais e o desmantelamento dos serviços públicos.

3- A ESTRATÉGIA DA GRADAÇÃO.

Para fazer com que se aceite uma medida inaceitável, basta aplicá-la gradativamente, a conta-gotas, por anos consecutivos. É dessa maneira que condições socioeconômicas radicalmente novas (neoliberalismo) foram impostas durante as décadas de 1980 e 1990: Estado mínimo, privatizações, precariedade, flexibilidade, desemprego em massa, salários que já não asseguram ingressos decentes, tantas mudanças que haveriam provocado uma revolução se tivessem sido aplicadas de uma só vez.

4- A ESTRATÉGIA DO DEFERIDO.

Outra maneira de se fazer aceitar uma decisão impopular é a de apresentá-la como sendo “dolorosa e necessária”, obtendo a aceitação pública, no momento, para uma aplicação futura. É mais fácil aceitar um sacrifício futuro do que um sacrifício imediato. Primeiro, porque o esforço não é empregado imediatamente. Em seguida, porque o público, a massa, tem sempre a tendência a esperar ingenuamente que “tudo irá melhorar amanhã” e que o sacrifício exigido poderá ser evitado. Isto dá mais tempo ao público para acostumar-se com a ideia de mudança e de aceitá-la com resignação quando chegue o momento.

5- DIRIGIR-SE AO PÚBLICO COMO CRIANÇAS DE BAIXA IDADE.

A maioria da publicidade dirigida ao grande público utiliza discurso, argumentos, personagens e entonação particularmente infantis, muitas vezes próximos à debilidade, como se o espectador fosse um menino de baixa idade ou um deficiente mental. Quanto mais se intente buscar enganar ao espectador, mais se tende a adotar um tom infantilizante. Por quê? “Se você se dirige a uma pessoa como se ela tivesse a idade de 12 anos ou menos, então, em razão da sugestão, ela tenderá, com certa probabilidade, a uma resposta ou reação também desprovida de um sentido crítico como a de uma pessoa de 12 anos ou menos de idade (ver “Armas silenciosas para guerras tranquilas”)”.

6- UTILIZAR O ASPECTO EMOCIONAL MUITO MAIS DO QUE A REFLEXÃO.

Fazer uso do aspecto emocional é uma técnica clássica para causar um curto circuito na análise racional, e por fim ao sentido critico dos indivíduos. Além do mais, a utilização do registro emocional permite abrir a porta de acesso ao inconsciente para implantar ou enxertar ideias, desejos, medos e temores, compulsões, ou induzir comportamentos…

7- MANTER O PÚBLICO NA IGNORÂNCIA E NA MEDIOCRIDADE.

Fazer com que o público seja incapaz de compreender as tecnologias e os métodos utilizados para seu controle e sua escravidão. “A qualidade da educação dada às classes sociais inferiores deve ser a mais pobre e medíocre possível, de forma que a distância da ignorância que paira entre as classes inferiores às classes sociais superiores seja e permaneça impossível para o alcance das classes inferiores (ver ‘Armas silenciosas para guerras tranquilas’)”.

8- ESTIMULAR O PÚBLICO A SER COMPLACENTE NA MEDIOCRIDADE.

Promover ao público a achar que é moda o fato de ser ESTÚPIDO, VULGAR E INCULTO…

9- REFORÇAR A REVOLTA PELA AUTOCULPABILIDADE.

Fazer o indivíduo acreditar que é somente ele o culpado pela sua própria desgraça, por causa da insuficiência de sua inteligência, de suas capacidades, ou de seus esforços. Assim, ao invés de rebelar-se contra o sistema econômico, o individuo se auto-desvalida e culpa-se, o que gera um estado depressivo do qual um dos seus efeitos é a inibição da sua ação. E, sem ação, não há revolução!

10- CONHECER MELHOR OS INDIVÍDUOS DO QUE ELES MESMOS SE CONHECEM.

No transcorrer dos últimos 50 anos, os avanços acelerados da ciência têm gerado crescente brecha entre os conhecimentos do público e aquelas possuídas e utilizadas pelas elites dominantes. Graças à biologia, à neurobiologia e à psicologia aplicada, o “sistema” tem desfrutado de um conhecimento avançado do ser humano, tanto de forma física como psicologicamente. O sistema tem conseguido conhecer melhor o indivíduo comum do que ele mesmo conhece a si mesmo. Isto significa que, na maioria dos casos, o sistema exerce um controle maior e um grande poder sobre os indivíduos do que os indivíduos sobre si próprios.


Biografia: Avram Noam Chomsky (Filadélfia, 07 de dezembro de 1928) é um linguista, filósofo e ativista político Norte-Americano. É professor de Linguística no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT). Seu nome está associado à criação da gramática ge(ne)rativa transformacional. É também o autor de trabalhos fundamentais sobre as propriedades matemáticas das linguagens formais, sendo o seu nome associado à chamada Hierarquia de Chomsky.

(O caput deste texto foi escrito e publicado em 27/01/2013. Sofreu, agora, com pequena adequação para o momento)