Postado por - Newton Duarte

Reforços, treinador e definições: Ouça os primeiros atos de Sant'Ana no Bahia

Reforços, treinador e definições: Ouça os primeiros atos de Sant'Ana no Bahia

Presidente eleito no último sábado inicia trabalho para clube baiano iniciar a temporada de 2015 com tudo pronto. Posse deve ser realizada nos próximos dias

A rotina está bem mais agitada do que nos dias de jornalista. Pela manhã, bateria de entrevistas e reunião com Fernando Schmidt no Fazendão. Durante a tarde, encontro com o provável novo diretor administrativo-financeiro do Bahia para o triênio 2015-2017. A vida de Marcelo Sant’Ana sofreu uma mudança drástica. Eleito no último sábado para assumir o Bahia, ele corre para preparar a próxima temporada mesmo sem ainda ter sido empossado no cargo de presidente do clube. Acostumado a função de entrevistador, ainda tenta se familiarizar ao papel de entrevistado. E foi dessa forma que ele conversou nesta segunda-feira com o GloboEsporte.com e o jornal Correio*.

Com apenas dois dias de eleito, Sant’Ana ainda está cheio de indefinições. Trabalha com alguns nomes para treinador e não esconde que Cristóvão Borges e Sérgio Soares agradam. César Sampaio foi procurado para ser o diretor de futebol do clube, mas as conversas não foram em frente. Nenhum dos jogadores que tem contrato até o fim deste ano terá o vínculo renovado. Jael é uma possibilidade para 2015, ano em que o Bahia disputará o Campeonato Baiano, a Copa do Nordeste, a Copa do Brasil e a Série B do Campeonato Brasileiro.

Confira na íntegra a entrevista com Marcelo Sant’Ana, que deve assumir o clube nos próximos dias para tentar reconduzir o Bahia à elite do futebol nacional.

Marcelo Sant'Ana foi eleito no último sábado para presidir o Bahia entre 2015 e 2017 (Foto: Thiago Pereira)

GE.com: Como estão as negociações para a formação do corpo diretivo?

Marcelo Sant'Ana: Tenho uma reunião hoje no final da tarde com o provável diretor administrativo financeiro que a gente chama de executivo. Já conversei com ele duas vezes por telefone, mas tem algumas informações que ele quer que eu não poderia passar como candidato. Hoje vou me reunir com Fernando Schmidt para ter um panorama melhor do clube. Preciso entender principalmente as questões das dívidas trabalhistas, fiscais, tributárias. Entender onde estão as pendências do Bahia e o que está inviabilizando o clube. O diretor de futebol voltei a entrar em contato ontem. Tem duas pessoas que conversamos uma aqui no Brasil e outra está no exterior. Hoje vai ser mais fácil avançar com um dos dois nomes, para que possa definir o quanto antes e não atrapalhar o planejamento. Hoje tem sido tocado mais por mim no futebol, mas eu entendo que algumas decisões tem que ser compartilhadas com o diretor, que vai ter um cargo de decisão e merece ser ouvido, participar da própria escolha do técnico e reformulação de elenco.

César Sampaio ainda interessa ou está descartado?

César Sampaio está praticamente descartado. Não falei mais com ele na última semana. Quando foi procurado por nós mostrou alegria pela lembrança, mas ele argumentou que seria muito difícil deixar o Joinville, pois ele havia um compromisso assumido com o presidente e que não acreditaria ser possível sair para vir ao Bahia. Já li na internet que ele estaria sendo especulado no Cruzeiro ou Santos. Ele deu um posicionamento quando foi procurado pelo Bahia e eu vou voltar a falar com ele para encerrar esse assunto.

Em relação a jogadores, já está em busca?

