Os bastidores de uma diretoria amadora
Logo após o jogo contra o Internacional, Marquinhos Santos e Valton Pessoa chegaram à sala de imprensa da Arena Fonte Nova para anunciar de forma desastrosa a demissão do técnico. Tirando o anúncio da demissão em si, que era esperada e foi acertada, fiquei um pouco assustada com a forma como as coisas funcionam no Bahia.
Valton foi bastante sincero na coletiva. Com todas as letras, ele disse que Marquinhos Santos foi informado da sua demissão logo após a derrota contra o Corinthians. Peraê (1)…como assim o treinador é demitido e continua treinando o time, se preparando para o próximo jogo? Marquinhos foi muito solidário ao clube, mas esse tipo de coisa é patética. Demitiu, sai. É assim que funciona em qualquer clube profissional. Em seguida, o vice-presidente admitiu que, caso o Bahia tivesse um triunfo convincente, (mesmo demitido) o técnico poderia ser mantido. Recapitulando…você demite o cara e depois simplesmente diz que desistiu? Com que clima um profissional vai trabalhar depois disso? Surreal.
Pouco depois, Valton chegou a dizer ainda que, por ele, Marquinhos não seria demitido e continuaria no comando do Bahia. Peraê (2)…faltou marcar um churrasco com o resto da diretoria para combinar o que aconteceria? Não existe jogar a responsabilidade da demissão para terceiros. Valton é o vice presidente e, na ausência de Schmidt (que está viajando), responde pelo clube. É ridículo você dar uma opinião pessoal dizendo que discorda do posicionamento do clube em plena coletiva em que está anunciando a demissão (decisão tomada pelo clube), né?
Por fim, para deixar a cena um pouco mais horrorosa, Valton ventilou novos nomes para assumir o cargo de novo técnico do Bahia. Sim, isso tudo ao lado de Marquinhos Santos. É a primeira vez que vejo isso em toda a minha vida. Admitir que procurou pessoas, falar sobre as negociações feitas segundos após um anúncio de demissão do treinador, sem ao menos dizer um “adeus”. Que constrangimento. Na coletiva, Valton admitiu que procurou Gilson Kleina por ser um dos melhores nomes para o cargo e negou que tenha interesse em Ney Franco. “ESSE nós não procuramos”. Podemos deduzir que mais nomes foram procurados, né? Então…#forçaMS.
Não sei quem vai assumir o Bahia, mas o fato é que embora tenha boas intenções (e acredito mesmo nelas), a diretoria deixou a desejar. Agiram como pessoas completamente desnorteadas quando o assunto é futebol. Não precisa ter tesão pelo que faz (o próprio Valton já admitiu que quer voltar à vida normal dele, como advogado, e deixar o futebol de lado), mas é necessário ter uma postura mais profissional quando se está em um cargo tão alto em um dos clubes mais tradicionais do futebol brasileiro. A forma como as coisas foram feitas na demissão de Marquinhos provam como o Bahia precisa de mais postura profissional…em tudo.
A diretoria pecou na falta de sensibilidade com agora ex-treinador e, com os jogadores (treinados por um técnico demitido) e, principalmente, com a torcida. Torço para que consigam trazer um treinador melhor, que consiga livrar o clube do rebaixamento.
Que Marquinhos Santos tenha sucesso na carreira, que só está começando. E que o Bahia possa ganhar uma injeção de ânimo com o novo técnico, que terá um trabalho árduo pela frente. E, claro, que o Bahia continua sua luta por democracia e inicie uma nova luta pela profissionalização de todos os setores.
* Cícero Souza, gerente de futebol do clube, está de saída do clube. Ele cumpre aviso prévio até o fim do mês e deverá ser substituído por Marcus Vinícius, que já teria trabalhado no Figueirense. Não conheço, mas se tiver a mesma atuação de Cícero (que metade da torcida não conhece), não fará muita diferença, né?
** Para não deixar passar em branco, gostei muito mais da postura do time em campo hoje. Mais organizado, mas ainda precisa evoluir. Ponto para a mudança nas laterais! Além disso, torço para que Maxi fique mais um tempo afastado. Está prejudicando a equipe com um futebol tão apagado.
Fonte: Fernanda Varela - Fora das quatro linhas
Fotos: Reprodução