Postado por - Heitor Montes

Pedro Henriques explica o porquê do Bahia investir apenas em futebol masculino

Vice-presidente do Bahia, Pedro Henriques fala do pouco interesse da torcida em ver outros esportes

Pedro Henriques explicou o fato do Bahia investir somente na equipe de futebol:

Eu posso falar até como torcedor nesse caso e deixar o dirigente de lado. Eu como torcedor, nunca me preocupei tanto em assistir um jogo de futsal. O que a torcida gosta é o jogo de futebol. O baiano sempre apoiou esses esportes de forma amadora. Em dados documentais, que é pouca coisa, infelizmente, os investimentos não eram programados e nem planejados. Era de acordo com as oportunidades que aconteciam: ‘Ah, vamos ajudar esse atleta e explorar a marca’. Para mim, tem que haver um planejamento. Investimento em outros esportes não podem ser utilizados como exposição da marca. Até porque sua marca pode ser mal exposta

Diferente do seu rival, o Bahia teve uma relação diferente com os esportes ditos amadores. Com poucas equipes ao longo de sua história, o apoio era reduzido. Poucos são os relatos de times que o Bahia montava. Em 2011, por exemplo, o próprio site oficial do clube noticiou o título baiano de basquete, na categoria juvenil.

Na natação, o Bahia teve Sônia Maria de Jesus como grande nome. Ela foi recordista sul-americana. De acordo com o presidente da Federação Baiana de Desportos Aquáticos (FBDA), o Tricolor já teve times interessantes.

O Bahia já teve, inclusive, equipe campeã baiana. Tivemos a Sônia, e um grande nadador de peito chamado Orlando Aragão. Ele trabalhou no Bahia na época de Paulo Maracajá. Foi gestor no clube

De acordo com Henriques, por conta de administrações passadas, o Bahia não possui condições de apoiar outras modalidades. Quando a direção do Bahia foi eleita, junto ao presidente Marcelo Sant’Ana, em dezembro de 2014, a situação administrativa era complicada.

Quando a gente entrou no clube, não tinha ainda um diagnóstico da situação financeira e administrativa. Vimos que a situação não era simples. O Bahia tinha um time de futebol feminino. Na verdade, tinha uma autorização de uso. Não era nosso propriamente dito. Nós sempre pagávamos multas e tínhamos alguns problemas. Aí paramos. Não poderíamos tirar o foco de recuperar o Bahia. Todos os outros esportes tem que se voltar ao futebol masculino

O dirigente confirmou que, à priori, o Bahia não terá nenhum tipo de outra atividade que não seja o futebol masculino e acredita que, por hora, a prioridade seja ajustar o clube internamente.

Entendemos a demanda. Estamos passando por um ciclo olímpico. Muita gente fala de esporte amador. Mas não é um esporte amador. Na minha visão, se o Bahia entrar numa modalidade, tem que ser sério. Tem que ser profissional. Por isso, não é o momento. Não adianta a gente ficar fazendo discurso de que vai ter apelo popular. Temos esses atletas, que gostamos e torcemos. Mas acho que temos que focar no futebol masculino do Bahia

O vice tricolor ainda pontuou outro problema cultural do esporte brasileiro. Na visão de Pedro Henriques, há uma transferência de responsabilidade por parte do poder público, que credita aos clubes de futebol o ônus do apoio aos atletas não profissionais de outros esportes.

Para exemplificar o raciocínio, o dirigente do Bahia citou o exemplo da China, sede dos Jogos Olímpicos 2012, e que conquistou a segunda colocação no quadro de medalhas na ocasião.

Na verdade, isso é uma questão política. Eu acho importante que se desenvolvam os esportes. Mas isso não se deve atribuir aos clubes de futebol. Isso é uma questão estatal. A China fez um programa para desenvolver os esportes, melhorando o ensino público e incentivando a prática nas escolas. Aqui só se valoriza o futebol. Isso é uma questão política de desenvolvimento do esporte. No momento em que o governo quer terceirizar isso para os clubes, fica complicado. Aí acontece o que a gente vê na política em todo o país

Fonte: Bahia Notícias