Já estamos em conversação com alguns atletas, tem um especificamente que já foi discutido tempo contratual, valor salarial. Um jogador que independente do técnico ou diretor de futebol seria aceito pela torcida, com qualidade técnica. Como presidente assumo caso essa negociação se oficialize. Temos buscado também outros nomes que nos interessam, pois a concorrência é evidente. Então o Bahia, independente da nova comissão técnica e novo diretor, não pode ser prejudicado pelo planejamento já que o tempo é curto.

Sou presidente eleito mas ainda não fui empossado. Fernando Roth Schmidt é tecnicamente o presidente ainda. Eu posso oficializar um nome, dizer quem seria, mas não posso contratar ninguém. Primeiro tenho que esperar a homologação da eleição para depois dizer os nomes. O prazo é a comissão e atual diretoria que determinam.

“Já estamos em conversação com alguns atletas, tem um especificamente que já foi discutido tempo contratual, valor salarial"

Marcelo Sant'Ana

Cristóvão Borges e Sérgio Soares são os dois treinadores que você iniciou uma negociação?

São dois nomes que eu valorizo, minha preferência pessoal quando era candidato era o Claudinei Oliveira que fez um trabalho muito bom tanto na base do Santos quanto no profissional após a saída de Neymar. Fez um trabalho bom no Goiás no início do ano e um trabalho de qualidade no Atlético-PR, mas após o Brasileiro ele renovou o contrato. Gostaria de conversar com ele, mas não vou nem procurá-lo por respeito ao Atlético-PR e ao profissional que já disse que renovou.  Os dois que você citou são bons treinadores, cada um com uma característica. O Cristóvão fez um bom trabalho no Bahia, em um momento complicado onde o clube teve dois presidentes e um interventor. Ele conseguiu agradar a torcida. Está mais acostumado com o mercado da Série A pela sua carreira. E o Sérgio Soares também tem bons trabalhos, como o próprio rendimento no Ceará, onde ele ficou numa boa colocação ano passado, esse ano repetiu um bom trabalho na Série B, mas quando o Ceará perdeu jogadores o rendimento caiu ele acabou sendo demitido. A cultura do futebol brasileiro é essa mas precisa ser mudado. Tem outros bons trabalhos no Atlético-PR e Santo André. Tem perfis diferentes mas ambos com a mentalidade que me agrada.

Márcio Araújo sempre especulado no Bahia. Ele foi procurado?

O Márcio, se não me falha a memória, tem dois anos que não treina um time profissional. Eu entendo que ele pode ter tido algum problema familiar, ou pode ter sido decisão dele. Mas, para um técnico que quer trabalhar num time de ponta, é um período longo. Não entrei em contato ainda com ele, respeito muito o Márcio, conheço ele pessoalmente, é uma pessoa de excelente trato e fez um bom trabalho no Bahia no acesso à Série A em campo. Mas não o procurei em momento algum até agora.

Você ainda não foi empossado. Acredita que essa espera até o dia 22 pode te prejudicar?

Acredito que prejudica ao Bahia independentemente de prejudicar a mim. A gente tem que ter sempre respeito à instituição, sócios e torcedores. Evidentemente que prejudica. Eu não posso oficializar alguns nomes em respeito à atual administração. Nós sabemos que têm jogadores que estão sendo procurados para serem negociados e atual administração não se sente à vontade para decidir pois já vai sair do clube. Então cria uma situação delicada. Vou hoje conversar com o Schmidt para a gente tentar entender como pode ser feita essa transição, pois o tempo é apertado. A reapresentação já é no início de janeiro. O Nordeste e o Campeonato Baiano já são em fevereiro. Então se a gente tem um mês de pré-temporada, que é uma novidade no calendário, temos que saber aproveitar esse período. Por isso temos que tomar as decisões, ter isso definido até Natal e o Réveillon.

Você falou que tem alguns nomes em estudo para serem contratados. Você já quantificou quantos serão?

