Postado por - Newton Duarte

Pagar para jogar: No Baianão 2015 apenas três jogos deram 'lucro' para mandantes

Em duas rodadas, apenas três jogos do Baiano dão lucro para mandantes

Apenas Vitória da Conquista, Bahia e Colo Colo não têm prejuízo. Com 5% da renda bruta por jogo, Federação Bahiana de Futebol (FBF) lucra pouco mais de R$ 17 mil

O título do Campeonato Baiano é o principal objetivo dos 12 clubes que estão na disputa da competição. A conquista é a primeira meta da temporada. Mas o caminho até lá não é nada agradável no lado financeiro. Isso é o que indica as duas primeiras rodadas. Foram 12 jogos realizados até o momento - sendo duas rodadas duplas - e apenas em três partidas o clube mandante deixou o estádio com dinheiro no bolso. O prejuízo tem sido a tônica do torneio neste início de disputa.

Apenas Vitória da Conquista, Bahia e Colo Colo conseguiram ficar no azul após a realização de um jogo como mandante. Muito dessa situação financeira pode ser explicada pela pouca presença do público. No total, foram 26.216 pessoas nas 12 partidas, média de 2.184 torcedores por confronto. O jogo com o maior número de espectadores foi o duelo entre Bahia e Jacobina, em Pituaçu, com 8.679 pagantes, enquanto o menor foi o duelo entre Galícia e Vitória da Conquista, onde somente 477 pessoas estiveram presentes.

- Para a gente está dentro do esperado. Sempre no início da competição é assim, ainda mais concorrendo com um período festivo em todo o estado. Além disso, alguns clubes estão jogando fora de seus mando de campo por questões que não competem à federação - adiantou Ednaldo Rodrigues, presidente da Federação Bahiana de Futebol (FBF).

Serrano e Vitória atuaram para apenas 724 pessoas no Lomanto Junio (Foto: Divulgação/E.C. Vitória)

Apesar dos prejuízos da maioria dos clubes, a entidade que organiza o Campeonato Baiano não tem muito o que reclamar. Pelo regulamento da competição, a FBF tem direito a 5% da renda bruta de cada partida e, com isso, conseguiu um lucro de R$ 17.597,85 nas duas primeiras rodadas.

- A federação também tem suas despesas. O que poderia acontecer é um trabalho alternativo para amenizar isso. Isso é um trabalho que os clubes terão de fazer junto à FBF para reduzir as despesas em cada jogo. É um aparato muito grande que gera um custo alto demais - aconselhou o vice-presidente do Vitória, Epifânio Carneiro.

PREJUÍZOS EM SÉRIE

Na primeira rodada, apenas um jogo deu resultado positivo para o clube mandante. Foi a partida entre Vitória da Conquista e Bahia, no estádio Lomanto Júnior. Com 5.726 pagantes, o jogo gerou uma renda bruta de R$ 115.210,00 e um saldo líquido, para o time da casa, de R$ 76.049,05. O duelo, foi também, onde a FBF teve seu maior lucro na rodada: R$ 5.760,50.

- Estamos agora esperando contra o Juazeirense um público melhor do que foi no ano passado. No Baiano os jogos se pagam. Na Série D que é o problema. No primeiro semestre o jogo se paga com a própria renda. O problema é que precisaríamos de algo mais - comemora o diretor-administrativo do Vitória da Conquista, Zé Roberto.

Uma peculiaridade da abertura do Campeonato Baiano foi a realização de duas rodadas duplas. Foram duas partidas realizadas sequencialmente em dois estádios: Joia da Princesa e Pituaçu. No interior, Feirense e Jacobina dividiram o prejuízo de R$ 5.051,54. Na capital, o saldo negativo de R$ 10.969,81 ficou nas contas de Catuense e Jacuipense. Mesmo com os clubes no prejuízo, a FBF lucrou R$ 471 e R$ 280,50, respectivamente.

- A gente queria mandar os jogos em Serrinha, mas tivemos problemas com os laudos. Não pudemos mandar em nossa casa e é complicado ter renda em Pituaçu, numa cidade grande. Tem que ter uma conversa melhor com a FBF porque para o clube pequeno é muito gasto. Tem que pagar aluguel, quadro móvel da federação, médico, se quiser um ingresso tem que pagar. Mas alguns clubes não gostam de reclamar. A gente tem pouco poder na FBF, na verdade - reclama o presidente da Catuense, Roberto Pena.

ALTERNATIVAS

Dos jogos que tiveram saldo positivo, dois foram na segunda rodada. Em Pituaçu, 8.679 pagantes possibilitaram um lucro de R$ 53.551,78 para o Bahia. A outra partida em que a conta fechou no azul para o time mandante foi entre Colo Colo e Jacuipense, no estádio Mário Pessoa, em Ilhéus. O campeão baiano de 2006 levou 3.286 pessoas ao estádio e engordou a conta bancária com mais R$ 18.720,49.

Jogo entre Bahia e Jacobina, em Pituaçu, foi o de maior público nas duas primeiras rodadas (Foto: Felipe Oliveira / Divulgação / EC Bahia)

Nos outros jogos, a tendência da primeira rodada se repetiu. Nem mesmo os ingressos comercializados a R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia) na maioria dos jogos dos clubes do interior atraíram os torcedores. Apesar do fracasso de público, Ednaldo Rodrigues lembra que a FBF faz diversas ações para ajudar os clubes financeiramente, inclusive com a procura e o repasse de verbas de patrocínio.

- A Federação faz a parte dela e procura sempre orientar os clubes. Nós temos um trabalho, talvez seja a única federação do país a fazer isso, de buscar patrocínio e canalizar para os clubes. O que a gente pode fazer, a gente faz. Os clubes têm que fazer também. Os déficits estão acontecendo. Tem clube que está jogando fora de seus domínios e outros que a gente sabe que tem público pequeno mesmo - opinou o presidente da FBF.

No caso do Vitória, a situação pode ser solucionada apenas com a presença da torcida. A dificuldade para sanear as finanças com o dinheiro das receitas dos jogos não é novidade. No ano passado, o clube somou um prejuízo superior a 140 mil nos nove primeiros jogos da temporada. Este ano, para não repetir a sina, o Rubro-Negro tem de ter o apoio do torcedor.

- Precisamos de um público mínimo de oito mil pessoas para não ter prejuízo. Início de campeonato é sempre difícil. Estadual sempre gera prejuízo. O que salva sempre são os Ba-Vis e os jogos decisivos. Mas isso é geral. O Campeonato Paulista também sofre com isso - lamentou o vice-presidente do clube, Epifânio Carneiro.