Postado por - Heitor Montes

Relembrando momentos da carreira, Eduardo fala sobre o acesso com o Bahia

De férias em Alagoas, Eduardo diz não saber se fica no Tricolor ou se volta para o Atlético-PR

Sonho de moleque, paixão no peito e talento no pé. Eduardo queria ser jogador de futebol, apostou no objetivo e correu atrás. Hoje ele vive o que para muitos é uma fantasia. O alagoano tem ainda contrato com o Atlético-PR, defendeu o Bahia durante a Série B desse ano e conquistou o acesso para a Primeira Divisão do Brasileiro. Antes disso, em Curitiba, levantou a taça de campeão estadual pelo Furacão. O lateral esteve nos planos do Corinthians, já jogou no Vasco, e foi vestindo a camisa cruz-maltina que viveu momentos mágicos no Maracanã. Aos 30 anos, ele se vê realizado profissionalmente, mas ainda tem algo que pretende fazer antes de pendurar as chuteiras: vestir outra vez a camisa do CRB, time que o revelou

O único clube que eu penso em jogar para encerrar a minha carreira é o CRB. Eu penso nisso desde quando comecei: é lá que quero terminar. Fiquei muito feliz de ter passado pelos clubes que passei, jogar no Atlético-PR foi um sonho, lá eles têm uma estrutura fenomenal, é difícil encontrar um clube como o Atlético. Só de entrar naquele CT você se sente um, como dizemos na linguagem do futebol, jogador de verdade. Eles te tratam de uma forma que acho que nenhum clube trata. É muito bom trabalhar com profissionais de excelência, e o Atlético tem isso. É assim da portaria ao presidente.

Durante a carreira profissional, um jogador vive momentos únicos, enfrenta tristezas, vibra de alegria. Olhando para trás, Eduardo guarda as mais doces e boas lembranças, como o dia que enfrentou o Flamengo em um Maracanã lotado. Um sonho de menino.

Esse foi meu primeiro jogo como titular pelo Vasco, foi num clássico contra o Flamengo, uma data que nunca vou esquecer. Foi uma partida com o Maracanã cheio, é uma coisa que arrepia, que mexe com o sentimento. Lá é um dos lugares mais lindos do mundo, um símbolo do esporte mundial, é um templo onde todo menino sonha em jogar, e esse sonho foi realizado. Entrar lá é de arrepiar: por alguns segundos você fica fora de foco, você olha para a torcida e dá aquele frio na barriga, é uma experiência inesquecível. Passa um filme na cabeça, você pensa em tudo que passou para chegar até ali, toda dificuldade, em dez segundo passa a vida toda na cabeça... É um momento que você vive que faz tudo valer a pena.

Eduardo guarda em sua casa medalhas e troféus conquistados na carreira (Foto: Viviane Leão/GloboEsporte.com) Jogador conquistou o título paranaense com o Atlético esse ano (Foto: Fernando Freire)

Conquistar o título paranaense pelo Atlético esse ano também foi um dos momentos que o lateral-direito nunca vai esquecer, ainda mais batendo o maior rival no "Atletiba". O jogador citou ainda o acesso conquistado pelo Bahia.

Ah, com certeza tenho que lembrar da final do estadual, o Atletiba (Atlético x Coritiba), foi emocionante também. Tem também o último jogo do Bahia em casa, toda a minha família estava lá, entrei com os meus filhos em campo, foi muito emocionante. Esses momentos ficam marcados para sempre.

Eduardo foi para o Tricolor esse ano por empréstimo. Lá, ele teve que encarar a concorrência direta com Tinga, para ele foi uma experiência de aprendizado. Ainda sem futuro definido – não foi acertado se ele fica no Bahia ou se retorna ao Atlético-PR –, o lateral diz que tem vontade de permanecer no time baiano.

