Postado por - Heitor Montes

Preto Casagrande diz que faltou Seleção e lembra polêmicas: Objetivo era provocar

Provocar é uma arte. Nem adianta qualquer um tentar que não funciona. É uma arte profunda, difícil, complicada. São poucos os que conseguem desempenhar com maestria. Saber o momento certo de enervar o adversário e suportar as consequências. Empurrões, cusparadas, xingamentos e socos. Não dá para saber o que vem do outro lado, mas quem é especialista está preparado para tudo. E Preto Casagrande foi um mestre na provocação.

Vasco, Fluminense, Bahia, Vitória, Santos... Por onde passou, Preto deu aulas de provocação. E não se arrepende disso. Em entrevista ao quadro Bloco de Notas, do GloboEsporte.com, o meia relembrou alguns momentos da carreira, as brigas, a vida em Salvador. E não teve vergonha alguma em admitir um de seus maiores dons durante a trajetória nos gramados.

- Eu engajava muito a camisa, queria ganhar de qualquer jeito, nem que para isso eu tivesse que tentar desestabilizar o adversário de qualquer forma. Uma forma que eu usava era provocar, uma provocação verbal. Eu não era de dar porrada, não era desleal, mas provocação verbal eu fazia muito. Meu objetivo era esse: provocar para desestabilizar - disse sem meias palavras.

Preto Casagrande hoje é auxiliar técnico do Bahia (Foto: Felipe Oliveira / Divulgação / EC Bahia) Preto Casagrande hoje é auxiliar técnico do Bahia (Foto: Felipe Oliveira / Divulgação / EC Bahia)

No currículo, Preto leva histórias, hoje engraçadas, que ficaram gravadas no esporte, como o soco que levou em campo durante uma partida - e que depois teve o desenrolar fora do gramado, com direito a arma puxada contra ele e tudo. Ele relembra o episódio e diz que hoje, devido à sua experiência, conhece cada atleta com quem trabalha: não adianta querer enganar.

- Eu ia para a balada na quinta. Na sexta e no sábado eu participava da reunião dos atletas de Cristo. No domingo eu ia para a festa de novo. Então eles não me enganam. Eu conheço um por um. Claro que, às vezes, eles me enganam um mês ou dois. Mas a gente conhece os boleiros - diz.

Mas nem só de polêmica viveu Preto Casagrande. Habilidoso, foi o responsável organizar o Bahia durante o Brasileiro de 2001. O rendimento superou toda e qualquer expectativa. Decisivo, recebeu a Bola de Prata, premiação dada pela Revista Placar aos melhores de cada posição. Comemorou, mas sentiu um gostinho de quero mais. Faltou um reconhecimento maior. Faltou a Seleção.

- Acho que eu deveria ter ido pelo menos para algum amistoso, algum teste, alguma coisa assim. Em função de tudo o que eu fiz, o ano todo, acho que eu merecia ter tido uma convocação. [Não foi] Porque estava no Nordeste. Se eu estivesse no Rio ou em São Paulo, certamente teria ido - justificou.

Preto Casagrande é o quinto entrevistado do Bloco de Notas. Desde o surgimento do apelido "Preto" ao futuro no futebol, passando pelas polêmicas, transição da carreira de atleta para auxiliar técnico e até a amizade com Caio Júnior... Como de costume, ele não tem cerimônia na hora de falar o que pensa.

Fonte: Globo Esporte