Postado por - Newton Duarte

Reafirmando aposentadoria, Parreira se arrepende de ter lido a linda 'carta da Dona Lúcia'

Parreira se arrepende de ter lido 'carta da Dona Lúcia'

Ex-treinador diz que se deixou levar pela emoção ao ler mensagem de torcedora após goleada alemã. Ele também reafirmou sua aposentadoria

Carlos Alberto Parreira, 71 anos, disse que não pretende mais trabalhar no futebol (Buda Mendes/Getty Images/VEJA)

Uma das cenas mais marcantes do dia seguinte à goleada da Alemanha por 7 a 1 sobre o Brasil na semifinal da Copa do Mundo foi o momento em que o então coordenador técnico da equipe, Carlos Alberto Parreira, leu a carta de uma torcedora que apoiava o técnico Luiz Felipe Scolari e todos os membros da seleção brasileira, durante uma entrevista coletiva. Na época, Parreira foi bastante criticado por ter ignorado os erros cometidos pela comissão técnica e usado, de forma apelativa, a opinião de uma torcedora para justificar sua tese de que o trabalho foi 'perfeito'. Muitos torcedores até cogitaram a hipótese de a tal "Dona Lúcia" ser um personagem criado pela própria CBF. Passados mais de cinco meses do ocorrido, Parreira voltou a falar sobre a carta e admitiu que se arrependeu de ter lido e mensagem durante a coletiva.

"Não fui eu que tornei pública a carta, o Rodrigo (Paiva, ex-diretor de comunicação da CBF) e o Felipão já haviam comentado dela. Foi no finalzinho da coletiva, talvez eu tenha me arrependido, sim. Foi em um impulso. Tinha uma pessoa que escreveu uma coisa tão bonita. A carta é real, é verdadeira. Eu decidi na hora, li, até para preservar um pouco a comissão técnica, o Felipão, que estava sendo muito batido. Claro, a seleção perdeu de 7 a 1, não poderia ser diferente. Aquilo foi para tentar amenizar um pouco e mostrar o outro lado da moeda, alguém que criticava e alguém que apoiava. A carta realmente era muito bonita. Acabei sendo levado pela emoção", afirmou Parreira no programa Bem Amigos, do canal Sportv nesta segunda-feira.

Na mesma entrevista, Parreira anunciou que, aos 71 anos, não pretende mais voltar a trabalhar com o futebol. "Fiz um retrospecto e vi que não tenho mais nada o que fazer. A vida é feita de ciclos, de momentos e reflexões. Depois de 45 anos trabalhando em alto nível no futebol profissional, dez Copas do Mundo, tendo os privilégios que eu tive, os prazeres, as vitórias e as derrotas, o mais importante são as amizades. As coisas e pessoas, os cem países que conheci.” Parreira participou de dois títulos mundiais com a seleção, como preparador físico em 1970 e como treinador em 1994. Ele ainda dirigiu a equipe brasileira na Copa de 2006 e foi a outros Mundiais como técnico das seleções do Kuwait, Emirados Árabes, Arábia Saudita e África do Sul.