Pressão para o Bahia: acesso à Série A e Fazendão sob ameaças
Transcons e justiça são graves problemas
“Uma mentira repetida mil vezes continua a ser uma mentira. Grande ou pequena. Mentira. E mostra o caráter ou falta de caráter de quem a lança. Sou provocado a explicar o que não afirmei. Hoje é “aspa” sem contexto. Semana passada inventaram técnico. “Polêmica” sobre Bahia (e Vitória) só sai lá. Porque informação... Credibilidade... Todos no Bahia acreditam, querem e lutam pelo acesso à Série A. É a grande meta da temporada. É o desejo de todo tricolor. Tricolor de verdade”.
Durante os debates no Seminário Nacional de Esporte, em Salvador, ao ser questionado sobre o futuro patrimonial do Bahia, o presidente surpreendeu com uma declaração, revelando a existencia de um impasse, um imbróglio que envolve a Cidade Tricolor, em Dias D’Ávila, e o Centro de Treinamentos do Fazendão, no Alto de Itinga, a Construtora OAS, e a necessidade urgente de uma solução, que ameaça diretamente a sede do Fazendão, e a necessidade imediata de uma ação administrativo-financeira para a solução do impasse.
A versão “jornalisticamente” reduzida da declaração original do presidente do Bahia, Marcelo Santana, durante sua participação no 7º Seminário Nacional de Esporte, Justiça Desportiva e Direito Desportivo Trabalhista realizado no último final de semana, - “Hoje, é muito mais importante resolver a questão do Fazendão do que subir para a primeira divisão. Subir temos chance todo ano e o Fazendão é só agora para não perdermos” - correu como rastilho de pólvora na rede social, provocando críticas e revolta na torcida Tricolor.
O problema, a luta pela Série A e suas dificuldades são conhecidas por todos. Com 48 pontos conquistados em 30 jogos, com apenas 53.3% de aproveitamento, o time Tricolor terá que conquistar, pelo menos, mais 16 pontos, 5 vitórias e um empate, em 8 partidas que restam, para chegar ao número mínimo de 64 pontos, dentro das previsões dos sites de prognósticos, para garantir uma das quatro vagas do G-4 para a 1ª Divisão em 2016.
Mas o presidente Marcelo Sant’Ana poderia também aproveitar sua página na rede social para explicar que tipo de problema ameaça a sede do clube, o Centro de Treinamentos no Alto de Itinga, em Salvador. É só financeiro, judicial, que embora ele não tenha feito uma comparação direta, deixou sim, dúvidas, sobre as prioridades do Tricolor neste final de ano.
Transcons e justiça são graves problemas
Com a desapropriação da sede social da Boca do Rio, o Bahia recebeu da Prefeitura de Salvador R$ 40 milhões em Transcons (Transferência do Direito de Construir), moeda imobiliária, no final do primeiro semestre deste ano. Desse valor, cerca de R$ 12 milhões foram para quitar dívidas como IPTU, ISS e a demolição da sede de praia. Do saldo, aproximadamente R$ 28 milhões, a direção Tricolor teria que gastar quase 60% com acordos firmados anteriormente com a Construtora OAS, e a partir de julho deste ano, teria cerca de 200 dias para transferir os R$ 13,6 milhões em Transcons.
O acordo inicial era para o Bahia receber a Cidade Tricolor, construída em Dias D’Avila pela OAS, e transferir para a Construtora o terreno do CT do Fazendão. Mas ainda no final da gestão do presidente Fernando Schimidt, em novembro de 2014, foi assinado um novo acordo, para que o Fazendão fosse devolvido ao Bahia e que, em contrapartida, a Cidade Tricolor fosse comprada por R$ 13,6 milhões em Transcons, mais R$ 10 milhões pagos em parcelas de R$ 1 milhão por ano. Mas o envolvimento da OAS na Operação Lava Jato, mudou os rumos, os caminhos da negociação.
“Como foi amplamente noticiado, a empresa está em recuperação judicial. A gente continua tratando com a OAS para encontrar a melhor saída. Não vamos desembolsar esse valor (os 13,6 milhões em Transcons) sem ter antes a garantia da transferência do patrimônio. É importante, antes de tudo, ter a autorização do juiz que está acompanhando o processo”, explicou o vice-presidente Pedro Henriques.