Títulos, vexames e Copa: retrospectiva do esporte na Bahia no ano de 2014
Esporte baiano vive gangorra, com bons e maus momentos. Isaquias Queiroz, Ana Marcela e Allan do Carmo se destacam, enquanto a dupla Ba-Vi decepciona
Um ano repleto de contrastes. Assim foi 2014: 365 dias em que o esporte esteve em uma gangorra na Bahia. De um lado, alçado ao céu, momentos de conquistas em que o orgulho era estampado pelo riso fácil. Do outro, fincado firmemente ao chão, períodos de vexames onde as lágrimas eram a melhor tradução para a dor e a vergonha. No meio de tudo isso, uma Copa do Mundo que reservou para a Boa Terra grandes emoções e muitos gols. Teve Copa sim, e com a bênção de todos os santos ela reservou momentos inesquecíveis para a terra em que a fé esteve por todos os lados.
Para relembrar o ano de 2014, o GloboEsporte.com preparou uma retrospectiva do que aconteceu de mais importante na Bahia e no esporte baiano. Doze meses distribuídos em doze tópicos para relembrar o ano em que o céu e o inferno se alternaram com frequência.
E-LI-MI-NA-DOS
A temporada começou para Bahia e Vitória com a disputa da Copa do Nordeste. Pelo segundo ano consecutivo, os dois clubes entravam na competição como favoritos ao título regional. E, novamente, fracassaram na tentativa de conquistar o troféu.
Assim como em 2013, o Bahia não passou da fase de grupos. Em seis jogos, foram três triunfos, um empate e duas derrotas. Sete gols marcados e oito sofridos. Campanha que deixou o Tricolor na terceira colocação do Grupo B, atrás de CSA e Santa Cruz.
O Vitória conseguiu se classificar para a fase eliminatória. Avançou como segundo colocado do Grupo A, atrás apenas do América-RN. A caminhada rubro-negra, contudo, não foi muito longe. Nas quartas, o Leão empatou com o Ceará em casa, foi goleado na Arena Castelão e se despediu melancolicamente do torneio.
SOLTA O GRITO
Após deixar a Copa do Nordeste na fase de grupos e patinar nos primeiros jogos do Campeonato Baiano, o Bahia virou o jogo. Como no conto do “Patinho Feio”, o Tricolor transformou o início pouco promissor e de repente passou a mostrar bom futebol. No ritmo do "Lepo Lepo", conquistou o Campeonato Baiano sem perder para o Vitória: em quatro clássicos, foram dois triunfos e dois empates. O título foi sacramentado no estádio de Pituaçu, com ameaça de “invasão tricolor” e provocações.
CADÊ A MEDALHA QUE ESTAVA AQUI?
O título estadual do Bahia não foi marcado apenas pela festa. Durante a entrega do troféu, o diretor administrativo financeiro da Federação Bahiana de Futebol (FBF), Jorge Lima, aproveitou para colocar uma das medalhas no bolso. A ação foi flagrada pelas câmeras, e o dirigente foi demitido.
Nas redes sociais, Jorge Lima foi comparado ao presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), José Maria Marin, que, em 2012, guardou no bolso a medalha que seria de Matheus Vidotto, goleiro do Corinthians, na final da Copa São Paulo de futebol Junior.
DAVI E GOLIAS
O sorteio da Copa do Brasil 2014 colocou frente a frente Vitória e JMalucelli. A esperança da torcida rubro-negra era de uma caminhada tranquila na primeira fase da competição, se possível com eliminação do jogo de volta. Contudo, Davi venceu Golias no torneio nacional. Após dois empates, o Rubro-Negro foi derrotado nos pênaltis em Pituaçu, com direito a cobrança desperdiçada por Dinei.
TEVE COPA, SIM!
A Copa do Mundo reservou fortes emoções para Salvador. Na Fonte Nova, os gols se multiplicaram. Foram 24 em seis jogos. Alguns deles tiraram o fôlego do torcedor, caso de Van Persie, que encobriu Casillas com um cabeceio, balançou as redes com estilo e virou febre nas redes sociais após o jogo entre Holanda e Espanha, o primeiro realizado na Bahia. Em outras ocasiões, houve gol, mas não valeu. No jogo entre França e Suíça, Benzema marcou, mas o árbitro galês Clive Thomas invalidou o lance por ter apitado o fim da partida.
Até quando a bola não entrou a torcida comemorou, como nas grandes defesas do americano Tim Howard no duelo entre Estados Unidos e Bélgica, ou quando Tim Krul entrou no fim da prorrogação do jogo entre Holanda e Costa Rica apenas para defender as cobranças de pênalti.
