Postado por - Newton Duarte

Raul: história de lutas, sonhos e superação

Raul: história de lutas, sonhos e superação com a camisa do Bahia

Jogador, que saiu de casa aos 13 anos, revela que já fez teste no Vitória e já tinha atuado no Bahia em 2001

O jeito reservado de Raul pode enganar. Quem olha para o jogador de olhos inquietos, dificilmente imagina que por trás de um rosto tímido existe uma história de luta, recheada de coragem. Em 2013, o jogador deu início a um dos maiores sonhos da sua vida. Ele nunca havia jogado em um clube de expressão como o Bahia. Contratado após se destacar no Campeonato Baiano, quando defendia as cores do Vitória da Conquista, o lateral-esquerdo pôde viver um ano de muitas emoções no Tricolor.

O atleta, que chegou ao Bahia como esperança para solucionar a carência da posição, viu e viveu em sete meses o que muitos profissionais nunca viram. Desde que foi contratado pelo clube, em abril, Raul viu o Tricolor ocupar a parte de cima da tabela, sofrer uma intervenção judicial, mudar de presidente e lutar contra a zona de rebaixamento. De quebra, ainda estreou em uma primeira divisão e fez o seu primeiro jogo internacional da carreira, quando enfrentou o Nacional da Colômbia, pela Copa Sul-Americana.

Tantas novidades poderiam ter sido assustadoras para um novato no mundo dos times grandes. Para Raul, não. O atleta de 28 anos, natural de Poço Verde-SE, encara tantas novidades como um grande desafio. Talvez o maior da sua carreira profissional. “Para mim tudo é novo. Nunca tinha disputado uma primeira divisão e, quando o Bahia me convidou, fiquei bastante feliz, embora soubesse da cobrança. Pensei no lado da adversidade e no que poderia me acontecer de bom. Vivi os dois lados da moeda em 2013. Tudo aqui é muito intenso para mim. Nem acreditei quando tive o meu primeiro jogo internacional, foi uma emoção diferente”, explica.

De jeito simples, o menino, que começou a carreira em times infantis e saiu de casa aos 13 anos para lutar por um sonho, nunca desistiu de vestir uma camisa de peso e pisar nos gramados dos maiores e mais imponentes estádios de futebol do país. Desde pequeno, o ala pensa grande. “Eu sonhava, mas acima de tudo acreditava que um dia chegaria onde cheguei. Sempre digo aos meus amigos, até porque muitos não acreditavam nisso. Todos os dias eu treinava e me empenhava ao máximo em todos os lugares que passei, independente de ser time pequeno ou grande. Eu sabia que poderia estar aqui hoje, sabia que tinha potencial”, diz orgulhoso.

Quando lembra do longo caminho que enfrentou até disputar o maior campeonato do Brasil, Raul tem um brilho no olhar. As dificuldades enfrentadas por um longo caminho dão lugar aos sentimentos de satisfação e orgulho. “Tudo isso, claro, é muito novo para mim. Às vezes me pego pensando que tudo passou muito rápido. Ano passado eu estava em um time pequeno e hoje eu estou no Bahia! Joguei nos estádios de Copa do Mundo. Mas sabe de uma coisa? Apesar disso tudo, não sinto peso nenhum”, diz com firmeza.

Quando tudo começou - O que muita gente nem desconfia é que a carreira de Raul já deu muitas voltas. O lateral-esquerdo não conheceu a Bahia quando foi contratado pelo Vitória da Conquista, por exemplo. Quando tinha apenas 13 anos, o menino sergipano tentou a vida como jogador de futebol nas categorias de base do Vitória. No dia em que foi realizar o seu primeiro treino no Rubro-negro, foi vencido pela saudade. Com o coração apertado, o garoto abriu mão de um sonho para voltar para perto dos pais.

“Saí de casa pela primeira vez aos 13 anos e fui para o Vitória, mas eu era muito novinho e nem cheguei a treinar. Senti saudades de casa. Eu nunca tinha ido para longe antes e então resolvi voltar”, relembra, sem tristeza.

Para quem não sabe, esta também não é a primeira vez que Raul veste a camisa do Bahia. Três anos após desistir de atuar pelo Vitória, o lateral voltou mais maduro e mais confiante à capital baiana. Aos 16 anos, Raul defendeu o time júnior do Tricolor, onde ficou por três meses. Pouco depois, arrumou as malas e foi tentar a sorte no Real Salvador.

Hoje, já profissional, com passagens por clubes como ASA, Guarani e Santo André, o ala só pensa em crescer. Assim como todo jogador, Raul sonha com a camisa da Seleção Brasileira. “Todo jogador sonha com isso. Ainda mais quando você vive o futebol desde criança e fica assistindo a seleção jogar, que é o maior orgulho do futebol brasileiro. Sei que está longe ainda, mas quem sabe um dia?”.

O atleta sorri quando fala de Seleção. A vontade de conquistar coisas e espaço fica estampada no rosto de Raul. Mas nada mexe tanto com o jogador quanto lembrar da família. Se o ala pode ter o nome gritado por mais de 50 mil vozes nas arquibancadas coloridas de vermelho, azul e branco, ele deve aos pais. E o lateral nunca se esquece disso.

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“Meus pais são o que me move. Nunca tive a oportunidade de morar com eles, porque decidi seguir um sonho. Minha mãe e meu pai batalharam desde que eu era juvenil. Tiravam do bolso deles para que eu chegasse onde cheguei hoje. Se eu conquistei o que conquistei, devo a eles porque os dois, mais do que ninguém, acreditaram em mim desde sempre. Hoje, sempre que posso, trago a minha família para perto de mim”.

Eleito melhor lateral-esquerdo do Campeonato Baiano de 2013, Raul tem um sonho mais fácil de realizar. Ele quer soltar o grito de campeão da garganta vestindo o famoso manto sagrado da nação tricolor. “Tenho muitos sonhos, mas o que eu mais quero hoje é conquistar um título pelo Bahia. Ano que vem temos Copa do Nordeste, Campeonato Brasileiro e, quem sabe, Sul-Americana. Quero conquistar meus objetivos, ganhar novas etapas na minha vida. Vou continuar trabalhando e me doando ao máximo, porque sei que Deus vai me abençoar”.

O destino do Bahia no Campeonato Brasileiro ainda é incerto. Cada vez mais distante da zona de rebaixamento, o time baiano ainda tem mais dois grandes jogos pela competição. Se o ano de 2013 não foi dos melhores para o torcedor tricolor, pelo menos sabe-se que, para o menino que emociona ao contar a sua história, foi um ano da realização de um grande sonho.


Fonte: Fernanda Varela – IBahia

Foto: Felipe Oliveira/Divulgação/ECB