Postado por - Newton Duarte

Shakhtar mostra respeito, mas desconhece time tricolor

Rival mostra respeito, mas desconhece time tricolor

Europeus fizeram reconhecimento na Fonte na quina-feira - Fernando Amorim | Ag. A Tarde

Talvez tenha sido diferença cultural. Talvez, timidez. Ou então pode ter sido receio de não saber o que dizer sobre Salvador e o Bahia, local e adversário da abertura da série de cinco amistosos que o Shakhtar Donetsk fará no Brasil.

O fato foi que a parte forasteira do time ucraniano, que desembarcou ontem às 10h na capital baiana, veio de cara fechada e evitando declarações. No entanto, o  Shakhtar tem 13 jogadores brasileiros. Esses, sim, foram solícitos com torcedores e imprensa e pregaram respeito ao Bahia.

No discurso padronizado, frases sobre "a grande torcida e tradição" do Tricolor. Porém, era na hora de pormenorizar o conhecimento sobre o adversário  que a turma entregava não ter  ideia de quem enfrentará nesta sexta-feira, 16, na Fonte Nova.

Do elenco do Bahia, o atacante Taison só conhecia o zagueiro Titi. Eles têm a mesma idade, são gaúchos de Pelotas e, em 2007, começaram a carreira no Internacional. Taison, que faz aniversário amanhã, é 54 dias mais velho que Titi, que faz 27 anos em 12 de março.

"Somos amigos há muitos anos. Nesta semana, Titi até brincou comigo, pedindo para eu pegar leve no jogo", declarou o atacante, aos risos.

Mas, quando questionado se conhecia outro atleta do Bahia, Taison respondeu: "Conheço o time deles, sim (longa pausa)... Tem o Henrique, atacante". Ao ser informado que ele já deixou o  Bahia, emendou: "Xi, então não sei".

O também atacante Dentinho, revelado pelo Corinthians, após fazer elogios à "histórica força do Bahia diante de sua torcida" e, na sequência, receber o  questionamento sobre o que sabia do time atual, saiu-se com a resposta: "Marcelo Lomba é um grande goleiro. Ele ainda está no Bahia, né?".

Ao ouvir  que Lomba acabou de ser negociado com a Ponte Preta, Dentinho devolveu: "Até o começo do ano, então, ele ainda era do Bahia. Dá para ser considerado do time atual. Está vendo aí que eu sei?".

Discurso sincero

Outros atletas foram diretos ao ponto. Ex-Fluminense, Wellington Nem, mais um da linha ofensiva ucraniana, declarou: "Não conheço o time atual do Bahia, pois mudou muito desde a última vez que eu o enfrentei. Mas sei que é um grande clube, só que está vivendo um momento difícil".

O meia Bernard, camisa 20 do Brasil na Copa-2014, emendou: "Não conheço este time do Bahia, mas quando o enfrentei pelo Atlético-MG, era sempre jogo duro".

As declarações, porém, remetem a outra questão: a freguesia tricolor nos duelos com os jogadores do Shakhtar.

Taison nunca pegou o Bahia. Bernard, em três partidas, empatou duas e venceu uma. Wellington Nem ganhou os dois duelos que fez. Já Dentinho tem na ponta da língua o único dia que encarou o Tricolor. "Disso, eu lembro bem. Foi um grande jogo, em Feira de Santana, pela Série B de 2008. O Corinthians venceu por 3 a 0 e eu marquei dois gols".

Tradicional, Shakhtar é o mais brasileiros dos clubes europeus

  • O adversário desta sexta do Bahia encara nesta sexta é o atual pentacampeão ucraniano. No campeonato nacional, desde a temporada 1991/92 – após o fim da União soviética –, já são nove títulos conquistados.
  • Mais vitorioso, só  o Dínamo, da capital Kiev e dono da maior torcida do país, que tem 13 conquistas, mesma quantidade de vezes que levantou o troféu do extinto Campeonato Soviético, de que também é recordista. Já o Shakhtar obteve  quatros Copas e uma Supercopa da União Soviética entre as décadas de 60 e 80.
  • Em âmbito continental, o clube também demonstra sua força. Ganhou a Liga Europa em 2009. Agora, sonha com a Liga dos Campeões. Enfrentará o poderoso Bayern de Munique nas oitavas de final, a partir de 17 de fevereiro.
  • A evolução do Shakhtar neste século foi consolidada após o homem mais rico da Ucrânia, Rinat Akhmetov, tomar posse da agremiação,  em 1996.
  • Outro marco do clube  foi em 2004, quando o ex-jogador romeno Mircea Lucescu se tornou seu treinador. Admirador do estilo de jogo do Brasil, ele liderou o projeto do Shakhtar de contratar brasileiros, em especial meias e atacantes.
  • Treze brasucas atuam pelo clube. Destaque para Douglas Costa, Bernard, Taison e Luiz Adriano, artilheiro da Liga dos Campeões, com nove gols.
  • Devido aos conflitos separatistas na região leste do país, na fronteira com a Rússia, o Shakhtar deixou Donetsk e manda jogos em Lviv, no extremo oeste, a mais de 1.000 km.