Postado por - Newton Duarte

O que restou de 2014

Apesar de você: mesmo com queda, Bahia teve bons frutos em 2014

Charles Fabian destacou-se e surgem como boa opção para o ano em que o time baiano vai disputar a Série B

A sensação é parecida com a de quem olha um campo devastado pelo fogo. Até onde os olhos alcançam, é tudo destruição e cinzas. Não há qualquer promessa ou esperança de vida por onde as chamas passaram. Rebaixados para a segunda divisão do Campeonato Brasileiro, Bahia e Vitória compartilham o cenário de terra arrasada. Contratações equivocadas, erros de comando e trocas de técnicos serviram de combustível para o que o incêndio atingisse em cheio os dois. No entanto, ao se olhar bem de perto, é possível perceber que nem tudo foi consumido pelo fogo. A temporada reservou alguns pontos positivos. Pequenas áreas verdes que reservam a promessa de voltar a florescer em 2015.

Apesar do rebaixamento, o Bahia redescobriu como aproveitar as divisões de base. Bruno Paulista, Pará, Railan, Rômulo e Jeam mostram que o futuro do clube é promissor. Apesar do rebaixamento, o Vitória lançou José Welison, jovem talentoso que sobrevive no time enquanto vários não resistiram às críticas. Apesar do rebaixamento, o Bahia encontrou em Charles uma figura ligada ao clube de corpo e alma. Apesar do rebaixamento, o Vitória inaugurou um novo Barradão, livre de velhos problemas estruturais. Apesar do rebaixamento, amanhã há de ser outro dia para a dupla Ba-Vi.

CHARLES: O BOMBEIRO

No momento em que um incêndio ameaçava a integridade do Bahia, um antigo ídolo assumiu o papel de bombeiro. Charles Fabian foi contratado a princípio para ser técnico do time sub-20. Mas encerrou o ano com uma função muito mais importante. Por duas vezes, o técnico foi convocado para a assumir o elenco principal. Primeiramente como interino, e depois como candidato a salvador da pátria.

A primeira passagem pelo grupo profissional ocorreu após a demissão de Marquinhos Santos. Sem um substituto no gatilho, a diretoria tricolor decidiu dar o cargo de treinador para Charles enquanto buscava outro nome. A emenda contrariou o ditado e ficou melhor que o soneto. O ex-atacante comandou o time em três partidas, com duas vitórias e um empate. Com a contratação de Gilson Kleina, Charles passou a ser o auxiliar técnico permanente do clube.

Gilson Kleina durou apenas três meses no Bahia, e Charles voltou a ser promovido ao papel de treinador. A missão era considerada praticamente impossível: em quatro rodadas, salvar um time que estava praticamente rebaixado. Fracassou na missão. Venceu duas e perdeu as outras duas partidas que esteve à frente do Tricolor. A queda para a Série B, entretanto, não abalou o prestígio do técnico. Charles ganhou pontos com a torcida e se tornou uma opção para a próxima temporada. Além disso, revelou jovens talentos que podem levar o Bahia para um futuro longe das chamas.

A BASE APÓS AS CINZAS

Durante os últimos anos, a base do Bahia quase não gerou frutos. Era comum um jovem atleta subir para o profissional em momentos de grande necessidade, ter poucas chances e logo acabar emprestado ou de volta ao time sub-20. Recentemente, o pensamento se transformou. O sucesso de Anderson Talisca, vendido ao Benfica no meio da temporada, abriu espaço para outros pratas da casa no grupo principal. O Tricolor encerra o ano com pelo menos seis nomes promissores para 2015. Railan, Pará, Feijão, Bruno Paulista, Rômulo e Jeam surgem como esperança de nova colheita em um terreno em cinzas.

Além das seis promessas, o Bahia começará o próximo ano com a possibilidade de aproveitar melhor outros atletas formados em casa. Os volantes Yuri e Jeferson Silva, o zagueiro Robson e o atacante Jacó encerraram 2014 treinando no grupo profissional e surgem como alternativas para o início da próxima temporada. Lenine, Madson e Zé Roberto voltam de empréstimo com o objetivo de ganhar novas chances no Tricolor.

(texto adaptado)