Uma receita básica para buscar o acesso à Primeira Divisão
Robson, Alexsandro e João Leonardo participam de treinamento de Charles - Edilson Lima | Ag. A Tarde
Charles acaba de assumir o Bahia pela quinta vez na carreira, restando oito jogos na Série B. Nas vezes anteriores, sempre em momentos críticos, apostou em pratas da casa. Agora, não tem por que ser diferente.
Na estreia, em 2006, ele montou um time repleto de garotos. Não ganhou o Baiano, mas revelou Ávine, Marcone, Danilo Rios, Rafael Bastos e Bruno César. Ano passado, restando cinco jogos na Série A, repetiu a dose ao lançar Bruno Paulista e Rômulo.
Recorrer a jovens formados no clube não seria problema hoje: 19 dos 29 atletas do elenco profissional têm esta origem. Resta saber quais teriam mais chances de brigar por espaço ou de mantê-lo.
"Acredito que todos terão chances. É característica de Charles. Em 2006, quando trabalhamos juntos, ele subiu uma porção de garotos e deu chances a todos", lembrou Aldo França, observador técnico da base. "Os que ele mais utilizava quando era técnico do sub-20 são os que já estão como titular: Yuri (volante) e Robson (zagueiro). A tendência é que eles ganhem ainda mais confiança", completou.
"Robson sempre foi seu capitão na base, homem de confiança, assim como Yuri. Vão crescer muito. Rômulo (meia) é outro que pode ganhar espaço porque Charles conhece bem a forma como ele sabe jogar", opinou Weberson Oliveira, supervisor do sub-20 e funcionário da base há mais de 15 anos. "Outro que deve ter chances é Vítor (lateral esquerdo), seu titular na base e que com ele chegou a jogar muitas vezes como volante", relatou.
O atacante Alexsandro, de 20 anos, foi promovido anteontem. "Um rapaz que, com certeza, jogará. Não sei se como titular, mas pelo menos vai entrar. Charles gosta muito de velocidade, de jogadas de transição pelos lados, e ele é um jogador com essas características", comentou Weberson.
Chances para todos
O treinador trata de não entregar sua receita. Despista torcedores e jogadores: "Olho para todos da mesma forma. Se eu achar que alguém tem condição de jogar, ele vai, independentemente da idade, se é veterano, se é da base, o importante é ter qualidade", afirmou. "Cada um terá que buscar sua chance e aproveitar os treinos porque, se ela aparecer para alguém, o cara terá que estar preparado, não pode tomar susto e deixar para se preparar depois de escalado".
Charles conta que valoriza a base não só por filosofia própria, mas em respeito à história do clube: "Sempre foi formador, e este ano, mais do que nunca, provou esta condição. Sérgio (Soares, ex-treinador) teve muito mérito nisto, de lançar todos esses garotos".
Não garante Rômulo, mas o elogia: "Gosto muito do seu futebol. Sabe o que fazer com a bola antes de ela chegar a seu pé. Isso é raro, fundamental".