Postado por - Newton Duarte

O círculo vicioso dos clubes de futebol no Brasil

O círculo vicioso dos clubes de futebol no Brasil

Há vantagens e desvantagens em todos os modelos de constituição de um clube de futebol, seja empresa, associativo ou misto. Mas os casos de sucesso, independente do modelo, tem SEMPRE por trás uma gestão altamente profissional, separada da política, em um ambiente setorial bem regulamentado. No Brasil não há nada disso.

A interminável crise dos clubes Brasileiros tem por trás um modelo político-institucional bastante claro, que combina entidades associativas com dirigentes não profissionais que se dedicam parcialmente, tem experiência inadequada ou insuficiente para os cargos que ocupam, com a falta de uma estrutura totalmente profissional que conduza os clubes no dia a dia com gestores qualificados e com autonomia. Some-se a isso a frequente descontinuidade das ações por conta das alternâncias radicais de poder num ambiente político em que todos estão permanentemente à espera das próximas eleições, tal como ocorre com a política tradicional. E fecha-se a receita com o desalinhamento de incentivos entre gerir um time (quanto mais gastar, melhor), e gerir um clube (necessidade de responsabilidade orçamentária). Um ambiente desses só funciona se houver uma forte ação reguladora, na falta disso o sistema entre em colapso, como ocorre atualmente no Brasil.

E os clubes não fazem a sua parte, apenas o Flamengo vem trabalhando em uma proposta demudança estatutária que permita profissionalizar efetivamente o clube e manter um ambiente político menos turbulento, fundamental para um trabalho de qualidade ao longo do tempo, pois em um ambiente em que a política fala mais alto, a racionalidade vai pro banco.

Gerir um clube de futebol é uma das mais complicadas e ingratas atividades existentes. Nenhuma operação é submetida ao escrutínio público de forma tão explícita e com periodicidade online. Poucas atividades são tão defendidas por seus aficionados, mas tão sabotadas pelos adversários. E mesmo fazendo tudo certo, nada garante que as conquistas virão. Mas também sabemos que, fazendo as coisas da maneira errada a conta virá, como veio para a maioria dos clubes brasileiros. Conciliar os desejos, muitas vezes contraditórios, de torcedores, conselheiros e imprensa é para poucos. A maioria dos dirigentes tentam, e o resultado é trágico, assistimos um pouco dessa história a cada dia. Poucos são bem sucedidos. Um clube mau gerido até consegue um título aqui, outro ali, brilhando como um vaga lume. Mas não conheço nenhum com gestão ruim e que seja sempre competitivo. Ou seja, gerir bem o clube te dá maior probabilidade de ser campeão, mas não garante nada. É certamente melhor do que a alternativa de ser um clube mau gerido, onde a derrota e sofrimento do torcedor são quase permanentes. E aí vem as contas de tantos anos na fila, etc, etc...

Elaboramos o que consideramos ser um fluxograma do círculo vicioso de um clube em crise.

Uma vez dentro dele, é muito difícil sair. Olhe com atenção na página a seguir e veja se o quadro parece com o seu clube. Qualquer semelhança é pura realidade.