PELADO, PELADO
A Croácia escolheu Praia do Forte como sede durante a Copa do Mundo. E a seleção europeia não ficou conhecida apenas pelos banhos de mar dos jogadores durante a estadia na Bahia. Após receberem folga, os jogadores foram flagrados nus, em um momento de total descontração, curtindo na piscina do hotel onde estavam hospedados. Por conta do episódio, a delegação croata diminuiu o acesso da imprensa e cancelou entrevistas coletivas que estavam agendadas.
SÓ SIMPATIA
O mito da frieza alemã caiu por terra durante a Copa do Mundo. Na Vila de Santo André, os alemães se transformaram em senhores da simpatia. Dançaram com índios da aldeia Pataxó, desfilaram pelas ruas com a camisa do Bahia, mostraram intimidade com o pagode e até brincaram de "briga de galo" em Santa Cruz Cabrália. No fim, os jogadores comandados por Joachim Löw deixaram saudades não apenas pelo bom futebol, mas também pela cordialidade fora das quatro linhas.
CENTRO DE JUDÔ
Centro Pan-Americano de Judô, na Bahia (Foto: Marcelo Reis/Ascom Setre Bahia)
Em 2014, a Bahia ganhou um centro de referência em judô. Em julho, foi lançado o Centro Pan-Americano de Judô, o maior centro de treinamento das Américas. O complexo, localizado na praia de Ipitanga, em Lauro de Freitas, custou R$ 43,2 milhões, recursos do Governo da Bahia, do Ministério do Esporte e da Confederação Brasileira de Judô. O local será a base do judô verde-amarelo na preparação para as Olimpíadas do Rio de Janeiro, em 2016.
E A PISCINA?
Obras da piscina olímpica da Fundac, em salvador (Foto: Raphael Carneiro)
Em 2010, foi anunciado que Salvador teria uma piscina olímpica para substituir o equipamento que existia na Fonte Nova. Após quatro anos, no entanto, o projeto segue sem conclusão. De acordo com a assessoria de comunicação do Governo do Estado, o parque aquático estará pronto até março de 2015. As obras complementares e de urbanização têm sua entrega prevista para o segundo semestre do próximo ano.
BAIANOS PELO MUNDO
Três baianos se destacaram no esporte mundial neste ano. O nadador Allan do Carmo foi campeão mundial de maratonas aquáticas e eleito o melhor nadador do mundo em 2014. Ele levou o título com 121 pontos, enquanto o alemães Thomas Lurz e Christian Reichert tiveram, ambos, 88 pontos. Outro brasileiro, Samuel Villarinho ficou em quarto lugar no geral, com 86.
Ana Marcela se sagrou tricampeã mundial, feito também inédito para o Brasil. A nadadora subiu ao pódio em todas as etapas do mundial, disputadas na distância de 10km - mesma distância do percurso olímpico. Ela fechou o ano com 149 pontos, contra 65 de Christine Jennings, dos Estados Unidos.
Na canoagem, Isaquias Queiroz conquistou o bicampeonato mundial na prova C1 500m. Apesar da alegria pelo título, o atleta também amargou um momento de decepção: um dia antes de faturar o campeonato mundial, ele caiu nos metros finais da prova C1 1000m, quando liderava e estava perto do topo do pódio.
DUPLA QUEDA
O ano de 2014 terminou de forma melancólica para Bahia e Vitória. Apesar das manifestações de fé da torcida baiana, os dois times foram rebaixados para a Série B do Campeonato Brasileiro. O Tricolor terminou a Série A na 18ª colocação, com 37 pontos. O Rubro-Negro ficou uma posição acima, com 38 pontos conquistados.
No Barradão, após o rebaixamento, membros da Torcida Uniformizada Imbatíveis tentaram invadir o vestiário, mas foram contidos por policiais militares. O presidente do clube, Carlos Falcão, concedeu entrevista coletiva logo após a partida que selou a queda, com uma carta que abordava o rebaixamento e uma camisa com a inscrição "Meu amor pelo Leão não tem divisão".
ELEIÇÕES TRICOLORES
O último ato do esporte baiano em 2014 foi definido nas urnas. No início de dezembro, os sócios do Bahia escolheram o presidente para o triênio 2015-2017. O jornalista Marcelo Sant'Ana foi escolhido para substituir Fernando Roth Schmidt no comando do clube.
Sant'Ana recebeu 41% dos votos e superou outros cinco candidatos aptos à votação, realizada em tablets eleitorais. Durante a apuração dos votos, um torcedor tentou agredir Fernando Schmidt. O presidente da torcida organizada Terror Tricolor, Ronei Carvalho, se envolveu em uma discussão e precisou ser contido. A eleição, contudo, também foi marcada pela festa, com a união de todos os candidatos, discurso e o hino do Bahia cantado por centenas de pessoas.
