O técnico Preto Casagrande tem cinco desfalques confirmados para a partida do próximo domingo, contra o Atlético-PR, pela abertura do returno do Campeonato Brasileiro. Armero, Allione, Vinicius e Maikon Leite se machucaram e foram vetados pelo departamento médico. Punido pela simulação na partida contra o Flamengo, ocorrida em junho, Lucas Fonseca teve o recurso movido pelo Bahia negado e vai cumprir a suspensão.
Embora o Tricolor tenha tantos desfalques, não deve ser surpresa o time que vai começar o jogo diante do Furacão. Nas atividades ao longo da semana, Preto Casagrande escalou Matheus Reis na vaga de Armero. Éder é o provável substituto de Lucas Fonseca.
Embora não tenha confirmado o time titular em entrevista coletiva concedida antes do treino desta sexta-feira, Preto admite que o time não deve ser muito diferente daquele que enfrentou o São Paulo no último domingo. A provável escalação do Bahia para a partida tem: Jean; Eduardo, Eder, Tiago e Matheus Reis; Edson, Renê Junior e Régis; Zé Rafael, Mendoza e Rodrigão.
- Acho que não tem por que a gente tomar uma posição agora. Tem mais o treino de hoje para analisar. O Vinícius, por exemplo, é um cara que a gente estava imaginando que pudesse contar com ele, e já não vai. O Allione também está sentindo um pouco o joelho. Depois do treino de hoje, principalmente, que a gente vai ter uma certeza do time que vai para campo. Mas não deve ser muito diferente daquilo que foi contra o São Paulo e do que treinou ontem – explica Preto.
São nesses momentos de desfalques que o treinador precisa contar com um elenco capaz de dar peças de reposição à altura. Na lateral esquerda, por exemplo, Preto vê Armero, Matheus e Juninho Capixaba com condição de assumir o posto de titular do time. Sobre o último, formado nas categorias de base do clube e que tem sido pedido na equipe principal pela torcida, o técnico acredita que ele tem dado respostas positivas.
- Acho que o Juninho, nesse jogo com o São Paulo, a entrada dele, se alguém tinha alguma dúvida da capacidade dele, tirou ali. Entrou com muita personalidade, muita confiança, tinha a opção de usá-lo desde o início, mas em função da necessidade que era o jogo, da pressão que existia em todos nós, preferi usar um pouco mais a experiência do Amero. Mas são três jogadores de alto nível, tanto ele quanto o Reis e o Armero. Falo com eles que o importante é você estar condicionado fisicamente, estar bem preparado psicologicamente, porque o momento vai aparecer. É muito jogo. A gente agora tem três semanas cheias, mas depois disso começa uma maratona grande de novo, de jogos quarta, domingo, quarta, domingo. Então é inevitável que se tenha que usar todos os outros atletas. Mas acho que o Juninho nos deu uma resposta muito boa no jogo de domingo e nos dá total confiança para a hora que precisar, utilizar sem problema.
Contra o Atlético-PR, Preto vai completar três jogos como técnico interino do Bahia. O treinador fez um balanço do rendimento do time nas duas partidas anteriores e revelou algumas mudanças.
- Tive duas oportunidades em que achei que a equipe foi muito disciplinada taticamente. A questão da entrega, a questão da disposição. Não que não tivesse disposição antes, mas agora a gente está tentando organizar um pouco mais, deixar as linhas defensivas bem mais próximas, dando menos opção para o adversário atacar. Então, acho que é essa a minha preocupação maior no momento. Organizar a parte defensiva, essas duas linhas, para que fiquem próximas, para que a gente, às vezes, pense em executar uma jogada e não deixe de executar o que é pedido, o que é treinado. Então é basicamente isso, essa responsabilidade que a gente tem na hora de defender e, na hora de atacar, a qualidade individual de cada atleta, a improvisação, que eu acho que é fundamental na hora de atacar, dando muito liberdade para os meias atacantes, para que eles tomem as decisões certas, que tenham sempre duas opções de passe. É basicamente isso.
O Bahia de Preto Casagrande enfrenta o Atlético-PR às 19h (horário de Brasília) de domingo, na Arena da Baixada. Na 13ª posição, o Tricolor tem 23 pontos, cinco a menos que o Furacão, 8º lugar do Brasileiro.
