Postado por - Newton Duarte

Schmidt: 'PT no Bahia? Delírio e acusações descabidas'

Fernando Schmidt: 'PT no Bahia? Delírio e acusações descabidas'

A decisão está nas mãos dos tricolores. Na última entrevista da série com os candidatos à presidência do Esporte Clube Bahia, o Bahia Notícias ouviu o Secretário de Relações Internacionais do Estado, Fernando Schmidt, que falou sobre inúmeros temas. Explicou a boa relação com o governador Jaques Wagner, prometeu dar continuidade ao processo de auditoria e revelou qual será o seu primeiro ato como presidente, se eleito no dia 7 de setembro.

BN: Por que o torcedor em dúvida deveria votar em Fernando Schmidt?

FS: Primeiro, eu estive presente em todos esses anos como titular na luta pela democracia do Bahia. Segundo, por já ter enfrentado uma situação complicada, eu consegui ser tetracampeão, construir o Fazendão e deixar o clube em condições de ter um estádio. Tudo isso foi abandonado depois. Não me considero vencedor, louco seria se fizesse isso. Não existe essa de já ganhei. Vamos disputar voto a voto, preciso de voto dos tricolores compromissados com um novo Bahia. Um clube democrático e profissionalizado. Essa é a marca com a qual pensamos em deixar as coisas dentro do choque de gestão que faremos. Não farei promessas e apenas mostrar que o clube estará pronto para sua refundação, no verdadeiro caminho de time vencedor.

BN: Como avalia a gestão de Marcelo Guimarães Filho?

FS: Foi uma gestão temerária. Desconheceu completamente o planejamento, abandonou o trabalho da marca do Esporte Clube Bahia e sua devida exploração. Tenho impressão que a antiga gestão apostava para ver se dava certo. Precisamos acabar com esse tipo de coisa, com o regime de capitania hereditária, além do jogo de mentira que existia dentro do Bahia. Acontecia uma reunião do conselho para dizer amém ou para que as decisões não fossem cumpridas, registradas em cartório.

BN: O senhor tem o interesse em manter Carlos Rátis no clube?

FS: Teria, se ele fosse seguir uma vida dentro do esporte. Teve um extraordinário papel como a intervenção. Foi bem esclarecedora, capaz de punir alguns dentro da atual gestão. Ele será mais que um futuro dirigente. Será um conselheiro muito próximo da diretoria do Bahia, até pelo reconhecimento do trabalho feito na intervenção.

BN: Fernando Schmidt é o retrato do governo dentro do Bahia?

FS: Eu tenho absoluta tranquilidade para falar sobre isso. Jaques Wagner jamais iria propor uma transformação do Bahia em secretaria do Estado, e não teria cabimento eu me posicionar dessa forma. Em momento algum ele mandou que eu fosse ser presidente do Bahia ou trabalhar para o candidato do PT de 2014. Nem sou do PT. Sou do PSB, e por isso considero essas afirmações descabidas. Um verdadeiro delírio.

BN: Relação entre Bahia, imprensa e torcidas organizadas. Como será?

FS: Uma relação profissionalizada. Não vamos seguir com essa história de ponta, interesses pessoais. Nada disso passa perto da nossa gestão, se eleita. Quanto às organizadas, eu quero achar uma forma de ajudar na busca por parceiros. Elas precisam ser independentes sem ser bancadas pelo clube.

BN: Qual será o seu primeiro ato, se eleito presidente?

FS: Meu primeiro ato, se eleito para o dia 7 de setembro, foi reunir o Conselho Deliberativo e apresentar minha equipe de trabalho. Dialogar e discutir os mecanismos para que possamos tomar grandes e complicadas decisões.

BN: Auditoria será permanente na sua gestão?

FS: Esse relatório que será divulgado abertamente, disponibilizando para imprensa. Queremos dar continuidade no trabalho, ou mais que isso. Vamos transformar a auditoria em uma prática constante da nossa vida. Uma gestão efetivamente transparente.

BN: Ser candidato à presidência do Bahia estava nos seus planos?

FS: Não estava nos meus planos. Mas, como lutador da oposição que sempre desejou a democracia, coloquei meu nome à disposição de todos. Chegou-se a conclusão que o meu era o melhor nome. Por eu estar efetivamente focado no momento da transição e ter feito uma boa gestão, trinta anos atrás. Quero preparar o Bahia, limpar o terreno e deixar o clube na rota de vitórias.

