Postado por - Newton Duarte

Sindicato: técnico alertou engenheiros do Itaquerão

Sindicato: técnico alertou engenheiros do Itaquerão que guindaste não estava seguro para operar

Antônio de Sousa Ramalho, presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil de SP

Antônio de Sousa Ramalho, presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil de SP

O presidente Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil de SP, Antonio de Sousa Ramalho, afirmou nesta quinta-feira que um técnico de segurança das obras do Itaquerão alertou os engenheiros responsáveis que as condições para o guindaste operar não eram as mais seguras. Na última quarta-feira, dois operários morreram após a máquina tombar sobre a ala leste do futuro estádio do Corinthians.

"Às oito horas da manhã, o técnico de segurança achou que a máquina não estava segura. A base de sustentação não era o suficiente para levantar a carga, ele achou. E chamou o engenheiro de segurança para alertar que isso não ia dar certo. O engenheiro de segurança chamou o engenheiro de produção para falar do problema. Segundo o que o técnico me contou, o engenheiro de produção disse: ‘Olha, você cuida da segurança, não cuida da engenharia civil. Isso quem faz sou eu. Pode ficar tranquilo que sustenta, sim'. Eles dizem que isso foi inclusive documentado, vamos ver o que eles dizem", relatou ele.

O presidente do sindicato só recebeu a informação do técnico depois da tragédia, quando foi entender o que tinha acontecido. "Não foi pior porque as pessoas estavam almoçando e porque o barulho alertou as pessoas."

Os nomes dos envolvidos na denúncia estão sendo preservados para evitar uma possível punição. O sindicato - que representa apenas os funcionários terceirizados da obra - ainda prometeu organizar uma greve caso a Odebrecht, responsável pela construção do estádio, realize qualquer ato de retaliação contra o funcionário que passou as informações.

A empresa afirmou que irá investigar o que ocorreu assim que receber a denúncia oficialmente. Segundo Sousa Ramalho, se a versão for confirmada, o engenheiro de produção vai responder criminalmente pelo ocorrido.

Sindicato trata denúncias de 'excesso de trabalho' com cautela
Sousa Ramalho também disse que já recebeu várias denúncias sobre irregularidades no canteiro de obras do estádio - a maioria por "excesso de trabalho". O presidente, no entanto, disse que sempre teve cautela com o assunto por causa da felicidade dos trabalhadores.

"Tem muito corintiano aqui, né? Eles gostam de trabalhar muito para estádio deles. Tem festa todo dia, churrasco todo domingo. Eles trabalham várias horas a mais por dia e não se importam".

Segundo o sindicato, as famílias dos operários Fábio Luiz Pereira, 42 anos, e Ronaldo Oliveira dos Santos, 44, receberão indenização de R$ 50 mil cada pela tragédia. Caso resolvam entrar com uma ação na Justiça, o valor pode chegar a até R$ 800 mil.

Diretor de outro sindicato desconhece versão da falta de segurança

Diretor do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias e Infraestrutura de São Paulo - que representa aproximadamente 800 funcionários - Flávio Ferreira afirmou desconhecer a versão apresentada por Sousa Ramalho

"A gente acompanha aqui desde o pontapé da obra. A gente sempre pedia a manutenção do que os trabalhadores reclamavam. Eu desconheço completamente o que o outro sindicato está falando. Nós não soubemos de nada. A gente vai apurar, claro. Não sabemos quem é o culpado. Pode ser a máquina, pode ser erro humano. Pode ser um monte de coisas. Vamos saber alguma coisa hoje à tarde", afirmou. 


Fonte e foto: Camila Mattoso/ESPN.com.br