Postado por - Newton Duarte

Soares comemora vantagem na final e exalta mudança de postura do Bahia

Treinador do Bahia concede entrevista exclusiva para o GloboEsporte.com e fala sobre a evolução do time tricolor até a chegada à final do Campeonato Baiano

O Bahia iniciou a temporada 2015 de um jeito que há muito tempo seu torcedor não via. Aqueles que pediam um time ofensivo, desses que dá gosto de ver, foram atendidos. Sob o comando do técnico Sérgio Soares, quem assiste à partida da arquibancada aprendeu a respirar fundo e esperar até o apito final para, só então, acreditar em uma possível derrota. 

Finalista da Copa do Nordeste e do Campeonato Baiano, o Tricolor emplacou dois meses sem derrota, jejum que foi finalizado na última quarta-feira, diante do Ceará. Neste domingo, no entanto, o desejo do técnico Sérgio Soares é fazer diferente do que foi realizado no último duelo - no resultado, ao menos. Em Vitória da Conquista, o treinador vai comandar sua equipe diante do time que leva o nome do município, adversário dono da melhor campanha da fase de grupos do estadual. No Lomanto Júnior, o Bahia vai ter que dar conta de um rival difícil, que impôs derrota ao Tricolor na estreia do Baianão.

Para esta missão, o Esquadrão deve ter a inteligência de quem sabe utilizar o regulamento a seu favor. Essa é a visão do técnico Sérgio Soares. Um dia antes da primeira partida da final, o GloboEsporte.com traz uma entrevista exclusiva com o treinador, que afirmou que o fato de poder jogar por dois empates ou dois jogos com saldo de gols igual será importante para a equipe da capital. Mas isso não significa que o Tricolor mudará de postura nos dois jogos contra o Vitória da Conquista. De acordo com ele, o regulamento é importante, mas só deve ser utilizado caso haja necessidade.

- Ter vantagem em uma final é sempre importante. Se, de repente, em algum momento das duas partidas, você tiver necessidade de usar essa vantagem, você tem que usar, porque você fez durante o campeonato para ter essa vantagem. Então você não pode menosprezar - disse o treinador.

Durante a conversa, Soares ainda elogiou a equipe adversária na luta pelo título e afirmou que o Vitória da Conquista tem um time consistente e destacou jogadores como Tatu e Paulo Almeida. O técnico do Bahia lembrou também que o time de Evandro Guimarães está bem diferente daquele que derrotou o Tricolor na estreia do Campeonato Baiano.

Confira abaixo a entrevista completa com Sérgio Soares

Dez jogos, sete triunfos e apenas duas derrotas. Que avaliação você faz dessa campanha do Bahia no Campeonato Baiano?
- É uma campanha satisfatória, em que a equipe foi, ao longo da competição, se encaixando e teve bons resultados e boa performance. Foi uma equipe que cresceu ao longo da competição.    

Apesar de ser uma campanha sem sustos, houve algum momento, por algum fator, seja técnico ou físico, em que você teve alguma preocupação maior?
- Quando ficou jogo em cima de jogo, ficou uma preocupação, porque a gente teve que começar a dar uma rodada no elenco para que não houvesse um desgaste muito grande. Mas foi uma preocupação mais nesse sentido, de a gente não diminuir a nossa produtividade.   

Sérgio Saores comanda treino de bola parada no Bahia (Foto: Felipe Oliveira/EC Bahia/Divulgação)

O Bahia não conquista um bicampeonato estadual desde 1994. São mais de 20 anos. Você acha que, apesar desse grupo não ter nenhum tipo de dívida por conta disso, isso é ou pode ser um peso a mais?
- Acho que não. A gente respeita a história do clube, isso aí você tem que respeitar. O torcedor faz parte dessa história e conviveu com essa questão de conquistas seguidas, de bicampeonato. Agora, a gente tem a nossa responsabilidade de buscar o título e, consequentemente, conquistar esse bicampeonato para o nosso torcedor.    

Você acha que a ausência do maior rival do Bahia dá a vocês uma responsabilidade maior? Muita gente diz que o Bahia tem obrigação de ser campeão, mas dentro de campo sabemos que é diferente. O que você pode dizer disso?
- Acho que a responsabilidade é a mesma. A partir do momento que chegamos aqui, estamos trabalhando em uma instituição grandiosa, então você já tem a responsabilidade de estar defendendo essa camisa.  

Conquista, assim como Jacuipense, foi um dos times que venceu o Bahia no estadual. O que você conhece desse time? Jogadores experientes como Viáfara, Paulo Almeida. O que você sabe desse Conquista?
- A gente conhece bem. Agora não tem novidade para ninguém. Tanto lá, quanto cá. A equipe realmente é bem treinada, mudou um pouquinho desde o começo, desde o nosso jogo. Entrou o Tatu, que é um atacante de referência, tem o Paulo Almeida, que não estava em nosso jogo. Está jogando com mais consistência, é um time que tem um lado direito forte pelas laterais. Então hoje é um time consistente e pegador. É um adversário que chega à final com méritos, assim como nós.   

O fato de o Bahia jogar com o regulamento a seu favor é importante? Na última vez que teve a vantagem, isso pesou a favor em favor do Bahia em 2012. Você vê isso como algo de fato muito importante?
- Ter vantagem em uma final é sempre importante. Se, de repente, em algum momento das duas partidas, você tiver necessidade de usar essa vantagem, você tem que usar, porque você fez durante o campeonato para ter essa vantagem. Então você não pode menosprezar.  

O Conquista e o Juazeirense foram os times que mais te impressionaram no Baiano?
- E o Colo Colo também me chamou atenção. Vi os dois jogos do Colo Colo, principalmente contra o Vitória. No jogo em que eles perderam de 2 a 1 jogando em casa, eles foram muito bem, apesar do resultado negativo. E, no campo do Vitória, também fizeram um grande jogo. Foram esses times que me chamaram atenção pela força do conjunto.

Soares elogia desempenho do Colo Colo no Baianão (Foto: Thiago Pereira)

O que você apontaria como o diferencial do Bahia?
- O Bahia tentou implantar uma questão de marcação alta, uma transição rápida, fugindo um pouquinho do que vocês estavam acostumados a ver aqui. Acho que esse é o ponto alto do Bahia, de ter jogadores de qualidade para jogar, e esses mesmos jogadores de qualidade terem o comprometimento de apertar essa marcação para ficar com a posse de bola.