BN: Por que escolheu Valton Pessoa como vice-presidente?

FS: Valton demonstrou ter as melhores referências de amor e dedicação ao Esporte Clube Bahia. O pai dele, inclusive, foi meu conselheiro há trinta anos. Conheci Valton menino e sei como ele progrediu na vida.

BN: Houve facilidade para formação da chapa do Conselho Deliberativo?

FS: É uma chapa ampla, plural. São representantes de todas as correntes, todas ideologias, representantes da sociedade. Temos figuras como Vigílio Elísio, Bobô, Vitor Ventim. Sem falar em outros grupos que lutaram pela democratização do Bahia.

BN: Sua gestão, se eleita, vai buscar novos jogadores apesar do curto tempo?

FS: No curto espaço que temos nós vamos buscar contratações. Precisamos de novos jogadores para o time de futebol. Sabemos da importância porque o futebol é a locomotiva principal. Para que tudo dê certo é preciso termos bons resultados. Sem o futebol, a gestão pode ter problemas em novas receitas e no saneamento do clube.

BN: O que será feito de forma imediata no clube, no âmbito financeiro?

FS: Vamos discutir contrato a contrato. Contrato só é bom quando corresponde positivamente aos dois lados. Caso contrário, não estamos interessados em manter. Queremos buscar o máximo de benefícios ao Bahia. Aumentar a receita é fundamental. Vamos atuar sempre ao lado do planejamento e logo cortar 25% dos gastos.

BN: Sua relação com Sidônio indica que ele será seu diretor de marketing?

FS: Nós temos inúmeros publicitários competentes, especialistas, e que amam o Esporte Clube Bahia. Fernando Passos, Ênio Carvalho e o próprio Sidônio. Todos estão dispostos a trabalhar pelo Bahia, sem qualquer vínculo ou contrato. Queremos formar uma comissão de pessoas competentes em busca do bem do Bahia. Recuperar a imagem e credibilidade.

BN: E o departamento jurídico...

FS: Temos vários nomes. Sou uma pessoa que conheço profissionais competentes nessa área e estamos pensando sobre isso. Vamos montar uma equipe boa.

BN: Apenas 50% de desconto no ingresso para os sócios?

FS: É muito pouco. Eu acho que é muito pouco, principalmente dentro da Arena Fonte Nova. Precisamos conseguir o preço mais barato, e que esse valor seja estendido para estacionamento, alimentação e tudo dentro do estádio. Queremos rever o contrato para dar ao torcedor um desconto de 50% não só no ingresso.

BN: Como o senhor vê a exploração da marca do Bahia, e o que pretende mudar?

FS: É a maior marca do Norte e Nordeste. Sem falar que é uma das maiores do futebol brasileiro. Não sabemos, hoje, por exemplo, os contratos que fazem bem ao Bahia. É uma situação complicada porque, além dos problemas financeiros, o clube não tem credibilidade.

BN: Sua gestão, se eleita, pode influenciar na escolha do governador do PT em 2014?

FS: Os votos da torcida do Bahia, que são mais de 4 milhões, é lógico que serão disputados. Em momento algum da minha gestão, se eleita, vou produzir qualquer direcionamento sobre isso. Acredito que política e futebol não podem ser misturados. Temos pessoas na nossa chapa, como por exemplo ACM Júnior, que não devem caminhar com o mesmo objetivo do PT em 2014.

BN: O senhor tem apoio de vários ex-jogadores. Pretende usar a imagem deles no clube?

FS: Os nossos ex-jogadores terão todos seus feitos registrados no memorial do clube, que queremos ter na Arena Fonte Nova. Eles possuem condições de serem muito bem aproveitados, dentro e fora do Bahia. Exemplo disso na campanha de associação ao clube e credibilidade no mercado. Esses ex-atletas, por exemplo, podem muito bem participar de competições, eventos, além da escolha de jovens talentos. Precisam ser usados pelo Bahia, mas não necessariamente como funcionários.


Fonte: Maurício Naiberg / Bahia Notícias

Fotos: Alexandre Galvão / Bahia Notícias