Postado por - Newton Duarte

MS nega pressão por fim de jejum e avisa: “Técnico não é mágico”

Treinador tricolor cobra regularização de atletas contratados na intertemporada, diz que já viveu momentos mais turbulentos no Bahia e planeja voos altos para o clube

A entrevista ocorreu de maneira inesperada. Pela agenda do clube, o goleiro Marcelo Lomba e o meia Emanuel Biancucchi seriam os únicos a falar com a imprensa nesta sexta-feira. No entanto, Marquinhos Santos surpreendeu. Quando vários jornalistas se preparavam para deixar o Fazendão, o treinador entrou na sala de imprensa e pediu para falar. Após alguns segundos de descrença, todos se prepararam e começaram a fazer perguntas. Nas respostas, o técnico tricolor parecia desabafar, como se dissesse algo que estava preso na garganta.

Marquinhos Santos cobrou a regularização dos reforços contratados (Foto: Felipe Oliveira/Divulgação/EC Bahia)

Para começar, Marquinhos admitiu o incômodo pela sequência negativa do Bahia no Campeonato Brasileiro. O Tricolor está há sete partidas sem triunfos na Série A, o que inclui uma série de cinco derrotas seguidas. A sequência é a pior do clubena história dos pontos corridos.

- O incomodo existe. Não só pela falta de vitórias, mas também pela qualidade do jogo. Contra o São Paulo, errei. Tentei consertar no intervalo, mas o jogo já estava com o placar de 2 a 0. Vivemos o pior momento, mas também vivemos o melhor momento do Bahia. Agora é pensar no Atlético-MG e fazer uma boa partida – declarou o técnico.

Apesar de incomodado com a série negativa, Marquinhos Santos não se sente pressionado. O treinador está calejado por turbulências ocorridas durante a temporada no clube. Sobrevivente, o técnico superou a eliminação na Copa do Nordeste, os tropeços no início do Campeonato Baiano e se manteve no cargo. Ele espera fazer o mesmo nesta nova fase ruim e permanecer no Fazendão até o fim do ano.

Técnico não é mágico. Vou acertar e errar. Não sou omisso".
Marquinhos Santos

- Entendo que o momento de maior pressão foi no início da temporada. Não conheciam meu trabalho, não me conheciam. Não me sinto em pressão diferente do que é o futebol. Vale lembrar que tivemos êxito quando tivemos sequência de equipe. Não estou preocupado. Sou muito tranquilo. O que mais me importa é coloca a cabeça no travesseiro e ter a consciência de que estou fazendo o melhor. Técnico não é mágico. Vou acertar e errar. Não sou omisso. Quero tirar o Bahia dessa situação incomoda – afirmou.

Marquinhos Santos não está sozinho na briga para acabar com o jejum de triunfos do Bahia. O treinador destaca que o grupo está unido para fazer com que o Tricolor volte a vencer no Brasileirão e que os jogadores confiam no trabalho desenvolvido na temporada.

- A relação com os jogadores é boa. Isso é demonstrado no dia a dia. Não há atos de indisciplina. Os atletas estão tranquilos, procuram fazer o que é trabalhado. Eles tem tentado, não deixaram de correr um minuto. É um momento complicado. Perdemos pontos antes da parada. Trouxemos para nós esse problema pelo qual estamos passando – avaliou.

E para reerguer o Bahia na tabela de classificação do Campeonato Brasileiro, Marquinhos Santos se permitiu até criticar a demora na regularização de atletas contratados durante a intertemporada. A diretoria tricolor trabalha para deixar o meia Marcos Aurélio e o atacante Kieza à disposição do treinador. Contudo, a dupla ainda não deve atuar neste sábado, quando o time baiano encara o Atlético-MG no Independência, pela 11ª rodada da Série A.

- O Bahia não consegue colocar os caras em condições de jogo. Outros atletas chegaram e já estão regularizados. Aguardo, porque são importantes - ponderou.

TORCIDA E DIVISÃO DE RESPONSABILIDADES

Marquinhos Santos não se ilude. Ele sabe que o prolongamento da série negativa do Bahia no Brasileirão pode custar seu cargo como técnico da equipe. O treinador lembra que a cultura do futebol brasileiro costuma colocar na conta do técnico os tropeços ocorridos durante a temporada, mas diz que no Tricolor é diferente.

- No futebol, sempre a conta vem primeiro para o treinador. É a cultura do futebol brasileiro. No Bahia, a gente divide as responsabilidades. Cada um sabe onde acertou e errou. Isso é o diferencial do Bahia, uma maneira honesta de gerir. Traz tranquilidade nesse sentido. Não coloco o jogador por que a torcida pede, sigo minhas convicções. De repente um atleta não tem um dia bom e compromete o sistema de jogo - declarou o técnico.

Para encerrar o jejum de triunfos, Marquinhos Santos não poderá contar com o apoio da torcida do Bahia. Além do jogo contra o Atlético-MG ser fora de casa, o Tricolor terá dois jogos na Fonte Nova com portões fechados por determinação do STJD, que puniu o clube por superlotação das arquibancadas do Joia da Princesa em partida ocorrida no último mês de maio. A ausência dos torcedores é motivo de lamentações para o treinador.

- Quando cheguei, me disseram que tem coisas que só acontecem com o Bahia. Hoje vejo que é verdade. Fomos prejudicados antes da parada por fazer jogos em estádios diferentes. Uma dessas praças nos tirou dois jogos com a torcida. Isso me deixou chateado, preocupado - disse.

Apesar da preocupação, Marquinhos Santos se mantém otimista. O treinador ainda acredita que é possível que o Bahia voe alto, embora o Tricolor ocupe a 16ª colocação do Campeonato Brasileiro com oito pontos conquistados.

- Lá atrás falava que o pensamento tinha que ser 46 pontos para depois se pensar em algo maior. Chega a um momento que todo mundo torce para chegar logo aos 46 pontos. Claro que a gente pensa em colocar o Bahia na Libertadores. Tem alguns caminhos: Brasileiro, Copa do Brasil ou Sul-Americana. Um desses campeonatos tem que ser equilibrado e o outro atacar de forma objetiva - encerrou.

Origem : Ge.com