Confira outros trechos da entrevista coletiva de Preto Casagrande:
Busca por equilíbrio
- Falei logo depois do jogo que a gente tentava justamente o equilíbrio, de ter a hora de cadenciar, de ter a posse da bola, que a gente tentou e não conseguiu no segundo tempo, e a hora de contra-atacar e usar a velocidade, que nós temos jogadores para fazer isso. Esse equilíbrio não é fácil, mas é aquilo que a gente vem buscando. Não adianta você ter só a posse da bola e não ser agressivo. Não adianta também só ser agressivo e correria 90 minutos, porque ninguém aguenta. É esse equilíbrio que a gente está tentando implantar agora no time. Saber a hora certa de ter a posse da bola, de cadenciar, articular uma jogada, e saber a hora certa de agredir, de tomar a decisão certa. Acho que a gente errou muito passe contra o São Paulo, uma cosia que tenho cobrado deles. Principalmente no primeiro tempo. Duas chances do São Paulo foram bolas que estavam em nossos pés e a gente acabou perdendo na intermediária. Caprichar nesse passe, errar o mínimo de passe possível, para tentar esse equilíbrio tanto na hora de atacar quanto na hora de defender.
Ambiente no clube
- Sou suspeito para falar. Percebo um ambiente muito bom, um ambiente agradável, onde os jogadores se respeitam muito e, acima de tudo, respeitam essa comissão. Falo para eles, quase que diariamente, da importância deles confiarem no trabalho que está sendo feito. Que eles confiem naquilo que é planejado, naquilo que é determinado para eles fazerem nos treinos. Tenho, às vezes, discussão com o Maurício (fisiologista), que tenta dosar ao máximo para que a gente não tenha jogador lesionado. É uma coisa que ele se preocupa muito. Eu confio muito naquilo que me é passado. A gente faz um trabalho de muita conversa, de muito diálogo nessa comissão que está agora. Na minha opinião, os jogadores têm entendido isso e dado uma resposta muito positiva no dia a dia.
Ansioso para definir vida no Bahia?
- Cara, essa função de treinador é tanta coisa que você tem que se preocupar que nem dá tempo de ficar ansioso. Estou no futebol, porque eu amo o futebol. Estou no Bahia, porque eu tenho um carinho muito grande pelo clube, pelas pessoas que me convidaram para ter essa oportunidade. Portanto, eu venho para cada todo dia muito feliz, muito satisfeito, muito agradecido a Deus por essa oportunidade. Os dias vão passando, e eu tenho me sentido cada vez mais à vontade nessa função, principalmente pela resposta dos atletas no dia a dia. Não fico ansioso. Pelo fato de estar feliz, de fazer o que eu gosto, de eu estar satisfeito num clube que tem um ambiente muito bom, não só dentro de campo, mas nos bastidores também. Isso me dá a certeza que eu tomei a decisão certa e eu vou trabalhando com tranquilidade, sem pressão, sem ansiedade, até para que isso não atrapalhe meu rendimento na produção do dia a dia.
Reencontro com Atlético-PR
- Não tem nada a ver com aquele time do primeiro turno [Bahia venceu por 6 a 2]. Aquele já era um time alternativo, porque eles tinham um jogo importante. Pouparam vários jogadores. Assisti ao jogo contra o Santos ontem, e o time do Atlético acho que fez a melhor partida deles no ano. Muita gente comentou isso. Um time muito rápido, de muito toque de bola, de muita posse de bola. Uma transição ofensiva rápida. Jogadores muito inteligentes, o Lucho, o próprio Guilherme, Sidcley, enfim, toda a equipe muito qualificada. Vem em um momento crescente na competição depois da chegada do Fabiano. Mas é aquilo, Campeonato Brasileiro não vai ser diferente nunca, nenhum jogo. Sempre um jogo difícil, um jogo truncado, de inteligência, de sabedoria. E aquilo que falei anteriormente, a concentração é fundamental. Por isso que a gente tentou fazer um trabalho muito importante de posicionamento, principalmente das duas linhas de quatro mais atrás para eles não terem dúvida daquilo que eles têm que executar na hora da movimentação do adversário, da maneira como a gente tem que se comportar numa troca de posições em determinados momentos porque o Atlético-PR tem essa mudança de posição muito acentuada. Mas é lógico que a gente observou alguns pontos que a gente pode explorar e vai passar para os atletas hoje e amanhã para ver se a gente consegue neutralizar os pontos fortes deles e explorar aquilo que pode ser proveitoso para nós.
Avaliação para segundo turno
- Até na conversa com os jogadores, principalmente depois desse último jogo contra o São Paulo, a gente falava da importância de fazer um segundo turno melhor do que o primeiro. A gente fez jogos bons, às vezes jogando até melhor que o adversário, porém pecando nos detalhes. O mais importante é conscientizar os atletas da importância de ter concentração o tempo inteiro. No jogo contra o Grêmio, tomamos gol no finalzinho, contra o Avaí tomamos gol no finalzinho, já seriam aí quatro pontos a mais que nos dariam uma condição muito melhor na tabela. Essa atenção é necessária durante o tempo todo. Tenho certeza se esse nível de concentração melhorar, a gente tem tudo para fazer um segundo turno melhor do que o primeiro.
Fonte: Globo Esporte