Postado por - Newton Duarte

'O Estadual é a jabuticaba do futebol brasileiro'

'O Estadual é a jabuticaba do futebol brasileiro', opina acadêmico do L!Net

Para Fernando Ferreira, é preciso arrumar o calendário nacional feito pela CBF

Não dá para entender a despreocupação com os atletas

 Vasco vence o Náutico sem dificuldade na Arena Pernambuco (Foto: Aldo Carneiro/ LANCE!Press)

O problema do calendário é que ninguém vai ao foco do problema. O que a gente tem agora é o sintoma do problema maior que sãos estaduais. No calendário não cabe espaço para os clubes excursionarem porque se não você tem de fazer como nos anos 80, mudando o calendário, como a CBF fez bizarramente este ano. O Estadual é a jabuticaba do futebol brasileiro porque é um negócio que só tem aqui na forma como é concebido. Campeonatos estaduais, municipais, distritais existem em quase todos os países do mundo. O problema é que lá esses campeonatos são estabilizados de forma muito racional, as competiçoes são hierárquicas.

O campeonato estadual não pode ocupar o mesmo espaço de um campeonato nacional. Ele tem de ser uma divisão de acesso do nacional. O problema todo é que o Campeonato Brasileiro não é o ano inteiro. Tudo o que o Dorival Junior reclama, que todos reclamam, seria resolvido se o Brasileiro fosse anual, como é em qualquer país do mundo. Nacionais do mundo começam e duram o ano inteiro. Paralelamente, você disputa as copas e as competições continentais de nível A e B.

Não quero acabar com o estadual. O anacronismo da nossa situação é fazer com que clubes grandes sejam obrigados a disputar os estaduais. O modelo não favorece os pequenos nem os grandes. Aí, você tem perdas financeiras e técnicas absurdas. Então, por que aqui não cabe o nacional desde o início do ano? Porque aqui tem o estadual. Você pega 23 datas e enfia ali: dois quintos do ano são ocupados pelo estadual enquanto que o nosso nacional é comprimido num espaço 40% menor.

Veja o efeito do Atlético-PR, que colocou o time sub-23 para disputar o Estadual e está bem no Brasileiro.

Há três alternativas para resolver o problema do calendário. O primeiro é reduzir os estaduais, que é paliativo, porque em três anos a gente já vai estar de saco cheio dos estaduais, porque o modelo de competição no mundo globalizado em que as marcas ficaram muito fortes, as copas funcionam como o local de enfrentamento entre o clube grande e o pequeno.

A proposta intermediária é fazer uma competição regionalizada, em vez de estadual. Isso aumenta a qualidade do produto porque uma coisa é um estadual com 12 times e outra é um regional de três estados com 12 times. O nível médio dos clubes vai ser melhor. Tende a ter um campeonato melhor.

E a proposta civilizatória, podemos chamar assim, é fazer um nacional de ano inteiro em paralelo com Copa do Brasil e com competições sul-americanas. Assim, cabe pré-temporada, cabe férias, cabe Copa do Mundo, Olimpíada, cabe data-Fifa, cabe tudo. Porque é simplesmente como funciona no resto do mundo.

O problema é que os clubes, que são os mais prejudicados, não se articulam para sentar na CBF como senhores do próprio destino e falar: "A gente precisa mudar isso". Para buscarem uma alternativa. A coisa só piora e vai continuar piorando.


Fonte: Lance!Net

Foto: Aldo Carneiro/ LANCE!Press