Postado por - Newton Duarte

Outro mundo: Se não bastasse a TV, ainda tem o patrocínio nas camisas

Renda com patrocínios na camisa cresce 36% na Premier League, que vê concorrentes pelo retrovisor

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O novo acordo pelos direitos de transmissão da Premier League não é o único motivo pelo qual os clubes ingleses podem comemorar e o restante da Europa se preocupar. O torneio é também o que registrou maior crescimento nas receitas vindas de acordos comerciais pela exposição de marcas nas camisas de seus clubes. Em relação à temporada de 2013/14, o aumento é de 36%, contra 30% de La Liga, segunda colocada entre as competições nacionais europeias que tiveram maior salto nessa fonte de receita.

Particularmente na Inglaterra, o crescimento destacável teve como maior fator o novo acordo firmado pelo Manchester United com a General Motors, de € 64 milhões por temporada, ao longo de sete anos, enquanto o antigo acordo com a AON rendia cerca de € 23 milhões a menos. Na Espanha, o mais lucrativo é o do Barcelona com a Qatar Airways, de € 40 milhões anuais.

Segundo estima a revista FC Business, os Emirados Árabes Unidos e o Catar gastaram cerca de € 160 milhões com patrocínios, com Alemanha e Estados Unidos vindo na sequência de países de onde mais vêm investimentos, com € 112 milhões e € 82 milhões respectivamente.

O levantamento aponta ainda que, dentre as principais ligas nacionais europeias, a espanhola é a que depende mais de investimentos estrangeiros, com 86% dos acordos de patrocínios na camisa vindo de fora do país. O mais controverso deles é o da parceria entre o Atlético de Madrid e o Azerbaijão, um país marcado pela falta de liberdade de expressão na imprensa.

A Premier League também tem grande parte de sua renda com patrocínios na camisa vinda do exterior, com 75%. Na contramão disso, países como Alemanha e Holanda recebem maioria do investimento de empresas nacionais. Com apenas 24% desse tipo de receita vindo de outros países, talvez more aí a saída para a Bundesliga diminuir a diferença financeira que se desenha em relação à Premier League principalmente após o novo acordo inglês de direitos de televisão. Dirigentes alemães já expressaram sua preocupação com as consequências dessa negociação para a competitividade europeia, então atrair maiores investimentos estrangeiros possa ser uma saída importante.

Crescimento das ligas de 2013/14 para 2014/15 (Divulgação/Repucom)

Crescimento das ligas de 2013/14 para 2014/15 (Divulgação/Repucom)

Os dados foram levantados pela empresa de pesquisas Repucom. Em conversa com a FC Business, Glenn Lovett, presidente de estratégia global da companhia, classificou o crescimento como recorde nos últimos anos. “O crescimento do dinheiro estrangeiro no futebol europeu não é nada novo, entretanto, o investimento em patrocínio de camisas está crescendo mais rapidamente do que nunca. Com o investimento em 2014/15 crescendo mais de 20% em relação à temporada passada, tem crescido mais rápido do que em qualquer período nos últimos 15 anos. Além disso, estamos vendo uma necessidade maior das atuais marcas, donos de direitos e emissoras que operam no futebol europeu de entenderem melhor os benefícios e oportunidades que isso apresenta. O investimento estrangeiro é grande, mas é essencial entender como as organizações podem se beneficiar disso”, comentou Lovett.

Os números são apenas os mais novos indicativos de como a Premier League se encaminha para um distanciamento ainda maior em relação às outras grandes ligas. A Bundesliga, com sua divisão igualitária de direitos de TV, cujo valor é quatro vezes menor que o do Campeonato Inglês, especialmente precisa ver maneiras de aumentar sua renda por esse canal comercial. Afinal, é justamente ele que cria um desequilíbrio interno entre Bayern de Munique e os demais times, por exemplo. Já para a Itália, o caminho é a modernização dos estádios, que, como fonte de receita, tem sido o grande problema da Serie A.

Receita com patrocínios nas camisas:

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De um jeito ou de outro, para não ficarem para trás, as grandes competições precisam encontrar alternativas. Seu produto precisa ser atrativo. Com mais dinheiro e maior capacidade de contratar estrelas, a tendência é de que a Premier League atraia valores cada vez mais desiguais em relação ao restante dos países. Atualmente, a projeção não é nada animadora. Se nada mudar, a médio e longo prazo podemos ver a profecia de Bernard Caiazzo, presidente do Saint-Étienne se cumprir, mesmo que não de forma tão intensa:  a Premier League como uma NBA do futebol.