Postado por - Newton Duarte

Passos de tartaruga

Passos de tartaruga

O Bahia segue engatinhando dentro de campo. As evoluções têm vindo em passos de tartaruga, sem conseguir se impor e vencer com tranquilidade os frágeis adversários do Campeonato Baiano. Galícia, Jacuipense e Conquista deram muito trabalho. Pelo menos Marquinhos Santos parece ter sossegado em um esquema tático. O time claramente entrou nas últimas partidas no 4.2.3.1, o que já é um caminho. O treinador precisa dar sequência e parar de ficar mudando o plano de jogo antes de ter um encaixe. É muita troca de posição sem que os jogadores saibam exatamente o que fazer. Santo Talisca, deve pensar o treinador.

Por que é preciso que entendam a diferença entre esquema e sistema de jogo. Esquema é a nomenclatura, o posicionamento que o time entra em campo. Já o sistema é o que faz o esquema funcionar. É o que cria as variações, mobilidade, rodízio defensivo, etc. E isso vem também com entrosamento, coisa que mesmo com tantos jogos em um período curto, ainda é fraco. Pelo menos tem conseguido os pontos necessários para ter maior tranquilidade no trabalho. Sigo sem acreditar em Marquinhos Santos, porém não há outra solução no curto prazo. Isso aliado aos resultados, talvez surja uma condescendência. Não acho o melhor caminho. Críticas construtivas são sempre bem vindas. Afinal de contas, o objetivo delas é ajudar na evolução.

Contra o Conquista, mais uma vez, o Bahia foi dominado taticamente. Contratado por exigência e insistência de Marquinhos Santos, Linconl estreou e não foi bem. Sempre gostei do futebol dele. Meia clássico, extremamente técnico, com ótima visão de jogo e finalização acima da média. O problema dele não é qualidade técnica e sim o físico. Não tenho preconceitos contra jogadores veteranos, mas o time tem um jogador para a posição que é disparado o melhor da equipe. Infelizmente, Linconl não tem mais condições de reger um meio de campo, ainda mais limitando o posicionamento de Talisca. E não se trata de uma análise precipitada. Ele já vinha demonstrado isso no Coritiba. Pode e deve fazer bem ao grupo e ser útil entrando no decorrer dos jogos, no entanto, o jogador centralizado na linha de três do meio de campo tem de ser Talisca.

Esse esquema me preocupa. Marcão não consegue segurar a bola no ataque e nem fazer o pivô, mas não pode jogar tão isolado. Claro que levo em conta o fato de ele ser pouco acionado. Com exceção de Talisca (que poderia chegar bem mais) os três meias não se aproximam. Rhayner volta muito para marcar e chega pouco. Em conversa com amigos, chegamos a pensar que ele poderia investir em outra função. Fazer um trabalho de adaptação para ser segundo ou terceiro homem de meio. É só melhorar a corrida de cabeça baixa e os dribles fora de hora. Penso que ele atingiria outro nível. É apenas uma sugestão.

Sobre os volantes, Pittoni já deve ser titular na próxima partida. Ainda está em processo de recondicionamento físico. Com ele por ali, a saída de bola melhora muito e ainda se apresenta no ataque. Não vejo a hora de um dos volantes só de marcação sair. Com o esquema atual, assim que Maxi voltar será necessário desalinhar os três meias. Talisca centralizado, Rhayner pela esquerda e recuando mais e Maxi pela direita, mas com maior liberdade para ser um segundo atacante e não meia/ponta a 200 quilômetros da área e do centroavante. Isso o tem prejudicado e ao time. Até sem ele já dava para encaixar alguém ali com características parecidas. Testaria Zé Roberto.

Para não deixar passar em branco, Demerson jogou melhor do que Lucas. Em um jogo ganhou a posição do companheiro, que vem fazendo um péssimo início de temporada. Demonstra um descontrole emocional dentro de campo injustificável. A suspensão de duas partidas veio em boa hora. Que recupere a tranquilidade e o bom futebol do ano passado nesse período fora da equipe. Raylan tem o que falta a Madson: personalidade. Pudesse unir as características dos dois, o Bahia teria um lateral completo. Lomba falhou infantilmente no primeiro gol, mas Titi também colaborou. Deixou Índio sozinho para cabecear. O sistema defensivo precisa ser muito mais atento. Cada gol besta retado, como diria meu sogro.


Fonte: Éder Ferrari/Blog