Postado por - Newton Duarte

Romagnoli 'alegou ter problemas familiares'; Meia 'não poderá jogar' em clubes Brasileiros

Bahia e Romagnoli chegam a acordo e meia é liberado para voltar à Argentina

Jogador afirma ter problemas familiares para não cumprir o pré-contrato firmado com o time baiano. Atleta não poderá defender outro time brasileiro até o final de 2015

Apesar de ter vestido a camisa do Bahia, meia não ficará no Tricolor

A novela chegou ao fim. O Bahia anunciou na tarde desta quinta-feira que Leandro Romagnoli não ficará em Salvador. A diretoria do clube baiano e o argentino chegaram a um acordo para o não cumprimento do pré-contrato. Ao final de cinco dias de negociação, prevaleceu o desejo do atleta de não atuar pelo Bahia e retornar para a Argentina, o que aconteceu na madrugada desta quinta. No acordo, o Bahia reduziu o valor que o atleta teria de pagar pelo não cumprimento do contrato e a multa deve ficar em torno da metade do 500 mil dólares previstos inicialmente.

- Queria agradecer a todo o Bahia, ao clube, que na verdade me receberam muito bem. Gostei muito da cidade, das pessoas, do carinho que me deram nesses poucos dias. Assim, tenho muitas palavras de agradecimento com todos, com os dirigentes que me trataram bem. Mas por questões familiares, tenho minha família na Argentina e gostaria de estar sempre por perto recebendo e retribuindo o carinho dela. Tenho a decisão tomada de voltar, mas quero deixar bem claro que o Bahia fez todo o possível para que eu pudesse ficar. Estou consciente que me trataram maravilhosamente, me sinto contente, mas repito: por questões familiares tenho que voltar a meu país. Fico muito agradecido ao clube, à torcida e desejo o melhor de coração, que tenham um bom ano e termine o Brasileiro no mais alto possível. Obviamente que se puder ser campeão é muito melhor. Saudações a todos do Bahia - afirmou o atleta em declaração ao site oficial do Bahia.

Pelo acordo firmado entre as partes, Romagnoli não poderá defender outro clube brasileiro até o final da próxima temporada.

- Não adianta colocar no elenco um atleta com a cabeça longe. Estamos buscando a reação no Campeonato Brasileiro e precisamos de um grupo comprometido - justificou o diretor de futebol do Tricolor, Rodrigo Pastana.

Em entrevista ao GloboEsporte.com, Pastana deu mais detalhes sobre a negociação que durou três dias em busca de um acordo entre clube e jogador.

- Era um contrato bom se fosse feito como o planejado, com ele chegando aqui no dia 30 de junho, fazendo uma intertemporada, se adaptando e jogando normalmente o Campeonato Brasileiro. Mas ele chegou aqui e a primeira coisa que nos disse foi que estava com um problema familiar com uma das filhas dele. Segundo ele disse que gostaria de continuar no San Lorenzo, que já não tinha mais o desejo de atuar fora do país. Por fim, disse que não teria como pagar a multa integral. Era um contrato caro, com luvas e de 18 meses. Não adiantava ficar com um jogador que estivesse com a cabeça na argentina. Achamos um meio termo e esse meio termo foi financeiro, infelizmente. Não podemos externar ainda os valores. Tivemos três reuniões com ele. Uma no domingo, outra na segunda e a terceira na terça-feira, quando ficou faltando somente os trâmites para a garantia de que ele iria cumprir tudo - disse o dirigente.

De acordo com Pastana, o Bahia deve voltar ao mercado em busca de reforços.

- Estamos pensando em buscar alguns jogadores para qualificar ainda mais o grupo - disse ao GloboEsporte.com.

Bahia e Romagnoli assinaram um pré-contrato no começo deste ano para que o meia pudesse defender o clube após o fim do contrato dele com o San Lorenzo. Com o time argentino na decisão da Libertadores, o jogador optou por não se apresentar ao Tricolor na data esperada, 1º de julho. Após conceder repetidas entrevistas afirmando que não desejaria se transferir, Romagnoli desembarcou em Salvador na tarde do último domingo.

