Postado por - Newton Duarte

Revelando superávit em 2015, Diretor diz que dívidas impedem 'time de Série A'

Diretor revela superávit em 2015 e diz que dívidas impedem "time de Série A"

Marcelo Barros conta que o Bahia paga R$ 1 milhão em dívidas antigas por mês, valor que seria suficiente para manter quatro ou cinco jogadores de alto nível para o elenco

Marcelo Barros é o responsável por equilibrar as contas do Bahia (Foto: Eric Luis Carvalho)

Logo ao assumir o Bahia, em dezembro de 2014, Marcelo Sant’Ana prometeu fazer uma administração moderna e profissional, pautada principalmente na responsabilidade financeira. O primeiro passo foi anunciar Marcelo Barros, ex-secretário de Administração do Governo do Estado, para o cargo de diretor executivo do clube. Ao novo dirigente, era direcionada a esperança de organizar uma estrutura viciada ao caos. Fazer brotar flores no terreno em que o deserto parecia ser único cenário possível.

Um ano depois, Barros apresenta os primeiros frutos do trabalho desenvolvido no Bahia. Salários em dia para funcionários e jogadores, dívidas com fornecedores quitadas e pagamento de 13º antecipado foram conquistas adquiridas durante 2015. O deserto tricolor não parece mais tão árido. O departamento financeiro está em ordem, e termina a temporada no azul, conforme afirmou Barros na última terça-feira, em entrevista para o Programa do Esquadrão, programa de rádio oficial do clube.

- Ano positivo do ponto de visto financeiro. Conseguimos fazer as coisas e fechar o ano com saldo em caixa, apesar de ter pago muitas dívidas do passado, de outras gestões. Colocamos em dia o salário dos jogadores, dos funcionários do clube. Para isso, colaboram não só as pessoas da área administrativa, mas a área do mercado e de futebol, que conseguiu manter a folha do time. Até o fim deste ano, início do ano que vem, terão muitas notícias boas do lado financeiro. Espero que se confirme o número de redução de endividamento do Bahia. Ainda estamos apurando, mas deve ser na casa dos milhões. Superior a R$ 30 milhões. O Bahia deverá dar superávit significativo nesse fim de ano. Talvez o maior da história do Bahia. Teve várias razões para ser alto. Uma delas é saber adequar as receitas, a outra é o Profut. Venda de alguns jogadores... Vai ser uma boa surpresa que o torcedor do Bahia terá – disse o diretor executivo ao Programa do Esquadrão.

O saldo positivo neste fim de ano, contudo, não pode ser traduzido em dinheiro em caixa. Barros explica que o Bahia gastou menos do que ganhou em 2015. Mas o dinheiro que sobrou foi utilizado para quitar dívidas contraídas no passado, em gestões anteriores.

De despesas do passado para pagar, temos aproximadamente um milhão de reais por mês. Daria para trazer quatro ou cinco jogadores de Série A"

Marcelo Barros

- Tenho conversado com o presidente. Ter um superávit não significa ter dinheiro sobrando. Significa que tivemos menos despesas, e esse dinheiro foi usado para pagar dívidas do passado. Só em dívida do passado, ultrapassamos R$ 10 milhões, pagos em dinheiro - revelou.

As dívidas do passado, por sinal, atrapalham também o departamento de futebol. Marcelo Barros conta que o valor pago para quitar compromissos antigos impede que o Bahia contrate jogadores de peso e monte um elenco mais forte.

- Tem quatro ou cinco tipos de dívidas no Bahia. As dívidas trabalhistas, que estão equacionadas. Pagamos mensalmente um valor acordado com a Justiça do Trabalho. Estamos procurando pagar em dia as questões trabalhistas. A gente regularizou as dívidas municipais com as Transcons. As dívidas federais estão equacionadas através do Profut. O tempo que vai levar não será pequeno. Cinco ou dez anos para terminar de pagar. Mas só vai terminar de pagar se mantiver a disciplina. De despesas do passado para pagar, temos aproximadamente um milhão de reais por mês. Daria para trazer quatro ou cinco jogadores de Série A. Temos meio time jogado fora por meio de dívidas do passado – esclareceu.

O CAMINHO PARA A SAÚDE FINANCEIRA

Equilibrar as contas no Bahia não foi uma missão fácil. Logo no início de 2015, a diretoria anunciou a redução de R$ 1,7 milhão na folha salarial mensal do departamento de futebol, além da redução de R$ 211 mil na folha salarial do setor administrativo. A ordem era arrumar a casa, manter apenas a estrutura necessária e honrar em dia os compromissos assumidos. 

Diretor do Bahia contou que clube pagou cerca de R$ 30 milhões em dívidas do passado (Foto: Raphael Carneiro)

- No início da gestão, enxugamos a folha do Bahia, administrativa e de jogadores. Fez com que a despesa fosse menor que a nossa receita. Fomos usando essa diferença para colocar em dia as dívidas do passado. Nos dois primeiros anos, o custo das dívidas federais ficará na casa de R$ 200 mil ao mês – disse Barros.

Além de equilibrar o caixa, o Bahia contou com a atuação da diretoria de mercado e fechou patrocínios. Após três anos de uniforme “liso”, o Tricolor voltou a contar com uma marca na faixa central da camisa. Os sócios também contribuíram. Atualmente, o clube possui cerca de nove mil adimplentes no quadro social, o que representa uma renda mensal de R$ 360 mil. 

Marcelo Barros afirma que, antes de entrar no Bahia, imaginava um quadro pior do que o que foi construído. A credibilidade do Bahia no mercado não era boa, e buscar parceiros comerciais poderia representar um grande desafio.

- Eu achava que a relação de Bahia com patrocínios era muito pior. (...) Teve um patrocinador que contou que não tinha negócios em Feira de Santana e era conhecido lá por ter feito propaganda na camisa do Bahia. O torcedor do Bahia sabe da sua força. É questão de tornar ela mais efetiva se tornando sócio. (...) Reconheço que, com os sócios, temos muito a caminhar. Como diretor, não gostaria de ver o sócio enfrentando fila. Mas o principal é a consciência de que o Bahia é um time grande, de primeira. Pela força da torcida – disse.

Para o futuro, Barros projeta uma evolução ainda maior. O dirigente destaca que o trabalho de saneamento feito em 2015 proporcionará mais equilíbrio e poder de investimento para o clube, quadro que poderá ser contemplado já em 2016. 

- A semente que estamos plantando dará frutos muito cedo e vai refletir em campo. Acredito que se reflete já em 2016. O esforço está sendo feito. Estou satisfeito com o resultado de trabalho, com a equipe que montamos – finalizou.