Empresário do treinador diz que Bahia fez proposta e ofereceu um ano e meio de contrato. Vice-presidente admite conversa com um técnico ocorrida no último domingo
A busca por um substituto para Doriva no Bahia tem um favorito. Técnico da Chapecoense, Guto Ferreira é tratado como o principal candidato para comandar o Tricolor na sequência da Série B do Campeonato Brasileiro. O empresário do treinador, Adriano Spadoto, confirmou uma oferta vinda do clube baiano. Segundo o agente, o convite ocorreu no domingo, quando a Chape estava em Salvador para a partida contra o Vitória, pela nona rodada do Brasileirão. Spadoto disse que a negociação está em andamento e que o contrato proposto é de um ano e meio. No início da noite desta segunda-feira, contudo, o vice-presidente do Bahia, Pedro Henriques, negou que o clube tenha feito, até o momento, proposta oficial por um técnico. Ao programa do Esquadrão, programa de rádio oficial do clube, o dirigente afirmou que realizou sondagens e também elogiou Guto Ferreira, treinador que “agradaria diretoria e torcida”.
Eu fui surpreendido com informações de que o Bahia já tinha feito uma proposta para o Guto Ferreira, que a diferença entre o que o Bahia teria oferecido e o que o Guto pediu era de R$ 50 mil. Não existiu proposta nenhuma. A gente fez todo esse procedimento [do desligamento de Doriva] no sábado. No domingo pela manhã, nós comunicamos aos atletas. E a após isso, sentamos para definir os nomes. Houve, efetivamente, uma conversa só à tarde com o técnico que nós definimos como prioritário. Foi uma sondagem, nenhuma proposta oficial. Guto Ferreira não recebeu nenhuma proposta oficial. A gente sabe como funciona o futebol. Se olhar, você vai ver 60 nomes oferecidos. Guto vem fazendo um bom trabalho, a gente analisa o trabalho dele desde o ano passado. É um nome que eu acho que agradaria a diretoria e a torcida. Mas existem outros nomes, sondagens. As negociações vão começar quando a gente fizer as propostas. Já houve conversas? Sim. Mas não houve propostas – declarou Henriques.
O vice-presidente tricolor também falou sobre a decisão de demitir Doriva. No sábado, após a derrota para o Londrina, na Arena Fonte Nova, o diretor de futebol Nei Pandolfo garantiu o técnico no cargo. Horas depois, durante a madrugada de domingo, a rescisão de contrato foi anunciada.
Henriques disse que a derrota para o Londrina não foi o único fator que influenciou na decisão da diretoria. A queda de rendimento nas retas finais do Campeonato Baiano e da Copa do Nordeste, no início da temporada, tiveram peso na saída do treinador.
- Não foi a derrota por si só que determinou o desligamento de Doriva. Sempre tentamos ao máximo dar tempo para o trabalho do treinador se desenvolver. Doriva começou o ano com bons resultados, mas quando chegou na fase decisiva dos campeonatos, acabamos sucumbindo. Perdemos para o Santa Cruz em casa, para o rival. Mas ele conseguiu, pelo menos no último jogo do Campeonato Baiano, uma mudança tática e de postura que deu esperança de conseguir evoluir ao longo do ano para atingir o nosso objetivo. E então nós estabelecemos internamente uma meta. E na nossa cabeça, eu, particularmente, acho que o Bahia, até a 10ª rodada, não poderia ter menos de 21 pontos, 71% de aproveitamento. É uma meta muito alta, mas factível. E o Bahia não cumpriu essa meta, e não cumpriu miseravelmente. Nós temos 17 pontos de 30 disputados, sendo que jogamos seis partidas em casa. Claro que é uma meta ousada 70%, mas o Bahia poderia fazer mais. A gente sabe que o time não é perfeito, mas em termo de elenco as pessoas só elogiam. Se a gente tem esse elenco e não está vendo corresponder na tabela de classificação, a gente tem que fazer uma mudança. O Doriva é uma grande pessoa, tem uma filosofia de trabalho interessante, mas a gente entendeu que é necessário mudar. (...) A gente não toma decisão no vestiário. Conversamos e o desligamento foi feito em um horário ruim, mas nós entendemos que era necessário porque tínhamos o treinamento durante a manhã. E seria constrangedor chamar Doriva para conversar em meio a todo grupo profissional. Tivemos uma conversa tranquila. Hoje Doriva esteve no Fazendão e acertamos todos os detalhes. Uma relação que não deu certo, mas vida que segue.
