Postado por - Heitor Montes

Promessa, título e recomeço: Guto Ferreira repete filme e deixa o Bahia

Guto Ferreira estava prestes a completar um ano à frente do Bahia. Seria o primeiro técnico desde Arthurzinho, em 2007, a alcançar a façanha pelo Tricolor. A proposta feita pelo Internacional, no entanto, impediu a marca. Na tarde desta terça-feira, “Gordiola” foi anunciado pelo Colorado como substituto de Antônio Carlos Zago para a disputa da Série B do Campeonato Brasileiro. Como legado, deixou o acesso conquistado na temporada passada, o título da Copa do Nordeste deste ano e um padrão tático com defesa sólida e um ataque rápido, apoiado em quatro jogadores de mobilidade, sem um centroavante de ofício como referência.

A contratação de Guto Ferreira pelo Internacional tem ar de filme repetido. Na temporada passada, o treinador deixou a Chapecoense, que estava na Série A, para trabalhar em um Bahia que parecia ameaçado e sem rumo na Série B. O caminho foi reproduzido na atual temporada. Ele tinha certa estabilidade no Tricolor e contrato válido até dezembro, mas aceitou voltar à Segunda Divisão para comandar novamente um forte concorrente ao acesso.

Guto Ferreira foi anunciado pelo Bahia no dia 24 de junho de 2016. Logo na apresentação, prometeu que, ao fim do ano, o clube estaria de volta à Primeira Divisão nacional. O Tricolor estava no meio de uma crise, com resultados ruins e jogadores insatisfeitos. O técnico agiu de forma emergencial, reformulou o elenco e promoveu mudanças na comissão técnica. A “intertemporada” provocada pela pausa da Série B para a realização dos Jogos Olímpicos o ajudou a implementar uma nova filosofia no time.

No caminho até o acesso, e consequentemente o sucesso da promessa empenhada, Guto cometeu erros e acertos. Fez da defesa do Bahia uma das mais efetivas da Série B, “achou” a posição ideal para o volante Juninho, que até então atuava como meia, conseguiu ter ótima campanha como mandante, com 11 triunfos em 13 partidas. Fora de casa, entretanto, a equipe deixava a desejar. De 13 jogos, venceu apenas dois. Durante entrevistas coletivas, o técnico atribuiu o problema a questões psicológicas, que incluíam o nível de confiança do elenco.

O acesso ativou uma cláusula contratual que renovava automaticamente o contrato de Guto Ferreira com o Bahia. Com vínculo até o fim de 2017, o treinador passou a planejar a temporada. Em acordo com a diretoria, optou por fazer um rodízio dentro do elenco. A equipe principal atuou nos jogos válidos pela Copa do Nordeste, enquanto reservas e garotos formados nas categorias de base jogavam as partidas do Campeonato Baiano. A estratégia surgiu efeito. O Bahia enfrentou o Sport na final do regional e apresentou estado físico superior ao rival. Na coletiva após a conquista do título, o técnico tricolor relatou a saudade da família, que mora no interior de São Paulo.

- Quando saí do Inter, em 2011, fixamos em minha cidade. Até 2015, os clubes em que trabalhei eram próximos, o que dava a oportunidade de estar duas vezes na semana em casa. Completou agora dois anos de ausência grande em casa, e com os filhos na adolescência - lamentou.

O Bahia atual possui na defesa um pilar de sustentação. Guto Ferreira montou a equipe com dois volantes combativos e uma linha defensiva que, geralmente, está bem organizada. No ataque, o técnico perdeu Hernane, por lesão, e montou um esquema baseado na velocidade e habilidade de Edigar Junio, Régis, Allione e Zé Rafael.

No comando do Bahia, Guto Ferreira realizou 57 jogos. Foram 31 vitórias, 15 empates e 11 derrotas, um aproveitamento de 63,1%.

Fonte: Globo Esporte