Primeiro eu preciso saber quantos jogadores vão sair do Bahia para ter a noção de quantos vão chegar. É inegável que precisa mudar a base do Bahia, a estrutura, o esqueleto do time porque é um time reprovado. Nos últimos quatro anos o torcedor do Bahia não tem boas lembranças. Não foi só o rebaixamento desse ano que vai fazer com que a diretoria eleita tome uma decisão. Hoje o Bahia - estava conversando ontem com outras pessoas da campanha e a gente fez uma contagem - o time tem 23 jogadores com contrato longo. Pelo menos até maio ou 2017. Então, eu entendo que o número de trabalho deveria ser entre 26 a 30 atletas para uma temporada. Aí é só você fazer uma conta de quanto a gente precisa para fechar um elenco. Eu tenho esse número como o que entendo de número ideal. Vou questionar o diretor de futebol e o técnico se eles concordam em trabalhar com um número de 28 a 30 atletas no profissional. Não adianta ter um elenco de 35 a 40 atletas porque você cria instabilidade, dificuldade de relacionamento, desmotiva os jogadores. A gente tem que entender que a divisão de base, especialmente a categoria júnior, é aquela que deve suprir as nossas necessidades eventuais, de quando um atleta se lesiona e vai passar 15 dias, um mês fora. Se essa atleta lesionado tem a qualidade e precisamos esperar que ele volte, que se reabilite, precisamos usar o atleta do júnior para preencher essa lacuna. É assim que os principais clubes no Brasil e na Europa fazem, principalmente no futebol europeu. Essa mentalidade de ter o elenco profissional e saber usar a divisão de base para suprir as lacunas e não assumir as principais responsabilidades do elenco.

Você pensa em renovar com algum jogador que encerra o contrato agora?

Não. Eu entendo que 16 jogadores terminaram o vínculo com o Esporte Clube Bahia. Eles tiveram as condições de trabalho para terem um rendimento muito melhor e eles não tiveram esse grande rendimento. Alguns atletas, em alguns momentos, conseguiram render bem, se destacaram, ganharam o carinho do torcedor. Mas o Bahia não pode ser o clube da exceção. A gente não pode ter o compromisso com um atleta porque em um jogo, dois jogos, ele foi bem. A gente tem que ter o compromisso com o que ele fez ao longo da temporada. E, ao longo da temporada, o Bahia foi um time incompetente em seu futebol. Os salários que esses jogadores ganham, principalmente os que se destacaram, estão em um nível elevado para o rendimento que eles têm e para uma situação de excepcionalidade que é a Série B do Campeonato Brasileiro.

Você já tomou o conhecimento dos jogadores que retornam de empréstimo e podem ser úteis como Pittoni, Lenine? E Hélder, você tem conhecimento de que ele pode entrar na justiça por conta do atraso salarial nesses meses em que esteve emprestado ao Coritiba?

Não sei como está a situação do Hélder. A diretoria não me passou nada. O Pittoni me foi informado que ele tem contrato em vigor e existe uma sinalização de que um clube deseja esse atleta.

Um clube daqui ou de fora?

Um clube de fora. Agora, ele é um atleta que tem vínculo com o Bahia. Se ele me disser que tem motivação para jogar no Esporte Clube Bahia e o técnico entender que quer o atleta no elenco, ele vai ficar, independente de proposta. O atleta do Bahia tem compromisso com o Esporte Clube Bahia. Acabou essa era de o jogador entender que ele pode fazer o que quer no Esporte Clube Bahia. Ele tem que ser profissional. Se os jogadores exigem os seus direitos, e eles têm total condição de fazê-lo pessoalmente ou através de seu empresário, eles têm que entender que existe o profissionalismo e o profissionalismo tem dois lados. Eles têm que honrar seu contrato, assim como o Bahia tem que honrar com suas obrigações.

Com relação às propostas que você falou que o clube tem recebido. Entre os jogadores procurados estão Pará e Lucas Fonseca?

