Bobô, Charles e Cia... Relembre o ano em que o Bahia conquistou o Brasil
Programa "É Gol!!!" volta 27 anos no tempo e mostra a campanha do Tricolor baiano no Campeonato Brasileiro de 1988. Um título que teve até ajuda do "sobrenatural"
Em 1988 o Bahia surpreendeu o país com um futebol talentoso do time de Bobô, Charles e Cia. O técnico que comandou o Tricolor baiano ao segundo título nacional de sua história era Evaristo de Macedo. O "É Gol!!!" relembra a campanha daquela conquista no quadro "Grandes Times da História".
O Campeonato Brasileiro de 1988 foi disputado por 24 clubes e, pela primeira vez, era instituído o rebaixamento para os quatro últimos colocados que foram Bangu, Santa Cruz, Criciúma e América-RJ. O sistema de pontuação também apresentava uma novidade. As vitórias no tempo normal valiam três pontos. Em caso de empate os dois times somavam um ponto, mas a partida ia para os pênaltis. O vencedor nesta disputa somava um outro ponto extra. A competição foi disputada entre setembro de 1988 e fevereiro de 1989.
A forma de disputa do torneio também não era das mais simples. Os 24 clubes se dividiam em dois grupos de 12. No primeiro turno, os times de um grupo enfrentavam os do outro. Os dois primeiros colocados de cada grupo no primeiro turno um avançavam às quartas de final. No segundo turno, os times jogavam dentro de seus grupos. Os dois com mais pontos em cada grupo completavam os oito classificados. A Fase Final era em mata-mata até a decisão.
Na época o Bahia era tricampeão estadual e uma das sensações do futebol nacional com um estilo envolvente, rápido e alegre. Apesar de bons resultados como o 1 a 0 no clássico contra o Vitória, um triunfo pelo mesmo placar diante do Flamengo e um 2 a 0 sobre o São Paulo, no Morumbi, o Bahia deixou a vaga escapar no primeiro turno ao terminar em terceiro no Grupo B, um ponto atrás do classificado Grêmio.
O segundo mais uma vez começou bem para o Bahia, com um 2 a 1 sobre o Cruzeiro. Mas a partir daí foram três jogos sem vitórias, culminando com uma derrota por 1 a 0 para o Botafogo na Fonte Nova. A torcida se revoltou e o atacante Renato deu lugar ao jovem Charles, formado nas categorias de base do clube. As vitórias voltaram, inclusive um 5 a 1 para cima do Santos.
O Bahia fechou o segundo turno em quarto no Grupo B. Mas como o Vasco, que terminou em primeiro, já havia conquistado a vaga nas quartas de final no primeiro turno, e o Corinthians (3º colocado) tinha menos pontos no geral, o Tricolor se classificou. O Cruzeiro (2º colocado) foi o outro que avançou.
Nas quartas de final o adversário foi outro clube nordestino, o Sport. O primeiro duelo, em Recife, foi disputado uma semana antes do Carnaval de 1989. Apesar da Ilha do Retiro lotada, o Bahia arrancou um empate em 1 a 1. No segundo jogo, empate sem gols na Fonte Nova e vaga assegurada.
O time campeão de 1988 posado (Foto: Reginaldo Pereira / Agência O Globo)
As semifinais reservavam um duelo tricolor contra o Fluminense. No Maracanã empate em 0 a 0 e a vaga na final seria decidida na Fonte Nova. No dia do jogo, o estádio de Salvador recebeu 110 mil torcedores. O time carioca não se intimidou e logo com dois minutos saiu na frente, gol do atacante Washington. Mas Bobô e Gil viraram o placar.
O Tricolor baiano estava na final. O adversário, porém, era o Internacional. O Colorado havia atropelado o Bahia no primeiro turno com um 3 a 0 no Beira-Rio. Mas os baianos contavam com uma ajuda extra desta vez: a força do sobrenatural. O pai de santo Lourinho "amarrou" o time gaúcho antes da final. Se isso funcionou ou não, ninguém sabe, mas o Bahia venceu por 2 a 1. Outra vez de virada, com dois gols de Bobô.
Antes do jogo da volta, o Inter respondeu com um "trabalho". Quando a delegação baiana entrou no vestiário do Beira-Rio, encontrou em enorme despacho com muitas patas de vaca, galinhas e erva-mate. Dentro de campo o jogo foi truncado e o 0 a 0 garantiu o título brasileiro ao Bahia depois de 30 anos. O Tricolor havia antes conquistado a Taça Brasil em 1959.
