Postado por - Heitor Montes

Minimizando confusão no intervalo, Jean promete: Vamos jogar para Hernane

Por pouco mais de 90 minutos, ele foi o alvo preferencial de aproximadamente 13 mil pessoas. A cada tiro de meta, gritos em tom de ofensa ecoavam nas arquibancadas. No primeiro Ba-Vi de torcida única, realizado na noite desta quinta-feira no Barradão, o goleiro Jean se tornou a personificação da rivalidade presente no clássico baiano. Ainda no aquecimento, surgiram as primeiras vaias direcionadas ao atleta formado nas divisões de base do Bahia. E a resposta veio na mesma moeda. Como provocação, Jean acenou para os rubro-negros.

Durante o primeiro tempo do jogo de ida das semifinais da Copa do Nordeste, o embate seguiu quente. Jean caía no gramado, pedia atendimento médico e era vaiado. A situação se repetia a cada bola recuada. No intervalo, o duelo atingiu o ápice. O goleiro tricolor retornou do vestiário para aquecer, mas encontrou o gol ocupado por sócios e funcionários do Vitória em uma ação de marketing para defesas de pênaltis. Sem se intimidar, ele tirou as placas colocadas nas traves e enfrentou a ira do locutor do estádio.

- Respeite o santuário. Vaias para ele, pessoal. Respeite o santuário – bradava o locutor, enquanto Jean, calmamente, conversava com dois funcionários do Vitória. No fim, o goleiro levou a melhor e conseguiu aquecer. A ação de marketing foi suspensa.

No fim da partida, quando caminhava para o ônibus do Bahia, Jean comentou o comportamento da torcida do Vitória e também a confusão ocorrida no intervalo. Para quem está acostumado a disputar Ba-Vi’s desde a adolescência, tudo não passou de um efeito da rivalidade.

- Tenho nada contra a torcida do Vitória. Isso é porque já demonstrei minha relação com a torcida do Bahia, relação boa. E ali [no intervalo] fui entrar para aquecer, estava tendo uma ação de marketing, pedi para tirar para aquecer, eles não tiraram. O locutor começou a falar, o mascote veio me xingar. Só tirei para aquecer.

O clássico terminou com triunfo de virada do Vitória por 2 a 1, para alegria dos pouco mais de 13 mil pagantes e tristeza de Jean. O jogo foi cercado de polêmica e confusão. Ainda no primeiro tempo, Gustavo dividiu uma bola com Kanu, atingiu o zagueiro no rosto e foi expulso. O cartão vermelho desencadeou uma discussão generalizada, com ânimos exaltados até mesmo entre membros das comissões técnicas dos dois times.

Para Jean, os times pecaram ao não dar o exemplo contra a violência. Logo em um clássico que teve torcida única por conta de uma recomendação do Ministério Público da Bahia (MP-BA), motivada por brigas generalizadas e a morte de um torcedor do Bahia após o Ba-Vi realizado no início do mês.

- Ficou um pouco feio. A gente preza tanto pela paz. No Ba-Vi passado, infelizmente, tivemos a morte de um torcedor do Bahia. Era para ter torcida mista [no Ba-Vi da última quinta-feira]. Infelizmente aconteceu a fatalidade. Não podemos servir de exemplo para isso. Temos que dar exemplo da paz. Clássico é assim, nervos esquentam, mas isso não pode acontecer.

Jogar por Hernane

O Ba-Vi de domingo, marcado para a Arena Fonte Nova, novamente pelas semifinais da Copa do Nordeste, não contará com Hernane. O atacante sofreu uma fratura na tíbia e ficará cerca de 90 dias afastado das atividades com bola. Gustavo, expulso no clássico de quinta-feira, será outra ausência, suspenso. Jean espera conquistar a classificação no domingo para dedicar o resultado a Hernane, que é titular absoluto da equipe e uma das lideranças dentro do elenco.

- Na verdade, não perdemos um, perdemos dois. Hernane e Gustavo. Vamos jogar para ele. Ele não poderá estar em campo. Vamos jogar para ele e vamos fazer o resultado em casa, se Deus quiser conseguir a classificação para a Copa do Nordeste.

Para o Ba-Vi de domingo, a tendência é que Guto Ferreira escale Edigar Junio como referência no ataque. O atleta cumpriu a função na temporada passada, quando Hernane sofreu uma lesão no joelho e desfalcou o Tricolor na reta final do Campeonato Baiano.

Fonte: Globo Esporte