O Pará me foi passado por uma pessoal da diretoria - isso foi há 15 dias, não sei hoje porque o futebol é dinâmico - que ele teria uma oferta de um clube do exterior. Mas é a mesma situação: se o atleta tem motivação e desejo de representar o Bahia e respeitar sua torcida e nós entendermos que tecnicamente ele vai acrescentar ao nosso grupo, o nosso papel é manter esse atleta motivado para que ele renda ao máximo no Esporte Clube Bahia. O Bahia é um time que tem que dar resultado para o seu torcedor. Claro que com respeito a uma política salarial e a uma folha financeira. Mas o maior objetivo do Bahia não é ser balcão de negócio de nenhuma pessoa, é respeitar sua torcida, é conquistar títulos, é ganhar jogos. E o Lucas eu não tenho nenhuma informação sobre ele querer sair do Bahia ou ter alguma proposta.

Caso a homologação demore e você seja empossado somente no dia 22, você acha possível o presidente Fernando Schmidt possa fazer a apresentação mesmo que você ainda não possa fazer por direito?

Hoje eu vou conversar pela primeira vez como presidente eleito com Fernando Schmidt, o atual presidente do Bahia. Eu entendo que, assim como eu, ele não tem a vaidade pessoal. O lado dele é o lado do Esporte Clube Bahia. Então, se ele tiver o entendimento que, pelo bem do Bahia é melhor que ele tome algumas decisões compartilhadas comigo, como a contratação de técnico, contratação de diretor, eu vou agradecê-lo porque o Esporte Clube Bahia e o torcedor do Bahia não podem ser prejudicados por um eventual atraso na homologação. A gente tem que respeitar também a comissão eleitoral. Ela não tem que fazer nada por pressão. Ela tem que fazer o que é correto para o clube, independentemente das pessoas. Evidentemente que no futebol brasileiro, pelo calendário que a gente tem, é preciso não perder tempo. Isso é uma coisa que é inegável. O torcedor sabe como funciona a mecânica, a imprensa sabe, o mercado do futebol sabe como é que funciona isso. Entendo que, independentemente de vaidades, é preciso pensar no bem do Esporte Clube Bahia.

“O Pará me foi passado por uma pessoal da diretoria - isso foi há 15 dias, não sei hoje porque o futebol é dinâmico - que ele teria uma oferta de um clube do exterior".

Marcelo Sant'Ana

Você já tem contato com empresas para assumir o patrocínio master?

Temos contatos. Tenho um contato. Não vou falar no plural porque não conversei com duas empresas. Conversei com uma inicialmente. Agora, é um relacionamento que com a iniciativa privada demora mais tempo para você poder fechar. Porque a iniciativa privada é baseada no retorno sobre o investimento. Tem uma sigla em inglês que se chama ROI, sobre onde ela vai aplicar o dinheiro e como ela vai recuperar monetariamente esse investimento, seja em exposição de mídia, relacionamento comercial, novos parceiros, ampliação de mercado...então a gente precisa de uma conversa maior. O Bahia, com o rebaixamento, tem uma desvalorização da marca pelo mercado que ele vai estar, pelo produto que ele vai participar que é a Série B. Entendo, também, que o Bahia tem a obrigação de o mais rápido possível resolver a questão da Certidão Negativa de Débito, a CND. Porque a Caixa Econômica Federal tem tido o entendimento de que vale a pena investir no Esporte Clube Bahia e esse valor que a Caixa Econômica Federal poderia investir no Bahia, que é o valor comentado na faixa de R$ 6 milhões, provavelmente seria superior ao valor que hoje, dezembro de 2014, a iniciativa privada pagaria ao Bahia. Então, temos que trabalhar com os dois entendimentos. O que o Bahia precisa é solução. De problemas, os torcedores do Bahia já sabem quais são. Eles me colocaram presidente para trazer soluções para o clube.

Já há alguma definição sobre Charles?

