Postado por - Newton Duarte

Sem pressão: Perto de estreia, Guto Ferreira freia pressão por triunfo

Consciente do início de trabalho, treinador do Bahia não vê equipe com obrigação de apresentar uma grande exibição no jogo desta quinta-feira, contra o Fortaleza

O Bahia vai enfrentar o Fortaleza nesta quinta-feira, na estreia pela Copa do Nordeste, com a missão de começar a mostrar em campo o resultado do trabalho realizado neste início de ano. Em pouco mais de 20 dias de pré-temporada, a equipe tricolor participou de trabalhos intensos, sejam eles físicos, técnicos ou táticos no Fazendão, além dos dois amistosos realizados pela Flórida Cup, nos Estados Unidos.

Para o técnico Guto Ferreira, ainda é cedo para fazer grandes exigências de desempenho aos jogadores. Embora acredite que seja possível, já neste jogo, que o grupo mostre alguns fundamentos trabalhados no Fazendão, o treinador pondera que outras características dificilmente serão apresentadas. Guto ressalta também que existe a possibilidade da equipe cair de rendimento no segundo tempo do duelo. Nos Estados Unidos, os titulares jogaram apenas por 45 minutos contra o Wolfsburg e mais 45 minutos diante do Estudiantes.

- Eu espero ver uma equipe compactada, que tenha um bom toque de bola, que tenha entrega. Acho que algumas individualidades não vão estar afloradas, principalmente aspectos físicos. Têm jogadores com características de romper. Não vai estar em um estágio de romper o tempo todo, de quebrar as linhas com individualidade, uma corrida rápida, jogo de choque. Nós fizemos 45 [minutos contra o Wolfsburg] mais 45 [minutos contra o Estudiantes]. Nós temos uma condição que eu acho que nós suportaríamos os 90 minutos com tranquilidade. Mas existe sempre a dúvida de se vai ou não existir uma queda, em que ritmo nós vamos conseguir fazer. Fizemos dois tempos em um ritmo extremamente intenso, mas nós não jogamos o segundo tempo, a sequência desses 45 minutos para saber se haveria uma queda acelerada da equipe. Então, o segundo tempo passa por uma situação de ver como eles estarão. Situações assim, de aspectos físicos, de questões táticas, que a gente tem treinado na equipe. Como a gente vai encarar tal situação de marcação, de ataque. Nos Estados Unidos, nós estivemos na frente do gol, mas não finalizamos. Agora vai ter que finalizar. Dependemos do resultados. Temos que fazer em um volume suficiente para trazer os resultados que precisamos - acredita Guto Ferreira.

No jogo desta quinta-feira, Guto vai mandar a campo um time titular com a base da equipe que disputou a Série B do Campeonato Brasileiro em 2016, mais alguns jogadores contratados para esta temporada. Entre estas novidades nesta equipe, está o atacante argentino Allione, substituto de Edigar Junio, que se machucou nos Estados Unidos.

- Os jogos preparatórios deram uma visão de uma equipe que pode fazer um bom jogo, que está em um estágio interessante no início. Mas a perda do Edigar pode representar alguma perda estrutural de equipe importante. Ou não. O jogo vai dizer. O Allione é um grande jogador, extremamente técnico, embora as características sejam diferentes. É um jogador mais articulador que atacante. Justamente esse atacante hoje, dentro do grupo, nós temos alguns jogadores com essa característica, mas não com a maturidade do Edigar, não com o momento, o respeito, o estágio que ele está dentro do Bahia. Então, existe o trabalho para conduzir alguém, ou o encaixe que a equipe possa dar respostas importantes.

Quanto ao adversário, Guto vai ter pela frente uma equipe que está em plena atividade na temporada. O Fortaleza já disputou duas partidas pelo Campeonato Cearense e venceu as duas, entre elas um clássico contra o Ceará. Em início de trabalho e diante de um rival com mais ritmo de jogo, Guto acredita que não é justo que seja criada uma pressão por vitória nesta quinta.

- A gente vai enfrentar uma equipe competitiva. O fato de ganhar o clássico deixa eles com muita moral. Mas, hoje, o estágio que o Bahia está, principalmente no primeiro semestre, onde o Bahia é um dos grandes, sempre vai ter que jogar para fazer valer da sua condição de grande. Então, nós temos que jogar sempre fazer o nosso melhor, independente de quem. É assim que a gente tem que pensar. Agora, a pressão na medida. Não acima da medida. Não encarar como isso ou aquilo. É uma partida de início. Logicamente, é bom causar uma boa impressão, mas se, por ventura, não acontecer, existe um estágio para atingir essa condição de um jogo vistoso, em que a equipe tem que ser extremamente competitiva e mostrar muito mais - opina o técnico do Bahia.

Confira outros trechos da entrevista coletiva do técnico Guto Ferreira:

PARTE FÍSICA

- Ideias de planejamento eu tenho. Mas eu acho que cada momento é o seu momento. E tudo passa por efetivações. Você vai para o jogo numa situação em que você tem que efetivar alguns jogadores. Nós não vamos levar alguns jogadores para essa partida, vamos deixar jogando. Não que estejam mal, mas para chegar a um nível de aperfeiçoamento maior. Nós vamos ter que revezar. Competição quarta e domingo, se eu não estiver errado, até a parada do carnaval não tem nenhuma semana cheia. Em alguns momentos, nós vamos ter que rodar. Rodar um, dois, três, dez. Rodar banco, para que todos treinem. Agora, quando será esse momento, cada jogo é um jogo.

ANSIEDADE

- Normal. Essa ansiedade tem que ser dos outros. Logicamente, todo mundo quer causar uma boa impressão. Mas essa boa impressão não vai resolver o trabalho. O trabalho é sequência, é repetição. É uma série de situações que você vai exercitando no dia a dia. Têm equipes que começam bem e terminam mal, outras que começam mal e terminam bem. E têm equipes que conseguem começar bem e terminar bem, que é o ideal e que nós buscamos. Mas cada jogo é um jogo. Não coloco como a imprensa procura rotular situações, de colocar que cada jogo uma ênfase. Respeito o trabalho de vocês, mas nós não podemos estar pensando dessa maneira. Nós temos seis jogos para classificar. Vencendo lá, nos dá uma condição muito boa sim. Mas, se não vencer, também não é terra arrasada. Entende? Nós não podemos, de início, colocar pressão onde não existe. Nós vamos trabalhar pensando em vencer cada jogo, mas sem colocar em demasia situações que não existem na competição. Nós vamos para lá para fazer o melhor.

MENOR PRESSÃO POR JOGAR FORA

- Nem pensei nisso. Nem eu, nem os jogadores. Fizemos partidas fora também. Esse negócio de ansiedade, no estágio que está, em um nível que está a equipe, possa ser que aconteça. E aí vou detectar. Mas, até o momento, não detectei essa ansiedade. E Deus queira que não tenha. Que a gente possa fazer um jogo confiante, tranquilo.

O JOGO

Fortaleza x Bahia, Copa do Nordeste;
Local: Castelão, Fortaleza-CE;
Horário: 21h30 (de Salvador);
Time titular: Jean, Eduardo, Tiago, Jackson e Armero; Juninho e Renê Júnior, Zé Rafael, Régis e Allione; Hernane;
Desfalques: Edigar Junio, Feijão e Yuri se recuperam de lesão.
Arbitragem: Gilberto Rodrigues Castro Junior apita o jogo, auxiliado por Marlon Rafael Gomes de Oliveira e Francisco Chaves Bezerra Junior. O trio é de Pernambuco.

Fonte: Ge.com