Sobre o novo técnico, Henriques afirmou que busca um profissional que tenha um perfil que se adeque ao elenco do Bahia.
- Uma coisa é a gente contratar um treinador no início da temporada, que vai formar um grupo, vai dizer a maneira que ele gosta de jogar, qual o esquema tático que ele prefere. E aí a gente monta o time para o que o treinador pretende. Hoje a gente já tem um elenco praticamente fechado. Pode acontecer uma ou outra contratação, mas já tem o elenco praticamente fechado. O primeiro item que a gente vai avaliar é se o treinador se encaixa no que o Bahia tem hoje de proposta e capacidade de jogo. Não adianta, por exemplo, vir treinador que queira jogar no 3-5-2. O Bahia não joga no 3-5-2. O Bahia não tem alas. Tem que vir um treinador que se encaixe e que faça com que os jogadores desenvolvam o seu potencial. Com certeza, o Bahia tem atletas que ainda não renderam todo o seu potencial. Temos que desenvolver esse potencial. Tem que ser um treinador que, vendo essa capacidade que o Bahia tem, o material humano, desenvolver da melhor forma possível. A gente avalia isso, se o treinador joga dessa forma, se tem tido bons resultados. A gente vem fazendo uma lista e nós vamos contratar na maior brevidade possível, mas sem agonia. Não podemos nos precipitar. Demissão de treinador não é simples. É caro.Tem impacto financeiro no clube. A gente tem que ter cuidado, critério. A gente já fez 15 contratações esse ano e dessa mesma forma tem que ter cautela.
Na tarde desta segunda-feira, a diretoria da Chapecoense teve uma reunião com Guto Ferreira, que admitiu ter sido procurado pelo Bahia. O presidente Sandro Pallaoro disse que o clube verde e branco não deve entrar em qualquer tipo de leilão. O contrato de Guto com a Chape é até o fim deste ano e não há multa rescisória. O certo, conforme a o clube catarinense, é que Guto treine a equipe nesta quarta-feira, na partida contra o Atlético-PR.
JOEL SANTANA
- A gente entende a ansiedade da torcida. Mas não existe nenhuma conversa. Até as 17h de ontem o Bahia não tinha conversado com nenhum treinador. Várias pessoas nos procuraram, nos ofereceram treinadores. Treinadores entraram em contato com a gente. Agora, iniciativa do Bahia só existiu em um determinado caso. A gente tem uma lista de treinadores com prioridade para assumir o nosso comando. A gente está estudando isso com critério. De ontem para hoje surgiram novos nomes. Temos que ter calma. A gente tem que ter cuidado para fazer a contratação correta.
PANDOLFO PARTICIPOU DA DECISÃO?
- Toda decisão de futebol é tomada na diretoria, que conta com a participação minha, de Marcelo [Sant'Ana], Nei [Pandolfo] e Éder Ferrari. Na verdade, na coletiva pós-jogo, nós já tínhamos alinhado com Nei que o que tem que ser dito nesse tipo de situação, tem que ser dito que não se tomam decisões por causa de um resultado. Confesso que não ouvi a coletiva de Nei, mas isso tudo estava bem alinhado entre nós, de que isso a gente não faz. No calor do momento, a gente não pode tomar uma decisão. Nós tínhamos uma situação, mas entendemos que não era a melhor forma de proceder. Acho que a gente não teve nenhum tipo de problema de comunicação interna. Nei participou tanto quanto os demais. Não houve qualquer tipo de briga nesse sentido.
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Fonte: Ge.com