O meia foi recebido com festa por um grupo de torcedores e até vestiu uma camisa personalizada feito pelo Bahia. A primeira reunião foi realizada logo após o desembarque. O jogador reafirmou o desejo de não ficar em Salvador e o Bahia propôs o cumprimento do contrato somente até dezembro. O argentino ficou de pensar e dar uma resposta na segunda-feira.

Na segunda, a reunião aconteceu somente no início da noite e, mais uma vez, nenhuma definição. Na terça, após nova negativa de Romagnoli, o Bahia disse que só se pronunciaria nesta quinta-feira. A justificativa do clube era de não tirar o foco do jogo contra o Criciúma.

RECEPÇÃO CALOROSA

Em seus primeiros momentos em Salvador, Romagnoli percebeu um pouco do entusiasmo da torcida tricolor. Dezenas de torcedores estiveram no aeroporto para saudar o jogador e tentar convencê-lo a ficar no clube. Com faixas e cânticos de “Fica, Pipi” e “o campeão chegou”, os torcedores cercaram o meia no trajeto entre a sala de desembarque e o estacionamento.

- Tenho contrato e há possibilidade (de jogar no Bahia). Tenho que conversar com a diretoria do Bahia. Seria algo bom, mas tenho que ver. Fico feliz com essa festa da torcida – comentou o jogador, cercado pelos tricolores presentes no aeroporto.

Argentino foi recepcionado com festa no aeroporto de Salvador

A novela entre o Bahia e o jogador se arrasta desde o início deste ano. Em janeiro, as duas partes assinaram um pré-contrato para que o jogador pudesse vestir a camisa do Tricolor. O acordo previa a apresentação do jogador em julho, logo após o fim do contrato dele com o clube argentino San Lorenzo. Houve, inclusive, uma campanha da diretoria do time baiano de que iria anunciar oficialmente o camisa 10 quando o clube chegasse à marca dos 30 mil sócios.

Entretanto, desde meados de maio, Romagnoli tem dado sinais de arrependimento. Com o San Lorenzo avançando de fase na Libertadores, o argentino disse, por diversas vezes, que não iria cumprir o acordo com o Bahia. O Tricolor, por sua vez, teve uma postura radical e afirmou que levaria o caso à Fifa. Além da multa prevista no contrato, o clube ameaçou pedir o ressarcimento dos gastos feitos durante a negociação e uma suspensão do atleta pelo não cumprimento do que havia sido acordado.

Passou-se o dia 30 de junho – quando chegou ao fim o contrato do jogador com o San Lorenzo – e ele não se apresentou em Salvador. Romagnoli afirmou que o vínculo dele com o time argentino tinha uma cláusula de renovação em caso de avanço na Libertadores, mas destacou que se apresentaria no Fazendão após o torneio continental. O San Lorenzo foi campeão e seguiu-se uma sequência de declarações contraditórias.

Antes mesmo da decisão final, o empresário do jogador havia dito que ele iria cumprir o pré-contrato assinado com o Bahia. Ou seja: estaria em Salvador para atuar pelo Tricolor logo após a decisão da Libertadores. Na Argentina, no entanto, Romagnoli afirmou estar arrependido do vínculo firmado e que teria o interesse de continuar no San Lorenzo.

As opiniões divergentes aconteceram também no Tricolor. Se inicialmente o clube se mostrou irredutível quanto à exigência do pagamento da multa, a diretoria do Bahia mudou de ideia. O clube cogitou o aproveitamento do atleta, inclusive após consulta à CBF que garantiu a possibilidade de inscrição mesmo após o encerramento da janela de transferências internacionais. O retorno à posição inicial só aconteceu quando os tricolores perceberam que Romagnoli não pretendia mesmo cumprir o pré-contrato.

Mini Nota Luis Peres @BahiaClub: Cláusula que 'proibiria' o meia em não jogar em outro clube Brasileiro, é apenas uma piada. Ele pode jogar em qualquer clube. Ele não possui vínculos com o Bahia. É uma cláusula abusiva.