Não é por acaso que o Bahia tem hoje o melhor ataque do Brasileirão 2017 com 10 gols. Apesar dos resultados adversos contra Vasco e Botafogo, ambos longe de Salvador, o desempenho da equipe baiana tem sido bastante satisfatório neste início de competição. E muito disso passa pelo bom planejamento em contratações da diretoria, que preencheu com qualidade técnica o setor mais importante do futebol: o meio de campo.
Renê Júnior, Régis, Allione, Zé Rafael, Vinícius, Juninho... Atletas que, apesar de não terem se firmado em centros de maior expressão durante suas últimas experiências, sempre tiveram uma boa relação com a bola. Hoje, ajudam a equipe agora treinada por Jorginho a ter o controle do meio de campo. Tido como um time mais reativo, justamente por dar a bola aos seus adversários em alguns momentos, o Bahia também joga. Tem sido uma equipe equilibrada neste sentido, que alterna bem ritmos e se adapta às estratégias pensadas de jogo para jogo. Ao mesmo tempo vê antigas promessas de outros clubes desabrochando para o futebol.
Outra questão importante é o fato de todos estes atletas acima chegarem na área. Renê, que é tido como um volante lento, busca os passes mais forçados para dar velocidade ao jogo e ataca espaços em profundidade. Até Edson (que saiu lesionado contra o Atlético-GO), que é um jogador mais de força, vira e mexe infiltra em direção do gol adversário. Juninho, seu substituto da última partida, trabalha bem nas invertidas de jogo para tirar a bola da pressão. Resumindo, até os "mais defensivos" mostram uma importância grande na construção e conclusão das jogadas.
Mas o que mais chama a atenção mesmo é a móvel linha de três meias. Na vitória sobre o Atlético-GO, o 4-2-3-1 posicionado em campo tinha Zé Rafael, Vinícius e Allione. Jogadores que, apesar de agudos em suas essências, têm uma grande capacidade criativa. De promessa no Coritiba a empréstimos a equipes menores, Zé Rafael vem sendo uma grata surpresa na competição até aqui. Dinâmico, executa rápido suas ações com bola e está sempre fazendo movimentos de apoio para abrir linhas de passe.
Allione, por outro lado, é o cara que conduz mais. Ainda na Argentina, quando foi relevado pelo Vélez Sarsfield, era visto com um dos grandes valores da sua geração e foi seguido de perto por europeus. Se não se firmou no Palmeiras, hoje é quem acelera, prende e pensa o jogo no Tricolor Baiano... Toma boas decisões e dá ritmo da equipe. Já Vinícius, que estreou com gols, cai pelos lados, tem bom drible curto e finalizações de média distância. Após uma série de problemas disciplinares no Atlético-PR, agora vê no Tricolor a grande chance para voltar aos trilhos.
Enquanto isso, vê mais "promessas" chegarem para dar profundidade ao elenco. Gustavo Ferrareis, que também estreou com gol na Arena Fonte Nova, é um destes bons exemplos. Criado na base do Internacional, tem tudo para ganhar mais minutos de jogo e dar o salto evolutivo tão esperado desde que subiu ao profissional. O lateral-esquerdo Matheus Reis, revelado pelo São Paulo, é outro que, aos poucos, vai ganhando espaço com boas atuações.
Em busca de se manter na Série A, o Bahia vai apostando no talento que não maturou nos rivais espalhados pelo Brasil e na qualidade técnica para controlar jogos. É cedo para dizer se os objetivos para a temporada serão alcançados, mas o início é animador. Com a força de sua torcida e boas individualidades dentro de um contexto coletivo bem organizado, tem tudo para dar o passo adiante que tanto busca no cenário nacional. A boa gestão, aos poucos, vai refletindo no campo.
Fonte: ESPN Brasil
