Postado por - Newton Duarte

Sexo, praia, samba e futebol: As relações do Técnico do Shakhtar com o Brasil

Sexo, praia e samba: como foi a primeira vez do técnico do Shakhtar no Brasil

O romeno Mircea Lucescu lidera a legião brasileira no Shakhtar Donestk

Sexo, drogas e rock`n roll. Ou melhor, sexo, praia e samba - não se esquecendo, claro, do futebol

Para o treinador do Shakhtar Donetsk, Mircea Lucescu, essa é a essência da relação de amor e ódio que mantém com o Brasil. No comando do time ucraniano desde 2004, ele já esteve no país nos anos 60 e 70 e retorna agora entre os dias 8 e 27 de janeiro para um tour que incluirá amistosos contra Bahia, Flamengo, Atlético-MG, Cruzeiro e Inter. Ao longo de todo esse período, o comandante romeno teve momentos de felicidade e frustração com os brasileiros.

Foram diversos títulos, mais de 20 atletas contratados e quase 500 gols marcados pelo grupo. Ao mesmo tempo, episódios como o que chamou Bernard de "jogador de Twitter", criticou o profissionalismo de Wellington Nem e da ameaça de abandono de contrato pela legião brasileira em meio à crise da Ucrânia fizeram o técnico colocar em dúvida a sua aposta no país.

Ao todo, são hoje 13 atletas carregando a bandeira verde e amarela no elenco, dois intérpretes à disposição e um olheiro local. Mas ainda mais importante que todos esses números, a presença no banco de reservas do Shakhtar de um treinador que não faz segredo sobre a sua paixão pelo Brasil.

"O Lucescu costuma dizer que uma vez fez uma turnê no Brasil com a seleção da Romênia e se apaixonou pelo futebol nacional. Por isso ele gosta tanto da gente. Além disso, os brasileiros que ele comandou sempre o ajudaram a conquistar vitórias e títulos e são boas pessoas. Ele inclusive fala português muito bem. Quando tem reunião do time, ele fala em português e o tradutor fala em russo para o resto do elenco", relembra o centroavante Luiz Adriano ao ESPN.com.br.

Luiz Adriano e seus ex-companheiros talvez estranhem e até custem a acreditar. No entanto, o mesmo treinador que carrega no dia-a-dia uma feição fechada e proíbe música nos vestiários também já teve os seus dias de diversão na noite brasileira.

Em 1967, um agente amigo do ex-presidente da Fifa, João Havelange, intermediou os contatos para que Lucescu e seus colegas da seleção romena disputassem uma série de amistosos Brasil afora, ao longo de mais de um mês. Sem grande conforto, a equipe desbravou o País de Porto Alegre a Fortaleza. O atual comandante do Shakhtar, contudo, quase ficou de fora.

"Tinha 22 anos na época e vinha de um jogo contra a República Democrática do Congo pouco antes do Natal. Fui obrigado a aguardar por três dias em Dakar (Senegal) até que meu visto saísse e pudesse me juntar aos demais. Foi uma experiência extraordinária", afirmou à revista francesa France Football.

Ainda hoje, aos 69 anos, Lucescu guarda as recordações de como se sentiu ao entrar em contato com uma cultura, segundo ele, tão diferente da sua.

"Para um jovem jogador como eu, vindo da Romênia para um país como aquele, você pode imaginar a minha empolgação e como me senti. Descobri ali a essência de cada brasileiro: futebol, samba, praia e sexo. E compreendi por que isso era mais do que suficiente para eles viverem bem. Tudo girava em torno disso. E não se esqueça da cerveja número 1 do país, a Brahma Chopp", se diverte.

Mais de um mês viajando pelo Brasil acabou não sendo suficiente, entretanto, para o ex-técnico da Inter de Milão e de Ronaldo Fenômeno. Pouco antes do Mundial de 1970, ele e seus companheiros estiveram de volta para disputar um torneio amistoso ao lado de Flamengo, Vasco e Independiente-ARG. No Rio de Janeiro. Em pleno verão. E durante o carnaval. Um pouco demais para a concentração de Mircea Lucescu, capitão romeno. O resultado, ainda assim, acabou não sendo dos piores.

Depois de estrear com uma goleada de 4 a 1 para o Flamengo de Doval, Fio Maravilha e companhia, venceram o Vasco por 2 a 0 e o Independiente por 3 a 0. Arrebataram o segundo lugar no campeonato conhecido como Torneio Internacional de Verão do Rio de Janeiro e, de acordo com Lucescu, o prêmio de melhor jogador foi parar em sua bagagem.

"Foi no Maracanã durante o carnaval, quando tudo para e nada mais parece importar. Me recordo de ter sido votado o craque da competição pelo jornal O Globo. Ainda tenho o troféu em casa até hoje", diz.