Vou conversar com Charles agora pela manhã. Entendo, pessoalmente, que para o Charles, na minha visão - isso é uma visão pessoal, tenho que saber a visão dele - o Charles deveria continuar no Bahia na equipe técnica como auxiliar. Acredito que ele tem um potencial bom de trabalho, mas ele precisaria evoluir mais como técnico, se preparar melhor para ele ser um técnico competitivo, de qualidade, de alto nível não apenas dentro do Bahia, mas eventualmente em outro clube. Essa é uma visão que eu faço do mercado. Por que eu desejo ter Charles dentro do clube? Charles entende o torcedor do Bahia. Ele entende desse trabalho de ligação entre base e profissional, desse período de transição. Ele entende dos nossos valores, do nosso DNA. Ele é campeão brasileiro pelo Bahia. Ele foi convocado para a seleção brasileira pelo Bahia. Ele é uma pessoal que tem valores que nos agradam como tricolores. Mas, para um técnico profissional, eu entendo que ele precisaria trabalhar melhor algumas questões de sua gestão completa, ser técnico não é só escalar jogadores, é você liderar pessoas, ter noção de ambiente, relacionamento com o mercado, ligação com a TV, imprensa, rádio, jornal, internet. É você entender que tem um papel multidisciplinar, embora sua responsabilidade maior seja com o campo. Então, eu entendo que o Charles precisa se desenvolver mais para ser muito mais respeitado no mercado - como ele já tem o respeito - para subir de patamar. O Milton Cruz, por exemplo, optou por não ser técnico. O Cristóvão Borges, não. Foi auxiliar durante muito tempo, depois da doença do Ricardo Gomes preferiu ser técnico profissional. Então eu tenho que saber qual o caminho que o Charles quer para ele também.

Depois de eleito você teve algum contato com o presidente da Federação Bahiana de Futebol?

Diretamente não. O presidente Ednaldo Rodrigues Gomes ou a Federação Bahiana de Futebol já entrou em contato com pessoas que participaram da campanha, com pessoas que me apoiam. Entendo que nós teremos uma relação madura e institucional de respeito. O Bahia é o principal clube do futebol baiano, é o principal filiado da FBF, e o Bahia tem que se dar o respeito de como ele é grande. Ainda mais no futebol baiano. Entendo que o presidente Ednaldo Rodrigues Gomes terá também essa compreensão. Tive uma relação muito boa com ele até ano de 2011 para 2012. Depois acredito que tivemos alguns problemas de relacionamento porque eu entendia que o Campeonato do Nordeste, isso é uma visão pessoal minha, seria o campeonato a ser mais valorizado para a região, que é o mais interessante. Eu tenho a visão que os estaduais - eu falo porque sou baiano, se fosse cearense diria do cearense a mesma coisa, do pernambucano, do paulista - os estaduais tiveram uma grande importância para o nosso futebol, mas hoje para o torcedor, que é o consumidor, eles não têm o mesmo apelo, o mesmo interesse. Eu acho que a minha diferença com o presidente Ednaldo Rodrigues Gomes começou por eu ter esse entendimento e ele, talvez, ter outro entendimento do futebol brasileiro, do calendário, do produto de competições. Mas não acredito que teremos problemas de relacionamento. Ele está no cargo há 13 anos. Fará 14 anos no dia 15 de janeiro de 2015. Foi eleito legalmente para mais quatro anos. A gente não tem que questionar a legalidade de sua eleição de forma alguma. Mas eu tenho algumas visões que, por exemplo, na democracia é salutar a troca de pessoas, a troca de lideranças para o fortalecimento das instituições. Isso também é uma visão pessoal minha. Respeito a visão pessoal das pessoas e a gente tem que estar sempre o lado da legalidade. Ele, legalmente, é o presidente da nossa Federação Bahiana de Futebol e foi eleito para mais um mandato.

Por essa sua visão do Campeonato do Nordeste e o estadual, o principal objetivo nesse início de trabalho é o título regional?

