Postado por - Heitor Montes

Na reta final da Série B, Guto Ferreira diz que é hora de dar uma guinada

Guto Ferreira concede entrevista antes da partida dessa sexta-feira contra o Brasil de Pelotas, na Arena Fonte Nova. Time gaúcho é concorrente direto

O Brasil de Pelotas é o primeiro dos oito adversários que o Bahia tem pela frente até o fim da Série B. A partida contra a equipe gaúcha, que tem um ponto a menos que o Tricolor e é um concorrente direto na briga pelo acesso, está marcada para esta sexta-feira, às 21h30 (horário de Brasília), na Arena Fonte Nova. O jogo é válido pela 31ª rodada.

Na tarde desta quinta, antes do último treino de preparação para a partida, o técnico Guto Ferreira concedeu entrevista coletiva na Fonte Nova. O treinador falou sobre a necessidade de superar as dificuldades enfrentadas pela reformulação que aconteceu com o campeonato em curso para dar uma guinada rumo ao G-4. Para ele, o momento é agora.

Da equipe que estava, houve troca em quase metade da equipe. Quando isso acontece, uma troca considerável, um grupo que passa por experiências novas, um aprendendo com o outro. Quando você escorrega, como escorregamos contra o CRB, são experiências assimiladas para o grupo novo. Os jogadores já passaram essa experiência em algum lugar, mas não passaram juntos. E será que passaram? Tem uma série de situações que só o momento é quem diz. Mas não adianta ficar chorando, porque foi uma opção para se qualificar. Se quisermos chegar, precisamos assimilar todas as experiências e ultrapassar obstáculos, para que possamos, sim, dar essa guinada, porque, se não dermos essa guinada, não vamos atingir o objetivo final. E esse é o momento, porque é o momento que resta, não tem outro

Guto não tem o hábito de confirmar a equipe que entra em campo, mas ela não deve ter novidades. Ele ganha o retorno do lateral Moisés, que cumpriu suspensão, e deve manter o atacante Wesley Natã entre os titulares. Dessa forma, o Tricolor vai a campo com Muriel; Eduardo, Jackson, Tiago e Moisés; Juninho, Luiz Antônio e Renato Cajá; Wesley Natã, Edigar Junio e Hernane.

Questionado sobre a possibilidade de manter Natã para ajudar na bola aérea, o técnico tricolor preferiu destacar a virtude do jogador em criar jogadas pelo lado do campo – Wesley Natã marcou um gol de cabeça em sua partida de estreia, na goleada sobre o Tupi.

Vamos ver como vamos. Não é só ele cabecear, porque o Hernane também cabeceia, o Edigar cabeceia. Importante é ter alguém na área. Importante também é, no caso de Misael, Allano, qualquer outro que queria aproveitar - até Cajá está entrando na área e cabeceando -, o importante é que ele também sabe cruzar, sabe fazer jogadas de lado de campo. O importante é que o Bahia crie e converta

Com 46 pontos conquistados, o Bahia é o sexto colocado da Série B. O Tricolor tem dois pontos a menos que Náutico, Avaí e Londrina, que estão em terceiro, quarto e quinto lugares, respectivamente. O Brasil, oitavo colocado, tem 45.

Confira abaixo outros trechos da coletiva de Guto Ferreira.

