Postado por - Newton Duarte

O retorno de Ávine aos gramados: Bola na trave, garra e festa da torcida

Bola na trave, festa da torcida e garra: o retorno de Ávine aos gramados

Lateral volta a jogar após quase três anos de luta para se recuperar de cirurgias no joelho. Escalado contra o Paysandu, ele mostrou fôlego e foi ovacionado pelo torcedor

Ainda barbado, Ávine voltou aos gramados na última quarta-feira (Foto: Felipe Oliveira / Divulgação / E.C. Bahia)

Quem acreditava? Foram quase três anos, exatos 1079 dias, de uma batalha para voltar a jogar após cirurgias no joelho. Para alguns, não haveria volta. Lateral de futuro promissor, Ávine teria que abandonar a carreira, anunciar a aposentadoria de forma precoce. Mas quem pode prever o futuro? Quem pode garantir que milagres não existem? Em quase três anos de inatividade, Ávine manteve a fé, acreditou, depositou todas as esperanças em uma possibilidade futura, que veio na última quarta-feira, no triunfo por 2 a 0 sobre o Paysandu, pela Copa do Brasil.

O cenário era bem conhecido. Ávine se acostumou a jogar no estádio de Pituaçu, onde foi decisivo na última vez que o Bahia subiu de divisão. Quando entrou no gramado, ouviu os gritos da torcida. Estava diferente. Mais velho, com uma longa barba. Mas ainda parecia o mesmo jogador que encantou tricolores na Série B de 2010.

Nos primeiros toques na bola, triangulação pela esquerda. Mostrou que o retorno não era apenas figurativo. Sem se poupar, correu, dividiu, cruzou e se empenhou no setor defensivo. Ao surgir uma falta na entrada da área, não se intimidou. Conversou com Tiago Real, pediu para fazer a cobrança. Nas arquibancadas, a expectativa era grande. A volta aos campos com gol era tudo o que o torcedor queria. Ávine olhou para a meta adversária, correu e chutou por cima da barreira. A bola, por puro capricho, tocou no travessão e saiu. Muitos acreditaram que era gol. Todos comemoraram com se assim fosse.

- Infelizmente ela bateu na trave. A gente vem treinando há muito tempo essas cobranças de falta. Estamos em cima deles, eles estão fechados. Temos que caprichar mais e fazer o primeiro gol – disse Ávine no intervalo, com a partida ainda em 0 a 0.

O rendimento físico chamou a atenção. Ávine suportou a partida inteira, caiu apenas no fim, com câimbras. No apito final, mesmo sem a vaga, comemorou muito. Antes de deixar o campo de Pituaçu, abraços de todo o elenco, entrevistas e uma oração com Tchô e Kieza.

- Estou bem. Era hora de dar o máximo, o melhor aqui dentro. Estádio que conheço, que tive alegrias. Não podíamos deixar de correr. Todos viram que nossa equipe tentou a todo momento. Infelizmente não deu. Agora é erguer a cabeça. (...) Fazer parte do elenco é muito importante, só tenho que agradecer muito a Deus. Tem me fortalecido muito nos momentos difíceis. Amigos, família que sempre esteve no meu lado, companheiros que me apoiaram. Fico feliz, agora é trabalhar para continuar – declarou.

O Bahia venceu o Paysandu, mas não ficou com a vaga para as oitavas da Copa do Brasil. A noite, contudo, não foi perdida. Ávine voltou a jogar e, para a torcida tricolor – que aplaudiu de pé e cantou o nome do lateral, milagres realmente existem.