Postado por - Newton Duarte

Na Espanha, Clubes pressionam Presidente da Federação por venda centralizada de direitos de TV

Clubes pressionam presidente da federação espanhola por venda centralizada de direitos de TV

Javier Tebas, presidente da LFP

A briga pela divisão mais justa dos direitos de TV na Espanha ganha mais um capítulo. Os clubes do país e a LFP (Liga de Fútbol Profesional), a liga espanhola, pressionam para que o presidente da Real Federación Española de Fútbol (RFEF), Ángel María Villar, tome as medidas necessárias para aprovar o decreto-lei que determina venda coletiva de direitos de transmissão. Como já mostramos aqui, atualmente a venda é individual, mas o modelo começou a ser revisto.

O decreto, se aprovado, acabará com a venda individual de direitos de transmissão e levará à redução da diferença que Barcelona e Real Madrid recebem em relação aos demais. A venda centralizada começaria a valer a partir da temporada 2016/17. Este acerto foi feito em uma reunião na última quinta-feira no Ministério da Cultura com o ministro José Ignacio Wert, o secretário de Estado, Miguel Cardenal, e o presidente da LFP, Javier Tebas. Villar não participou da reunião.

Villar é contra o decreto-lei que os clubes querem aprovar. Como é próximo a Blatter, Villar usa a sua influência na Fifa para alegar que o decreto-lei é uma intervenção do governo no futebol. Do outro lado, os clubes têm feito uma pressão constante para que a medida seja aprovada o quanto antes. Em janeiro, insatisfeitos com a demora para que a lei fosse aprovada, os clubes ameaçaram fazer greve.

A situação parece irreversível a essa altura. Os clubes que pedem pela mudança já são maioria. Um dos grandes beneficiados do sistema atual de venda de direitos, o Barcelona, também se convenceu que o melhor é centralizar as vendas de direitos de TV. A razão é simples: o clube catalão sabe que La Liga precisa ser forte para aumentar o valor dos direitos de transmissão e conseguir concorrer com a bilionária Premier League. Ou seja: só mesmo o Real Madrid ainda é empecilho, mas também não fará tanta força assim para evitar.

É preciso que a RFEF assine o decreto-lei para que ele seja válido. Só que mais do que uma assinatura, os clubes e a liga querem que Villar seja ativo para que a aprovação dessa lei venha o quanto antes, porque consideram de fundamental importância. Os clubes não se sentem representados por Villar e, por isso, ameaçam deixar os seus cargos executivos na RFEF se o presidente da entidade não mudar a sua atitude.

“Entre as medidas que falamos está abandonar os postos institucionais que os presidentes dos clubes na Federação”, declarou Tebas. “Se a reação não ocorrer em poucos dias, teremos que deixar esses cargos na Junta Diretiva ou o Comitê Executivo”, disse ainda o presidente da liga. Não satisfeito, Tebas ainda foi mais enfático. Disse que quando os clubes pedem que Villar modifique imediatamente a sua postura, se referem a fazer isso “em um curto espaço de tempo”. “Acreditamos e queremos que o Decreto Real seja aprovado em abril. A decisão tem que ser imediata, não em alguns dias, e o presidente da Federação tem que mudar a atitude a essa respeito”, ressaltou ainda o dirigente.

Neste momento, parece inevitável que a centralização dos direitos de TV aconteçam. Até o Barcelona sabe que precisa abrir mão do seu privilégio se não quiser que a Liga Espanhola, La Liga, acabe ficando tão atrás da Premier League, a principal concorrente. Villar parece estar só se desgastando mais com essa questão. Cada vez mais, liga e clubes falam uma língua diferente da federação.