Perfil: com ‘revolução em curso’, Bahia vive a era do estudioso Marquinhos
GloboEsporte.com analisa estilo do treinador de 34 anos que comanda o Tricolor
‘Um estudioso’. ‘Um aplicado’. ‘Um treinador dedicado a conhecer o futebol’. Quem conhece Marcos Vinícius dos Santos Gonçalves não tem dúvida do seu perfil estudioso. Aos 34 anos, Marquinhos Santos é um viciado em futebol. O jovem treinador tem o hábito de chegar ao Fazendão, Centro de Treinamento do Bahia, logo cedo e só deixar o clube no final da noite.
Em ação: Marquinhos Santos faz ajustes táticos a cada treinamento
Entre estudos e análises, Marquinhos tenta acompanhar o treino da maioria das equipes das divisões de base. Se, entre os profissionais, ele é um treinador novato, na base, Marquinhos é um velho mestre. Foi lá onde tudo começou. Entre 2002 e 2012, o técnico esteve à frente de equipes de categorias inferiores até ganhar, em 2012, uma chance em um time profissional.
Naquele ano, Marquinhos Santos assumiu o Coritiba após da demissão do técnico Marcelo Oliveira, durante o Campeonato Brasileiro. O treinador pegou o time em crise e finalizou a competição nacional deixando o Coxa na 13ª posição. Na temporada passada, Marquinhos comemorou o título de tetracampeão paranaense. No Brasileirão de 2013, o Coxa começou bem e chegou a assumir a liderança do torneio e figurar entre os quatro melhores por algumas rodadas. No entanto, uma queda de rendimento reforçada pelo grande número de desfalques causados por contusões fez com que o treinador deixasse o cargo após eliminação na Copa Sul-Americana, quando o time ocupava a 12ª posição no Campeonato Brasileiro.
Na beira do campo, Marquinhos toca a 'revolução' tricolor
Quase quatro meses depois, o treinador assumiu o Bahia com a missão de fazer uma mudança drástica no futebol de um clube que, fora das quatro linhas, passava por um processo de refundação, sob nova direção.
- Junto com a diretoria, vamos fazer um grande trabalho em 2014, uma revolução. Aliado à grande torcida do clube, queremos estar no topo do futebol – disse na sua primeira coletiva como treinador do Bahia.
Ainda no primeiro contato com o torcedor tricolor, Marquinhos deixou claro o seu estilo. Desde 12 de dezembro, a equipe passou a ter à sua frente um estudioso.
- Vamos fazer um trabalho com análise e coleta de resultados para periodizar treinamentos e montagens de estratégias de adversários. Vou utilizar o trabalho teórico com prática para trazer excelência ao Bahia – disse em sua apresentação.
Marquinhos faz analises via software |
Marquinhos chega ao Fazendão logo cedo e é um dos últimos a sair do centro de treinamento. Sempre que possível, assiste ao treino das equipes de base. Adepto de inovações tecnológicas, ele faz acompanhamento minucioso de dados diários dos seus atletas, desde a fisiologia ao desempenho tático, através de um software de imagem e análise de desempenho de todos os jogadores do time. Entre um treino e outro, o treinador ainda arruma tempo para estudar adversários. É um viciado em táticas e números.
- O Marquinhos Santos é um ótimo profissional. Costuma chegar cedo no Fazendão e eventualmente é o último a sair. Assiste os treinos das categorias de base, estuda os adversários do Bahia por meio de vídeos. As vezes deixa o centro de treinamento de noite se dedicando ao trabalho. Tenho certeza de que é um dos técnicos mais promissores dessa geração - disse Valton Pessoa, vice-presidente do Bahia, em reunião do Conselho, realizada no último dia 10 de março.
O trabalho de Marquinhos Santos chama atenção dos jogadores, que reconhecem no técnico uma figura dedicada ao estudo do esporte. Com a experiência de quem já trabalhou sob comando dos medalhões Abel Braga e Vanderlei Luxemburgo, o atacante Rhayner define o atual comandante do Bahia como um homem de confiança.
- O Marquinhos é mais novo, menos experiente, mas não menos inteligente. Sabemos que, taticamente, ele ajuda bastante. Temos total confiança e sabemos que podemos confiar muito nele. Durante os treinos, ele procura falar mais de algum erro que teve ou mudanças táticas. A gente tem que dar muito ouvido a ele, porque é um cara em quem a gente confia bastante – define o atacante.
A juventude que dá a Marquinhos certa descrença do torcedor também dá ao treinador a liberdade se sentir ainda mais um homem de grupo. A comemoração do terceiro gol marcado por Anderson Talisca no último domingo, contra o Vitória da Conquista, mostrou um técnico estimado pelo grupo. Como quem diz ‘eu te avisei’, ele recebeu o autor do gol para um abraço coletivo, ao lado de todo o banco de reservas.
Grupo na mão: Juventude conta a favor de Marquinhos Santos
Um dos líderes do grupo, Fahel fala em caráter para defender o treinador. Em um dos momentos mais difíceis dos primeiros meses de Marquinhos Santos no clube, o volante veio a público em defesa do técnico.
- Eu vejo muito a dedicação e o caráter da pessoa. E o Marquinhos está mostrando isso. Está dedicado a dar o melhor para o Bahia, e o grupo está vendo isso – defendeu, logo após o primeiro Ba-Vi de 2014, que terminou em 1 a 1.
A prometida revolução de Marquinhos segue em curso. Bem verdade que dentro de campo o time ainda deve uma grande atuação. Mas é visível, nos treinamentos e em momentos de interação, que o elenco do Bahia já tem impregnado o espírito de dedicação à parte tática trazido por Marquinhos Santos. Se a missão é a revolução, o Ba-Vi deste domingo tem ares de grande batalha.
Fonte: Eric Luis Carvalho – GE.COM
Foto: Felipe Oliveira e Divulgação/ Esporte Clube Bahia