O cartão branco
Collina em palestra no Football Talks. Foto: Divulgação
Madri (Espanha) – E não é que o presidente da UEFA, Michel Platini, vem insistindo nos últimos meses na proposta de implantar o cartão branco no futebol. Desde o lançamento de seu livro, “Parlons Football” no final de 2014, o dirigente vem ganhando repercussão. De fato, no Football Talks de 2015 organizado em Estoril (Portugal) a proposta foi defendida pelo chefe arbitral da UEFA, Pierluigi Collina. Segundo o ex-árbitro italiano, o cartão branco é importante para passar uma mensagem aos jogadores que simulações e discussões com os árbitros são inaceitáveis.
O cartão branco tem o objetivo de defender o fair-play durante o jogo, inibindo qualquer comportamento antiesportivo como xingamentos, reclamações exageradas, aplaudir ao árbitro, simular faltas ou qualquer outro tipo de “teatro” que os jogadores façam para ganhar tempo. A ideia é de que o jogador fique de fora entre 5 a 10 minutos fora de campo. Ao invés de ter um caráter suspensivo (como caso do cartão amarelo), o cartão branco teria um castigo imediato. Até o momento, a UEFA já testou a proposta em torneios de divisões inferiores e as impressões são bem positivas. O próximo passo será convencer a FIFA e a Sepp Blatter, que já se manifestou contra a proposta.
Inspiração do rugby
Platini acredita que o futebol deve aprender de outros esportes como o rugby, onde este sistema suspensivo já existe. Porém, a arbitragem no rugby funciona devido a um conjunto de normas que fazer que o esporte seja um dos mais transparentes e respeitados tanto pelos árbitros como pelos próprios atletas. Para que tenham uma ideia, apesar de ser considerado um esporte violento, os jogadores não ousam encarar a decisão do árbitro como ocorre no futebol. Por outro lado, o público pode ouvir tudo o que os árbitros conversam entre si e com os jogadores o que mostra o grau de transparência deste esporte. Além disso, no rugby existe a possibilidade do árbitro parar uma jogada para checar no vídeo a correta decisão a ser tomada.
Não sabemos se a inclusão do cartão branco poderá trazer um excesso de poder ao árbitro em dar punições questionáveis durante uma partida podendo contribuir com o resultado final de maneira negativa. A falta de transparência no futebol talvez garanta que isso aconteça.
Para o futebol é tão importante reeducar o esporte com base no fair play, como é o objetivo do cartão branco, mas também é importante buscar mecanismos que minimizem os erros arbitrais e principalmente combater os jogos arranjados que cada vez mais vem saindo à tona em todas as partes do mundo.