COMPROMETIMENTO

Função nossa é essa. Vocês [imprensa] só vão desenvolver um grande trabalho quando se sentirem importantes dentro de uma estrutura. Independente de ter a pauta número um ou a número 20, de ter um espaço na da primeira página ou no canto de cinco linhas no jornal, se você se sentir importante, você pode surpreender e fazer toda a diferença naquele dia. Isso que tento passar para eles. E quantos que nem pauta escrevem? Sustentam para não ter erros de português, para uma série de situações importantes e ter um produto de qualidade no final. Isso é o que passamos. A gente diz que não tem comprometimento de 99%. Ou você está comprometido ou não está. Quem está não mede esforços para colher resultado positivo. Quem não está, ele fica medindo e, mesmo com a pauta principal, ele não consegue dar o melhor, porque ele enxerga muito mais "ele" do que o “nós”. E isso não serve para nós. Tem que ter a consciência de que o mais importante é o Bahia. Isso acontece diariamente. A gente cobra, eles entendem e hoje se cobram também. Hoje, no grupo do Bahia, quem não consegue pensar dessa maneira, o próprio grupo cobra de maneira forte, e até, com o tempo, vai encostando, porque comportamento gera desempenho qualificado, que gera resultado importante, que gera objetivo alcançado. O importante não é o Guto. Guto nessa história toda é só um mentiroso. Eles são importantes. Nós só estamos aqui mostrando um caminho. Às vezes eles têm dúvida de que esse caminho é o certo, por isso dizemos que é mentira. E na hora que ele acredita naquela mentira, que na verdade não é mentira, a gente só está pegando o jargão para fazer humor, ele acaba transformando em verdade, e aí a coisa acontece.

REDENÇÃO DE TINGA

Satisfação, orgulho, porque ele não estava 100% errado quando teve o erro. A gente apoiou, porque sabe o quanto ele trabalha, sabe do caráter. Ele dar essa resposta, são momentos de muita satisfação. Orgulho do jogador, que é a resposta que ele tem. Só erra quem está lá dentro, em momentos que, às vezes, não se explica. Ninguém mais do que ele sentiu o pênalti que ele fez. Ninguém mais do que ele, a carga de pressão, a indignação. Você acha que ele não se cobra? Mas ele sempre foi apoiado pelo grupo, comissão e direção. Tenho certeza de que todos dentro de grupo estão muito satisfeitos.

DEVOLVENDO A "CORNETA"

Esse perfil de torcedor não é o perfil do torcedor do clube. Isso aí é um frustrado em algum seguimento da sua vida, que utiliza de um nome, muitas vezes fake, se utiliza de um espaço para não informar nada para ninguém, para dizer através daquele espaço que sabe, mas ele só está atrapalhando. O torcedor mesmo, aquele cara que sabe, ele não entra com uma conotação pejorativa. O cara de caráter vem e faz o tipo de comentário de uma maneira veemente, nos espaços que lhe são dados para poder tecer uma crítica construtiva. Existem críticas construtivas e destrutivas. A destrutiva soma o quê? Se você é torcedor, com uma crítica destrutiva, você está visando destruir o seu clube. Aquele cara que não consegue se perceber e utiliza esse espaço para fazer esse tipo de comentário tem que refletir mais, se ele realmente é torcedor, se é realmente apaixonado, ou se está ali só para aparecer, para chamar atenção para ele. E isso, tanto torcedor quanto a mídia, tem que saber fazer essa leitura, porque às vezes se utiliza de estatística, ocupando espaço para fazer esse tipo de coisa e destruindo um trabalho que pode estar num momento de se equilibrar, e acaba gerando uma pressão que, para aquele momento, não é capaz de suportar, e se perde todo o trabalho até ali por um momento de instabilidade no futebol. Você joga tempo e dinheiro fora e depois fica reclamando que os clubes não têm dinheiro, que assinaram contrato com A, com B, com C, e não têm dinheiro para honrar, e é reflexo de situações como essa. No momento errado, de uma maneira errada, foi feita uma crítica destrutiva, e muitas vezes o cunho dela era de promoção pessoal e nunca uma crítica construtiva ao grupo. Para mim, esse tipo de coisa não soma nada. Eu vinha conversando com alguns torcedores que me falam isso. Torcedor do Bahia é extremamente apaixonado. Ele, ultimamente, por estar machucado, é a segunda Série B, de repente ele se torna até um pouco chato. Mas que esse perfil não reflita nesse momento, que é um momento de apoio. Se por ventura algo não estiver dando certo, não é com uma crítica destrutiva que vai mudar. Depois, se não acontecer, no dia 26 de novembro, é hora de fincar pé para mudanças significativas. Mas, nesse momento, ainda não. Mais do que nunca, precisamos dessa energia para construir e não para destruir

Fonte: Globo Esporte