Fazia muito tempo que eu não jogava no Nordeste, fiquei muito feliz com a proposta deles, ainda mais com a grandeza do Bahia, é um time grande que merece estar no topo do futebol brasileiro. E lá ainda tinha a disputa com o Tinga, era uma disputa muito dura, muito dura. Ele é um jogador muito forte, muito dedicado. Acho que isso me fez crescer muito. Se eu desse mole, ele vinha e passava (risos). Mas acho isso bom, acho importante, ajuda a evoluir. A experiência de jogar no Bahia foi muito boa, espero que dê tudo certo e que eu possa voltar.

Eduardo disputou 20 jogos pelo Bahia esse ano (Foto: Felipe Oliveira/Divulgação/EC Bahia)Eduardo disputou 20 jogos pelo Bahia esse ano (Foto: Felipe Oliveira/Divulgação/EC Bahia)

Eduardo passou uma temporada longa em Santa Catarina, defendendo o Joinville e o Criciúma, mas foi atuando no Atlético-PR que ele conheceu o técnico Cristóvão, que mais tarde se tornaria o treinador do Corinthians. No comando do Timão, o treinador fez de tudo para levar o lateral para São Paulo.

Nossa, meus amigos me ligavam toda hora para saber disso (risos). Aconteceu, sim, o Cristóvão pediu a minha contratação, mas não foi da vontade de Deus. Quando eu estava no aeroporto indo para Salvador, eles ainda estavam conversando, tentando fazer com que ficasse em São Paulo para acertar com o Corinthians, mas houve um impasse entre eles e o Atlético.

Cravado na pele

Jogador tem símbolo do CRB e Maracanã tatuados na perna (Foto: Raissa Matias/GloboEsporte.com)Jogador tem símbolo do CRB e Maracanã tatuados na perna (Foto: Raissa Matias/GloboEsporte.com)

Dizem que o bom filho sempre volta. Eduardo foi revelado no CRB, saiu da base para se tornar profissional. Regatiano, o jogador tatuou até o símbolo do Galo na perna. Ele lembra com carinho do tempo que vestiu a camisa alvirrubra.

Sou regatiano de coração, tenho até uma tatuagem. Sou regatiano desde menino, jogar lá foi uma realização de criança, um sonho. Foi o time onde virei profissional, era o time que eu torcia. Para mim, foi emocionante jogar lá. Espero um dia vestir de novo a camisa do Galo.

As lembranças do time alagoano vão além. Eduardo guarda uma imensa gratidão por um antigo dirigente que apostou no seu talento.

No começo, pessoas desconfiavam, muitos diretores falavam que eu ia ser só mais um. Só que tinha um diretor, o Manoel Nascimento, que acreditou em mim. Ele foi fundamental na minha vida. Ele sempre acreditou em mim, no meu talento, pedia muita coisa para mim, lutava, brigava por mim. Brigou com presidente, brigou com diretor, fez tudo para me ajudar. Quando cheguei no clube, fui um pouco maltratado lá, e ele foi quem sempre olhou por mim. Tenho muito a agradecer a ele. Se eu cheguei onde cheguei foi porque ele me ajudou.

De férias em Maceió, o jogador conta como é bom estar em casa. A companhia da família, a alegria dos amigos e o aconchego do lar são como ímã para Eduardo.

É bom demais voltar para casa. Enquanto muitos jogadores querem ir para fora, eu só quero voltar para casa. É aqui onde eu me sinto bem, eu não largo por nada minha cidade, minha família, meus amigos de infância. Me sinto realizado quando estou aqui e vejo o sorriso deles, quando consigo proporcionar algo que antes não poderia se não fosse o futebol. Isso me deixa muito contente.

Eduardo guarda em sua casa medalhas e troféus conquistados na carreira (Foto: Viviane Leão/GloboEsporte.com)Eduardo guarda em sua casa medalhas e troféus conquistados na carreira (Foto: Viviane Leão/GloboEsporte.com)

Fonte: Globo Esporte