Renê Júnior, volante do Bahia, declarou que sofreu racismo no clássico Ba-Vi deste domingo (22). De acordo com o jogador, o atacante colombiano Santiago Tréllez, do Vitória, teria o chamado de macaco.
Após sair chorando do gramado, Renê Júnior concedeu entrevista coletiva. Apesar dos funcionários do Bahia estarem buscando imagens para comprovar a ofensa, o jogador declarou que não deverá prestar queixa contra Tréllez. .
É inadmissível, num mundo de hoje, acontecer essas coisas. Sou maior que isso aí. Não é qualquer palavra que vai me colocar para baixo. Queria estar aqui para falar dos três pontos. Queria que eu, todos os meus filhos, fossem julgados pela personalidade. Não vou dar queixa. Sou maior que isso aí. A maior punição vem lá de cima. Ele próprio veio me pedir desculpas. Sou maior que isso. Quero falar dos três pontos. Tenho muito orgulho da minha raça, de onde vim. Não é qualquer palavra que vai me colocar para baixo. Toda vez que visto a camisa do Bahia é por minha família. É difícil ser chamado de “macaco” dentro do seu país, no estado da Bahia. Aqui, a maioria da população é negra. No país dele também. Mas é cabeça boa, bola para frente. Ele sabe o que falou. Não tenho mágoa de ninguém. Há alguns anos aconteceu com o Aranha. Agora sei o que ele sentiu. Não tenho que me promover em cima disso não
Diego Cerri, diretor de futebol do Bahia, falou sobre a situação
É uma situação que não cabe mais nos dias de hoje. Na vida, não só no futebol. Foi um relato do Renê. Ele foi chamado de macaco por um atleta do Vitória, Tréllez. Nós estamos conversando internamente como fazer. Mas não cabe mais isso na vida, não no futebol. É bom que se pare para pensar nesse tipo de situação, não fique mudo, para que novas situações não aconteçam. Estamos conversando e vamos ver direitinho o que fazer
Vitor Ferraz, diretor jurídico do Bahia, orientou Renê Júnior a prestar queixa. Porém, o Bahia só irá tomar alguma iniciativa após a decisão final do jogador:
A informação é que o atleta Renê Júnior e diversos outros que estavam com ele no momento foi que houve uma ofensa de cunho racial, uma injúria racial, contra o atleta. Um ato muito lamentável. A gente lamenta, repudia. Isso não cabe mais no futebol ou em qualquer área da sociedade. Orientamos o atleta sobre as providências que podem ser adotadas, e estamos aguardando ele se acalmar um pouco para verificar se ele vai ter interesse em ir à delegacia prestar queixa. A orientação é que ele preste a queixa, é um delito criminoso. Para que isso seja apurado pela autoridade policial competente. Ele está se acalmando para informar o que decidiu fazer.
Agenor Gordilho, presidente em exercício do Vitória, tentou botar panos quentes, garantindo que a situação foi apenas um mal entendido:
Não passa de um mal entendido. Vamos tentar contornar isso. Estamos preocupados agora com o jogo do Atlético-GO. Bola para frente. Tudo isso foi um mal entendido. Vamos contornar com uma boa conversa. Talvez ele tenha sido interpretado mal, tenho certeza que o jogador não quis dizer isso. Não tem nada disso. Vamos tentar esclarecer com bom senso
Paulo César Carpegiani, técnico do Bahia, lamentou o acontecido, declarando que "ninguém é melhor que ninguém":
Tive o privilégio de participar de uma Copa do Mundo, das eliminatórias. A gente, quando vai trabalhar em um país no exterior, sempre foi muito bem recebido. Acredito que esse menino deve estar arrependidíssimo disso. No mundo não tem ninguém melhor que ninguém. Aconteceu esse fato, que é lamentável. Não sei o que o Renê vai tentar fazer. Perguntei quem era o jogador, ele disse, o jogador confirmou e depois pediu desculpa. Acho isso tão negativo do futebol, que muitas vezes tira o foco do jogo para um fato secundário e horrível. Tenho uma negação, não admito isso. Não somos melhores nem piores que ninguém