Tenho a convicção que o Bahia, tanto no Campeonato Baiano quanto no Campeonato do Nordeste tem que entrar para ganhar. O Bahia é o clube do futebol baiano e o Bahia é o maior clube do futebol nordestino. Então, o torcedor do Bahia não tem o direito de pensar em outro resultado que não seja o título. Claro que o futebol é um jogo, os outros concorrentes também vão ter esse desejo, principalmente o Sport Club do Recife no Campeonato do Nordeste, que é o único clube da região na Série A do Campeonato Brasileiro, mas o Bahia tem que voltar a se impor como grande que ele é. Assim como o Bahia tem que se impor na Série B do Campeonato Brasileiro porque o Bahia é um clube da Primeira Divisão. É outra obrigação que nós temos como tricolores. Vamos trabalhar por isso com uma diretoria profissional, uma gestão técnica e eu tenho convicção que esse trabalho dará resultado. Agora, o futebol de campo, o título, a gente nunca pode prometer. Mas que o Bahia tem que sempre pensar, nessas competições que você me citou, no título, isso é inegável.

Com relação ao quadro de funcionários, aqueles que não permanecerem no Bahia serão avisados quando disso ou isso está em segundo plano no momento?

O funcionário do Bahia está sempre em primeiro plano. O funcionário do Bahia é quem faz o Esporte Clube Bahia. O funcionário do administrativo, o funcionário como o atleta, a gente tem que ter respeito. Entendo que mudanças vão acontecer. Eu disse durante a campanha que não tinha nenhum vínculo com a atual diretoria, que não tinha nenhum compromisso em manter ninguém. Vou buscar para o Bahia as melhores pessoas para cada uma de suas áreas. Não pretendo fazer caças às bruxas, não é meu perfil, e entendo que as pessoas que trabalham no Bahia não merecem esse tipo de tratamento. Como eu também não quero ser encarado como o salvador da pátria. Sou uma pessoa que vou buscar fazer meu trabalho e cada funcionário será avisado quando nós entendermos que é o melhor momento. Eu preciso estar dentro do Bahia para saber melhor sobre o trabalho de cada um. Tem funcionário que eu não sei exatamente o que faz, por exemplo. Talvez porque eu seja uma pessoa externa, nunca trabalhei dentro do Bahia, nunca prestei nenhum tipo de serviço para o Esporte Clube Bahia, exceto ser um torcedor, pagar minha mensalidade de sócio e fazer meu trabalho enquanto imprensa, um trabalho profissional respeitando a instituição. Então, a gente tem que conversar com o funcionário, entender como funciona a mecânica para, a partir daí, nós nos posicionarmos. Agora, caça às bruxas com o funcionário não pode acontecer. Se a gente respeita o funcionário, se a gente respeita o atleta, se cumpre os compromissos, a gente respeita acima de tudo o torcedor do Esporte Clube Bahia e a gente respeita nosso clube.

Como fica a situação de Maxi Biancucchi, que tem um salário alto, viajou antes do final do Brasileiro e com a declaração de Charles Fabian?

O Charles não citou nenhum atleta. Não sei se ele falou do Maxi ou de outros jogadores. A informação que o clube passou no período era que o Maxi não teria condição de jogo. Se ele, oficialmente que foi o que o clube informou, não teria condição de jogo, e o clube liberou o atleta para viajar, o atleta não fez nada de errado. Então, tenho que entender melhor, até conversando com o Charles de quais jogadores ele falou, porque se ele disse, e ele é um cara que merece credibilidade, ele identificou que aconteceu realmente e pode ter prejudicado o Bahia dentro do campeonato. Eu tenho que ter responsabilidade. Eu tenho que ouvir o Charles, os jogadores que ele cite que tiveram esse comportamento antiprofissional de desrespeito ao Bahia, tenho que procurar os jogadores também, caso eles ainda tenham vínculo com o Bahia. Se forem jogadores que o vínculo já expirou, aí sem dúvida alguma eles não merecem nem ser procurados. Se eles faltaram respeito com a instituição e hoje não têm mais vínculo, o Bahia não deve procurá-los para qualquer tipo de conversa.